O líder da Frente Patriótica Unida (FPU) tem a certeza de que a sua liderança vai vencer as eleições gerais do próximo ano. Adalberto Costa Júnior fez a afirmação hoje, na cerimônia do relançamento da FPU.
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A agenda de trabalho da aliança da oposição tinha sido suspensa por causa do acórdão do Tribunal Constitucional que anulou o congresso da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), realizado em 2019.
A Frente Patriótica Unida (FPU), plataforma política que congrega os partidos UNITA, Bloco Democrático e o projeto PRA-JA Servir Angola, está de "volta e mais forte" para a alternância política, disse a organização na sua declaração de relançamento.
O presidente da UNITA e líder da FPU, Adalberto Costa Júnior, disse estar a ser "injustiçado e perseguido" pelas instituições do Estado angolano. Para o político, o próprio acórdão que o afastou da liderança do Galo Negro em outubro é prova de que o regime "está esgotado" e recorre a tribunais para criar instabilidade em Angola.
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FPU prepara-se para governar
Por isso, o presidente da UNITA acredita numa vitória nas eleições gerais de agosto de 2022. "Hoje mais do que nunca, os angolanos mostram a sua firme decisão de mudança. Habita-nos a certeza de que em 2022 vamos vencer as eleições", disse Costa Júnior, acrescentando: "Esta é uma onda contagiante e visível em todo o território nacional." O político manifestou ainda a convicção de que o povo não vai permitir a fraude eleitoral.
Costa Júnior tentou mobilizar os angolanos em prol da aliança da oposição. "A FPU quer apelar a todas as mulheres, às mães deste país, a toda a juventude, essa juventude que se sente frustrada, desamparada, sem perspetivas de futuro, sem emprego, vítimas de uma educação de pouca qualidade, e muita dela sem ter tido acesso à escola, essa juventude que não tem emprego ou vive na informalidade".
O presidente do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes, afirma que a Frente Patriótica Unida prepara um programa comum de Governo e uma estratégia de trabalho na Assembleia Nacional para o período após às eleições gerais.
Promessas de mudança profunda
"Nada disso pode acontecer sem o concurso pleno da sociedade angolana de todos os setores" disse Vieira Lopes, que prometeu que um Governo da FPU estaria "verdadeiramente preocupado com os problemas do povo e o progresso da nação".
Para Abel Chivukuvuku, coordenador do PRA-JA Servir Angola, 2022 será o ano que definirá o destino dos angolanos. O político pediu a confiança dos eleitores. "Nós é que temos que fazer a alternância", disse. E acrescentou que, se ao fim de cinco anos no Governo a FPU não tiver cumprido as suas promessas, "tereis a oportunidade, em 2027, de nos pôr na rua".
No seu ato de reafirmação, a FPU considerou que 2021 foi o ano do reforço do autoritarismo, acusando o partido no poder de colocar exclusivamente a seu serviço os órgãos da Justiça, entre os quais o Tribunal Constitucional, bem como a "captura" da imprensa estatal.
Angola: Conheça o Mural da Resistência em Luanda
Uma nova intervenção urbana foi inaugurada em Luanda, com pinturas em homenagem a personalidades importantes da história recente de Angola. Veja o Mural da Resistência, do pintor Zbi de Andrade, nesta galeria de fotos.
Foto: Manuel Luamba/DW
Mural da Resistência
Este é o nome do novo mural localizado nos arredores de Luanda. O espaço pintado pelo artista Zbi de Andrade contém rostos de activistas, políticos e académicos que defendem um país cada vez mais democrático. Uma cerimonia organizada pelo site Observatório de Imprensa homenageou as pessoas retratadas.
Foto: Manuel Luamba/DW
Manuel Chivonda Nito Alves
Manuel Chivonda Nito Alves é um activista angolano que se notabilizou nos protestos de rua que começaram em 2011. Em 2013, com apenas 17 anos, foi acusado de difamar o ex-Presidente José Eduardo dos Santos. Foi espancado e detido por várias vezes pela polícia. É um dos activistas detidos em 2015 no caso conhecido como "Processo dos 15+2".
Foto: Manuel Luamba/DW
Laurinda Gouveia
Laurinda Gouveia é uma activista angolana que também se notabilizou por organizar e participar manifestações de rua, exigindo melhores condições de vida à população. Gouveia é integrante do Odjango Feminista e defende a igualdade de direitos. A sua veia reivindicativa acabou por levá-la à cadeia por inúmeras vezes. Também foi condenada no "Processo dos 15+2".
Foto: Manuel Luamba/DW
Rosa Conde
Rosa Conde também foi detida e julgada no âmbito do Caso 15+2 - quando 17 ativistas foram acusados de tentativa de golpe de Estado. Com "sangue" de Cabinda, foi um dos rostos que, em 2016, lideraram os protestos contra o assassinato de Rufino António - morto a tiros alegadamente por um militar do PCU durante as demolições no bairro do Zango.
Foto: Manuel Luamba/DW
Filomeno Vieira Lopes
Filomeno Vieira Lopes é um conhecido político e economista angolano. Já foi espancado por várias vezes em manifestações de rua. Atualmente é o presidente do Bloco Democrático, uma formação política derivada da Frente Para Democracia (FPD), associada a intelectuais angolanos. O BD é um dos integrantes da Frente Patriótica Unida, aliança de oposição que visa à alternância de poder em 2022.
Foto: Manuel Luamba/DW
William Tonet
William Tonet é um jornalista e jurista angolano. Um dos pioneiros do surgimento da imprensa privada em Angola. Com a institucionalização do multipartidarismo, Tonet surgiu com o bissemanário Folha 8, um jornal critico ao regime. "Chefe indígena", como é chamado, Tonet deve ser o jornalista angolano em atividade com mais processos judiciais.
Foto: Manuel Luamba/DW
Luís Nascimento
Luís Nascimento é um jurista e advogado angolano. Foi um dos cidadãos que exigiram a destituição de Isabel dos Santos da chefia da petrolífera estatal Sonangol em 2016. Foi o advogado da família de Rufino António, adolescente morto alegadamente pelas forças de segurança nas demolições no Zango. Nascimento foi um dos candidatos derrotados na última convenção do Bloco Democrático.
Foto: Manuel Luamba/DW
Nelson Pestana "Bona Vena"
Nelson Pestana "Bona Vena" é um académico e político angolano. Conhecido por ser um "homem das letras", Bona Vena é ligado ao Centro de Investigação Cientifica da Universidade Católica de Angola e ao Centro de Estudos Africanos. É político do Bloco Democrático.
Foto: Manuel Luamba/DW
Fernando Macedo
Fernando Macedo é um ativista e professor universitário angolano. Reconhecido por muitos pela integridade, Macedo é um dos fundadores da Associação Justiça Paz e Democracia. O ativista é profundamente critico ao antigo e ao actual regime angolano. Em 2018, Macedo foi um dos organizadores de um protesto contra a amnistia de cidadãos que desviaram fundos públicos para o estrangeiro.
Foto: Manuel Luamba/DW
Luís Araújo
Luís Araújo fundador e coordenador da SOS Habitat, uma ONG que defende e promove o direito à habitação em Angola. Em 2016, o ativista angolano teve projeção ao defender que a remoção do que chamou de "ditadura angolana" é uma necessidade. Em 2005, Araújo e mais dez pessoas foram julgados pelo Tribunal Provincial de Luanda, acusados de incitamento à violência. Vive há anos na Europa.