Os conservadores da União Democrata-Cristã (CDU) e Partido Social-Democrata (SPD) assinaram formalmente na segunda-feira (05.05), em Berlim, o acordo de coligação que viabiliza a formação do novo governo alemão, que será liderado por Friedrich Merz.

O documento de 144 páginas, intitulado "Responsabilidade pela Alemanha", estabelece um roteiro político para os próximos quatro anos da coligação entre os dois partidos tradicionais políticos do país.

Friedrich Merz, de 69 anos, toma posse esta terça-feira (06.05) como 10º chanceler da Alemanha moderna, sucedendo a Olaf Scholz, cujo governo caiu no ano passado.

Um governo de reformas e investimentos

Na véspera da sua tomada de posse, Merz prometeu um governo de mudanças, "um governo que está determinado a fazer avançar a Alemanha com reformas e investimentos, um governo que se esforçará por ser fiável desde o primeiro dia, um governo que levará a sério as preocupações das pessoas."

A migração irregular e recessão económica são alguns desafios do futuro chanceler da Alemanha. O novo governo alemão "está determinado a fazer avançar a Alemanha com reformas e investimentos" e promete também "um governo cuja voz é ouvida na Europa e no mundo".

Para tudo isso é preciso "trabalho de equipa”, de acordo com Lars Klingbeil, vice-chanceler e ministro das Finanças do SPD. "Este governo tem de ser bem sucedido. Conseguirá isso com jogo de equipa, com coragem para tomar decisões e com mais confiança nos seus cidadãos", declarou.

"Queremos colocar a Alemanha numa via de crescimento, queremos investir no futuro, queremos garantir uma maior segurança", prometeu ainda Klingbeil.

Investir na defesa e revitalizar indústria

A Alemanha assim como a Europa estão numa corrida para reinvestimentos na defesa, numa altura em que os Estados Unidos de Donald Trump ameaçam cortar o apoio da NATO.

Para além da defesa, o foco do novo executivo alemão será a indústria, para colmatar as clivagens comerciais com os Estados Unidos, segundo o novo ministro das Finanças da Alemanha, Lars Klingbeil: "Queremos fortalecer a indústria, atrair indústrias orientadas para o futuro para a Alemanha e claro estamos a concentrar-nos no Made in Germany."

Na espera política, o grande desafio do próximo executivo será travar a ascensão do partido da extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que acaba de ser classificada como uma organização extremista.

Olaf Scholz de saída

O novo governo deverá ser conhecido esta terça-feira. Antes, a câmara baixa do Parlamento terá de votar Friedrich Merz para chancelaria. Depois da votação, Merz prestará juramento diante do Presidente Frank-Walter Steinmeier.

Na segunda-feira à noite, o chanceler cessante foi homenageado na tradicional cerimónia militar, de passagem de guarda de honra, onde proferiu o seu último discurso como líder do executivo. Olaf Scholz apelou ao respeito pela democracia.  

"Só se o cidadão alemão tiver confiança na democracia e nos seus representantes é que esta democracia pode ser bem sucedida. Ganhar essa confiança foi sempre o meu compromisso político", disse Scholz , para quem a democracia precisa de uma compreensão dos valores comuns, apesar das diferencas de opiniões, origens e convicções. A Alemanha só é forte "se continuar unida", concluiu.