A noventa minutos do sonho: o 1º de Agosto quer levar o futebol angolano à final da Liga dos Campeões africanos, e pela frente tem o Espérance de Tunes. O jogo decisivo é esta terça-feira, na capital tunisina.
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Angola vai parar esta terça-feira (23.10), quando o 1º de Agosto jogar a segunda "mão" das meias-finais da Liga dos Campeões da Confederação Africana de Futebol. O jogo em Tunes, capital da Tunísia, pode entrar para a história do clube angolano que, contra a expetativa generalizada, está a assinar uma carreira notável na principal competição africana de clubes.
Depois da vitória por 1-0 alcançada no jogo da primeira "mão", no estádio 11 de novembro, em Luanda, os "militares" partem para o segundo confronto com o Espérance motivados, e com razões para isso: conquistaram, este ano, o seu 12º título nacional, sagrando-se tricampeões. Desde 2016 que são dominadores absolutos do principal campeonato angolano, deixando longe a concorrência. Este ano, o Petro de Luanda ficou a três pontos e o Kabuscorp, terceiro colocado, fez menos 13 pontos que o campeão nacional.
Carreira africana quase imaculada
Na Liga dos Campeões, o "D'Agosto" fez nove jogos esta temporada, e perdeu apenas um: a 15 de maio, em Manzini, no Lesoto, com o Mbabane Swallows, por 1-0. Apesar da derrota, o conjunto angolano conseguiu o apuramento na fase de grupos, defrontando, nos quartos-de-final, o TP Mazembe, da República Democrática do Congo, um dos mais reputados emblemas do futebol continental. Depois do empate a zero em casa, foi a igualdade fora a um golo que garantiu à equipa de Luanda a passagem histórica às meias-finais da competição.
Há três semanas, o 1º de Agosto ganhou novo fôlego, ao bater o Espérance por 1-0, na Camama (arredores da capital angolana). Um golo solitário do veterano Buá, a dez minutos do final do encontro, pode ser a chave para a almejada passagem à final. O ambiente adverso no estádio olímpico de Radès, construído para os Jogos Mediterrâneos de 2001 (com 60 mil espetadores) será certamente uma contrariedade, mas a equipa orientada pelo sérvio Zoran Manojlovic (que em Angola também já treinou o Sagrada Esperança) sabe que, se marcar um golo, obrigará o opositor tunisino a ter de vencer para garantir o apuramento.
Uma das potências desportivas de Angola
Fundado em 1977, o Clube Desportivo 1º de Agosto tem no futebol uma das suas modalidades de eleição, com 12 títulos nacionais, quatro Taças de Angola e oito Supertaças. Esta época, conquistou o segundo "tri" da sua história (1979 a 1981 e 2016 a 2018).
Porém, é o basquetebol que domina a vitrine de troféus dos "rubro-negros", com 17 títulos nacionais masculinos e nove femininos, sendo os homens campeões africanos em oito ocasiões e as senhoras em três. De resto, esta é a modalidade desportiva em que Angola tem conseguido, ao longo da sua história, maiores e melhores resultados internacionais, quer a nível de clubes, quer no contexto das seleções nacionais.
A ascensão do Futebol Africano
É cada vez mais frequente ver jogadores africanos em grandes competições e em clubes de grande nomeada. Conheça algumas das pérolas africanas, que brilham ao mais alto nível no futebol europeu
Foto: picture-alliance/ZUMAPRESS.com/Shi Song
Mohamed Salah
Foi o melhor jogador africano, em 2017. O "pequeno egípcio" de 25 anos chegou esta época ao Liverpool e os números são assustadores. 31 golos e 11 assistências, em 37 jogos. Salah vale 40% dos 103 golos marcados pelo Liverpool, até agora. O Mundial de 2018 está à porta e Salah irá representar o Egito em solo russo.
Foto: picture-alliance/dpa/PA Wire/P. Byrne
Pierre-Emerick Aubameyang
Protagonizou uma das grandes transferências do "mercado de Inverno". Aubameyang jogou pelo Borussia de Dortmund durante 4 anos e meio. Marcou 141 golos em 213 jogos. O melhor jogador africano de 2015, representa agora o Arsenal, transferência que elevou Aubameyang ao topo dos jogadores africanos mais caros do futebol mundial. Custou aos ingleses 64 milhões de euros.
Foto: Iimago/Sportimage/R. Parker
Sadio Mané
Está a realizar uma das melhores épocas da carreira. Prova disso foi o 2º lugar na luta pelo prémio de Futebolista Africano do Ano (2017). O avançado senegalês de 25 anos é um titular indiscutível do Liverpool. Em 29 jogos, leva já 13 golos e 7 assistências. Está em crescendo a carreira de Sadio Mané, que vai estar pela primeira vez num Mundial de futebol, pelo Senegal.
Foto: Reuters/M.Childs
Naby Keita
É uma promessa já garantida. Que o diga o Liverpool, que vai desembolsar mais de 50 milhões de euros, para resgatar o médio da Guiné Conacri ao RB Leipzig. Para já, Keita vai espalhando magia pelos relvados da Bundesliga. O "motor" do Leipzig leva 7 golos e 2 assistências em 26 jogos esta época. Números fora do normal para jogadores que atuam como médios.
Foto: Getty Images/B.Streubel
Riyad Mahrez
Foi um dos grandes obreiros de uma das mais bonitas e surpreendentes histórias do futebol mundial. Riyad Mahrez, eleito em 2016 como o melhor jogador africano, é um nome que ficará para sempre nos livros do desporto-rei. O avançado argelino de 27 anos "explodiu" há dois anos, quando conquistou a "Premier League" pelo Leicester City. Apesar do atual menor fulgor, Mahrez continua um craque da bola.
Foto: Getty Images/M. Regan
Bruma
Mais um grande talento que saiu de uma das melhores academias do futebol europeu, Sporting e que brilha no estrangeiro. É o caso do português de origem guineense, Bruma. O avançado de 23 anos, em época de estreia na Bundesliga, já é uma das referências do Leipzig, vice-campeão alemão. Bruma conta com 4 golos e 2 assistências e pisca o olho a um lugar na seleção portuguesa, rumo ao Mundial.
Foto: Reuters/H. Hanschke
Vincent Aboubakar
O avançado camaronês de 26 anos é um dos artilheiros do F.C. Porto. Esta época leva já 26 golos em 34 jogos. Mais uma grande temporada de Aboubakar, depois de na última época, ao serviço do Beşiktaş, ter faturado 19 golos em 28 jogos. Está em crescendo o avançado que garantiu a Taça das Nações Africanas, em 2017, à seleção dos Camaraões.
Foto: Francisco Leong/AFP/Getty Images
Yaya Touré
Apesar dos seus 34 anos, Yaya Touré continua a ser uma das bandeiras do futebol africano, no velho continente. Com a chegada de Pep Guardiola, o "gigante" da Costa do Marfim deixou de ser uma aposta regular do Manchester City mas o clube não desdenha dele. O veterano é, a par de Samuel Eto´o, o atleta mais vezes eleito o futebolista africano do ano (4). Discutívelmente, um dos melhores de sempre.