FSDEA desvaloriza decisão de tribunal sobre Quantum Global
Lusa
4 de agosto de 2018
Conselho de administração lembra que "prosseguem" as ações legais desencadeadas pelo FSDEA em Inglaterra e noutras jurisdições contra a Quantum Global e o empresário suíço-angolano Jean-Claude Bastos de Morais.
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O conselho de administração do Fundo Soberano de Angola (FSDEA) desvalorizou este sábado (04.08) a decisão de um tribunal britânico que, no fim de julho, ordenou o desbloqueamento de 3 mil milhões de dólares que a Quantum Global geria.
Num comunicado a que a agência Lusa teve acesso, a administração do Fundo refere que a recente decisão de um tribunal inglês "configura-se simplesmente num estágio inicial do processo em curso na Inglaterra, que se concentrou, essencialmente, em medidas cautelares provisórias pendentes de julgamento".
"Não se trata, portanto, de qualquer julgamento das reivindicações do FSDEA", lê-se no documento.
A 31 de julho, também num comunicado, a empresa Quantum Global, fundada pelo empresário suíço-angolano Jean-Claude Bastos de Morais - que está a ser investigado pela Justiça angolana no âmbito deste processo -, indicou que os 3 mil milhões de dólares que a empresa geria em representação do Fundo foram desbloqueados por ordem da Justiça britânica.
"Sempre acreditei que a verdade e os factos sobre o nosso trabalho com o Fundo angolano seriam divulgados", afirma o empresário, aludindo à ordem internacional de bloqueio destas verbas e investimentos por parte das autoridades angolanas.
Esforços para garantir transparência continuam
Este sábado, no comunicado do conselho de administração, o Fundo lembra que os esforços para assegurar a transparência na gestão "continuam em pleno vigor", garantindo que "prosseguem" as ações legais desencadeadas pelo FSDEA em Inglaterra e noutras jurisdições contra a Quantum Global, Jean Claude Bastos de Morais e outros.
"O FSDEA continuará vigorosamente comprometido e estará totalmente debruçado na busca de soluções que visem assumir o pleno controlo dos seus recursos em Inglaterra e em todos os outros locais ou jurisdições em que existam ativos financeiros e não financeiros do Estado angolano, atribuídos à gestão do FSDEA - em nome e em benefício do povo angolano", refere-se no documento.
O antigo presidente do conselho de administração do FSDEA, José Filomeno dos Santos, está também a ser investigado pela Procuradoria-geral da República, num processo sobre a gestão de ativos daquela instituição, confirmou anteriormente à Lusa aquela instituição.
Segundo fonte da PGR, a investigação visa "alguns aspetos" da gestão do FSDEA - constituído com 5 mil milhões de dólares injetados pelo Estado - e além de José Filomeno dos Santos, filho do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, envolve igualmente o seu sócio, o suíço-angolano Jean Claude Bastos de Morais, presidente e fundador da Quantum Global, empresa que geria a maior parte dos ativos do fundo, entretanto afastada das funções pelo governo angolano.
Ambos já foram ouvidos neste processo, de acordo com a mesma fonte. José Filomeno dos Santos, exonerado do cargo de presidente do FSDEA pelo novo chefe de Estado angolano, João Lourenço, em janeiro último, foi já constituído arguido este ano, noutro processo, neste caso envolvendo a alegada transferência indevida de 500 milhões de dólares para um banco britânico, entretanto devolvidos a Angola.
Milionários na África Subsaariana
Em muitos países ao sul do deserto do Saara a pobreza segue opressiva. Contudo, o número dos milionários na região nunca foi tão grande, segundo estudo do instituto New World Wealth.
Foto: DW
África do Sul
O país do continente africano com o maior número de milionários é a África do Sul. Entre a Cidade do Cabo e Johanesburgo, vivem 46.800 pessoas de patrimônio líquido elevado, ou "high-net-worth individuals" (HNWIs), e a tendência é ascendente. Para efeito de comparação, na Alemanha, atualmente 1,1 milhão de pessoas dispõem de um capital líquido de 1 milhão de dólares ou mais.
Foto: picture-alliance/dpa
Nigéria
Segundo a revista americana de economia "Forbes", o homem mais rico da África é o nigeriano Aliko Dangote (foto). Sua fortuna, acumulada principalmente com o comércio de alimentos, cimento e petróleo, é estimada em 18,2 bilhões de dólares. Ele é um dos 15.400 HNWIs da Nigéria – a qual, por outro lado, atualmente é um dos países africanos com o maior número de refugiados na Europa.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Von Loebell/World Eco
Quênia
A fortuna dos 8.500 milionários do Quênia equivale a dois terços do desempenho econômico do país – uma quota extremamente elevada. Enquanto esses quenianos mais ricos acumulam, em média, 83 milhões dólares por cabeça, quase metade da população dispõe de menos de dois dólares por dia.
Foto: Fotolia/vladimir kondrachov
Angola
O boom do petróleo em Angola provocou um acentuado crescimento do número dos super-ricos desde a virada do século 21. Atualmente há 6.400 HNWIs angolanos, quase seis vezes mais do que há 15 anos. Lá também vive a mulher mais rica do continente: Isabel dos Santos (foto), filha do presidente José Eduardo, que tem uma fortuna 3,2 bilhões de dólares.
Foto: picture-alliance/dpa
Maurícia
Apesar de só ter 1,3 milhão de habitantes, a República da Maurícia, no Oceano Índico, reúne 3.200 milionários, a taxa mais alta no contexto africano. O setor turístico é o que mais floresce. Além, disso, há anos o Estado insular é conhecido como paraíso fiscal.
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Namíbia
A mineração é o principal setor industrial da Namíbia, responsável por 25% do desempenho econômico total do país. Diamantes são seu principal produto de exportação. Com pouco mais de 2 milhões de habitantes, a ex-colônia alemã tem 3.100 cidadãos com um patrimônio líquido superior a 1 milhão de dólares.
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Etiópia
Novata entre as dez nações com mais super-ricos na África Subsaariana é a Etiópia. Graças a uma relativa estabilidade política e a investimentos estrangeiros, desde 2003 a economia etíope cresce constantemente. Seus milionários chegam a 2.800 – enquanto 30% de seus compatriotas seguem vivendo na pobreza.
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Gana
Ouro, petróleo e cacau em grão são os principais produtos de exportação de Gana, e também fonte da riqueza de um bom número de seus cidadãos. Hoje há 2.700 milionários ganenses, quatro vezes mais do que 15 atrás. Além de matérias-primas, muitos acumularam seu patrimônio nos setores imobiliário e de serviços.
Foto: imago/Xinhua
Botsuana
Há 2.500 milionários vivendo em Botsuana. Principalmente a indústria de diamantes produziu numerosos super-ricos nos últimos anos. Apesar de uma quota elevadíssima de infecções com o vírus HIV e do grande número de desempregados, o país registra a quarta maior renda per capita da África Subsaariana.
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Costa do Marfim
A guerra civil na Costa do Marfim terminou há oito anos, e desde então a economia nacional está em expansão. O país ostenta 2.300 "high-net-worth individuals", cifra que deverá continuar subindo nos próximos anos. O petróleo é o principal fator de crescimento do país.