Ainda na noite das eleições, Merz comunicou telefonicamente com vários chefes de Governo europeus. Um deles foi o Presidente francês Emmanuel Macron, que entrou em contacto com Merz de seu avião de Governo, a caminho de Washington para um encontro com o Presidente dos EUA, Donald Trump. Mais tarde, Macron deu-lhe os parabéns, através das redes sociais, também em alemão – o que é muito incomum para um Presidente francês.

Objetivo: Unir a Europa

Diante da dramática situação mundial e da quebra de muitas certezas estabelecidas entre os EUA e os europeus, várias perguntas foram colocadas pelos jornalistas a Merz, ontem em Berlim, em alemão e em inglês, por jornalistas dos países bálticos, dos EUA, do Reino Unido e outros. Uma delas: Como vai ser a sua postura em matéria de política externa? "Estou bastante preocupado com as notícias que ultimamente nos chegam de Washington", disse Merz, que criticou a postura de Trump no que diz respeito ao apoio à Ucrânia diante da guerra de agressão russa. Merz sinalizou ainda que a Alemanha vai continuar a apoiar a Ucrânia e quer unificar os europeus nesse objetivo.

Já durante a campanha eleitoral, Merz havia declarado como sua "absoluta prioridade" fortalecer a Europa o mais rápido possível para que, passo a passo, a União Europeia possa realmente "alcançar a independência dos EUA". Sinal disso é o facto dele pretender visitar Paris e Varsóvia no primeiro dia de trabalho para fortalecer a relação especial entre os três países.

Partido conservador de Merz: Resultado modesto, mas suficiente

Embora a União cristã-democrata,CDU/CSU, de Merz tenha obtido um resultado relativamente modesto de 28,52%, ela é o maior grupo no novo Parlamento. Merz pode, sem dúvida, formar uma coligação com os social-democratas, SPD, e tem o mandato para liderar essa mesma coligação.

Friedrich Merz mostrou-se determinado em iniciar rapidamente o processo de formação de um Governo de coligação, afirmando que pretende liderar o próximo Governo federal como chanceler, "o mais rápidamente possível, o mais tardar até à Páscoa". Pois "o mundo lá fora não espera por nós. E também não espera por longas negociações de coligação", sublinhou.

O resultado da eleição para o Bundestag certamente não é motivo de grande celebração para Merz. A bancada da União, a aliança dos dois partidos CDU e CSU, será a maior no novo Parlamento, o 21º Bundestag alemão, mas o resultado não corresponde às expectativas. Repetidamente, o partido e Merz haviam visado um resultado superior a 30%. Agora, será o segundo pior resultado desde 1949, com 2021 sendo ainda pior devido a uma campanha eleitoral desastrosa.

O longo caminho de Friedrich Merz

E, no entanto, essa noite representa o triunfo tardio do político da CDU, Merz, que tem atualmente 69 anos de idade. Em 1994, nas eleições federais, ele começou a sua carreira política com uma grande esperança. Na bancada, ele logo se destacou como um bom e afiado orador. Desde o ano 2000, ele foi líder da bancada da União no Bundestag, tornando-se líder da oposição. Mas mais tarde caiu em desgraça no seu partido, na altura liderado por Angela Merkel, que via nele um concorrente desleal.

Friedrich Merz abandonou temporariamente a política, voltando ao Bundestag, o parlamento alemão, em 2021, alcançando a liderança da CDU em 2022, depois da saída de Angela Merkel.

As origens de Friedrich Merz

O futuro chefe do governo alemão é natural da Renânia do Norte Vestefália, no oeste da Alemanha, mais precisamente da Sauerland – uma região montanhosa no oeste da Alemanha, e na qual ainda vive. Merz é jurista, como seu pai, católico e fã do Borussia Dortmund.