Em Sofala, centro de Moçambique, o principal partido de oposição, a RENAMO, acusa o MDM de expulsar funcionários da administração que apoiaram o partido nas autárquicas.
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Os funcionários em questão já trabalham para o município há bastante tempo. Durante a última campanha eleitoral para as autárquicas apoiaram o maior partido da oposição, Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e o seu cabeça-de-lista Manuel Bissopo, o que alegadamente lhes terá custado o emprego.
Segundo informações prestadas pelo delegado da RENAMO na cidade da Beira, Luís Chitato, em Setembro vários membros da "perdiz", optaram por apoiar o seu partido embora fossem funcionários do conselho municipal, atualmente liderado pelo MDM, o segundo maior partido da oposição no país.
O salário não entra
Cerca de dez apoiantes da RENAMO que ocupam vários cargos, incluindo de chefia, receberam cartas de pré-aviso da rescisão de contratos de trabalho no conselho autárquico. Outros foram mudados de cargos de chefia para simples funcionários. Laurentino Alberto, ex-funcionário do conselho municipal, disse à DW porque participou na campanha eleitoral para as autárquicas: "É o partido que achei que devia apoiar". Um dia depois de dar a cara pelo partido recebeu um pré-aviso de cessação de serviços: "Daí até cá continuo a assinar o livro de ponto. Até aqui não disseram nada. Mas quando o fim do mês chega o salário não entra".
Outro visado, que preferiu não ser identificado, contou à DW: "No dia dez (de Setembro) eu estava a trabalhar a dar a logística aos nossos fiscais da RENAMO e deparei lá com um pessoal do MDM na pessoa do major Chinene". Cinco dias mais tarde, diz, recebeu o pré-aviso.
Demoções fruto de vingança?
Há ainda que tenha sofrido demoções, por exemplo, de um cargo de chefia para auxiliar de serviços. O que tem como consequência a redução do salário mensal, contou um visado à DW África: "É complicado ser marginalizado. Neste momento em que estou a falar estou a receber como um auxiliar".
O conselho autárquico da Beira rejeita as acusações da RENAMO de que a expulsão dos trabalhadores no município que militam naquele partido é uma vingança. José Manuel, o vereador institucional, assegura tratar-se de mudanças internas na edilidade. "Não há nada aqui de vingança. Esses procedimentos vinham sendo feitos mesmo antes do período eleitoral," disse à DW.
Os ciclistas do carvão de Sofala
Produzem-se diariamente mais de 15 toneladas de carvão vegetal em Sofala. Este é transportado de bicicleta para os clientes, percorrendo longas distâncias. O abate descontrolado de madeira está a causar desertificação.
Foto: Gerald Henzinger
Um ciclista de carvão
De distâncias que perfazem até cem quilómetros é transportado carvão de madeira, do interior, para segunda maior cidade moçambicana, a Beira. Este ciclista transporta cerca de 120 quilos de carvão que poderá vender por 650 Meticais (20 Euros).
Foto: Gerald Henzinger
A caminho
Os cerca de meio milhão de habitantes da Beira queimam diariamente 15 toneladas de carvão de madeira. O carvão vegetal é produzido no interior da província de Sofala e transportado de bicicleta até os clientes, o que representa um enorme esforço físico.
Foto: Gerald Henzinger
Bicicletas sobrecarregadas
Normalmente as bicicletas não oferecem lugar para mais de três sacos, se se quiser pedalar. Este transportador colocou seis sacos, ou seja cerca de 300 quilos de carvão, e empurra a bicicleta por detrás, guiando-a com duas cordas amarradas ao volante.
Foto: Gerald Henzinger
Pequenas reparações
As bicicletas usadas em Moçambique vêm habitualmente da Índia e têm uma qualidade duvidosa. Sob o peso do carvão as varetas das rodas partem com facilidade. As distâncias são muitas vezes tão grandes que dificilmente se fazem num dia, os ciclistas dormem por isso na berma da estrada.
Foto: Gerald Henzinger
Paisagem devastada
Não existe um verdadeiro controlo do desmatamento. No interior da Beira já quase não existem árvores. Quase todas elas foram abatidas e transformadas em carvão vegetal. O Governo, em colaboração com as autarquias, tenta travar a destruição ambiental. Agora cada aldeia tem uma cooperativa que distribui concessões aos produtores.
Foto: Gerald Henzinger
Desmatamento avança
Poucos produtores respeitam no entanto as normas. A erosão dos solos e a desertificação são as consequências do abate descontrolado.Torna-se cada vez mais difícil obter madeira para a produção. Não apenas devido aos pequenos produtores do negócio do carvão. Grandes empresas nacionais e internacionais, sobretudo chinesas, derrubam árvores e exportam os troncos.
Foto: Gerald Henzinger
Padre Emílio em Chissunguwe
O padre brasileiro Emílio Moreira defende os interesses dos produtores de carvão vegetal. A sua paróquia abrange as comunidades de Chissunguwe, Njangulo, Nhangau e Casa Partida. Estas comunidades situam-se entre 30 a 40 quilómetros da Beira. A imagem mostra uma visita do sacerdote à comunidade de Chissunguwe, na qual ele procura introduzir a plantação de legumes como alternativa ao carvão.
Foto: Gerald Henzinger
Lenha para carvão
Em lugares como Chissunguwe produz-se o carvão utilizado na Beira. Este monte de lenha arde já há alguns dias e deverá produzir três a quatro sacos de carvão, pesando 50 quilos. A lenha é recolhida a grande distância porque em Chissunguwe há anos que deixou de existir.
Foto: Gerald Henzinger
Nando - Produtor de carvão
Na localidade vizinha Njangulo ainda existe um pouco de floresta. Ali Nando produz o seu carvão vegetal. Desta pilha de lenha poderão resultar cerca de dez sacos de carvão.
Foto: Gerald Henzinger
Pilhas de lenha ardidas
Estas pilhas já arderam na totalidade e o proprietário aperta o último saco de carvão, que de imediato transportará de bicicleta para a Beira. A capital da província de Sofala é a maior cidade do centro de Moçambique e o maior mercado regional para o carvão vegetal.
Foto: Gerald Henzinger
A caminho dos clientes
Fontes de energia alternativas como gás ou electricidade não são acessíveis à maioria dos moçambicanos e, por isso, os produtores de carvão continuam a ter muita procura. Botijas de gás para cozinhar têm de ser importadas da África do Sul, isto apesar de Moçambique exportar gás para o país vizinho.
Foto: Gerald Henzinger
Pilhas de lenha nas serrarias chinesas
Desde o escândalo em torno da exportação de troncos inteiros por empresas chinesas, as mesmas começaram a trabalhar a matéria-prima em Moçambique. Desta forma, podem continuar a abater árvores e a exportar madeira. Os restos das serrarias são aproveitados pelos locais para a produção de carvão.