O campeonato cabo-verdiano de futebol está a passar por momentos caricatos que colocam em causa o seu desfecho. Tudo por causa da falta de transportes e chaves.
Publicidade
O campeonato devia terminar no passado mês de julho, mas vários problemas levaram a Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF) a prorrogar o prazo.
O impasse deve-se a dois adiamentos no início de junho, do jogo da primeira mão das meias-finais do campeonato nacional entre a Ultramarina de São Nicolau e o Mindelense de São Vicente, campeão em título. Problemas de transporte impediram o Mindelense de viajar para São Nicolau com todos os seus jogadores. Depois de dois adiamentos, na terceira data prevista não apareceram as chaves para abrir os portões do estádio Orlando Rodrigues em São Nicolau.
A FCF instaurou um processo disciplinar à Ultramarina. Mas o Conselho de Disciplina da federação considerou improcedente a queixa, concluindo que não ficou provado que o clube teve intenção de esconder as chaves.
Afinal quem joga quando?
O Mindelense também apresentou um recurso. Mas o Conselho de Justiça da Federação Cabo-verdiana de Futebol negou provimento ao mesmo. Mesmo sem se realizar o jogo da primeira mão, a federação marcou o da segunda mão em São Vicente, em que a Ultramarina venceu o Mindelense por 0 a 2.
Bem entendido, a Ultramarina quer disputar apenas o jogo da primeira mão. O Mindelense vê a razão do seu lado e só quer jogar com o Sporting da Praia, o único finalista até agora conhecido.
A federação resolveu calendarizar os dois jogos das meias-finais e marcou para domingo, dia 13, às 16 horas locais, o jogo da primeira mão. O seu presidente, Victor Osório, disse que a FCF está a agir em conformidade com os regulamentos: "Perante situações concretas nós limitamo-nos a gerir e aplicar os regulamentos vigentes."
Indemnizações chorudas
O presidente do FC Ultramarina, Simoni Soares, diz que a sua equipa vai jogar apenas a partida da primeira mão. "A Ultramarina está disponível a concluir o campeonato nacional. Estamos aqui à espera do Mindelense, estamos disponíveis para jogar o encontro da primeira mão."
O presidente do Mindelense, Daniel de Jesus, afirma que não há condições para prolongar a época: "O nosso posicionamento mantém-se de que a época para nós terminou", afirma. O Mindelense diz ainda que o arrastar da situação já lhe causou prejuízos superiores a dez mil euros e vai pedir indemnização.
10.08.17 Futebol em Cabo Verde - MP3-Mono
O FCF na mira da crítica
Também o Sporting da Praia exige ser ressarcido, alegando que os custos causados pelo impasse já ultrapassam os 13 mil euros. O presidente do clube, Rui Évora, reivindica a marcação, o quanto antes, dos jogos das meias-finais: "Nós entendemos que a FCF deverá, pelo menos, assumir a responsabilidade de concluir o campeonato nacional e depois assumir as responsabilidades que teve à volta de todas estas incidências verificadas que prejudicam enormemente a imagem do futebol nacional."
O imbróglio levou a que nove das onze associações regionais de futebol entregassem um pedido para a realização de uma assembleia geral extraordinária da Federação Cabo-verdiana de Futebol, para analisar o momento por que passa o futebol cabo-verdiano.
O fascinante mundo do futebol no Sudão
Na Bundesliga, o aquecimento do solo e os estádios cobertos são assuntos que estão na ordem do dia. Luxos que são impensáveis no Sudão, onde as circunstâncias fazem com que o futebol se mantenha próximo das suas raízes.
Foto: DW/P. Wozny
O estádio 'Red Castle'
No estádio “Red Castle”, no Sudão, os adeptos assumem riscos significativos para erguer as bandeiras dos seus clubes. O antiquado estádio, que é a casa do Al-Merreikh Sporting Club, em Omdurman, tem capacidade para 43 mil espetadores. O Dínamo Moscovo, que disputou o jogo inaugural do estádio, é um dos poucos clubes europeus que já jogou no país. É também aqui que joga a seleção nacional do Sudão.
Foto: DW/P. Wozny
Selfies com o treinador Krüger
Para qualquer sítio que Michael Krüger vá no Sudão é reconhecido. Pouco depois de chegar ao aeroporto, o treinador alemão foi interpelado por várias pessoas para tirarem uma selfie com ele. Já no Estádio Al-Merreikh, os apoiantes do clube sudanês pediram-lhe para que assumisse o comando da equipa nacional do país. Krüger recusou - pelo menos até agora.
Foto: DW/P. Wozny
Depois do pôr-do-sol
Por causa do calor, todos os jogos da Primeira Liga sudanesa começam depois do sol se pôr. Enquanto o miúdo com a bola, vindo das camadas jovens do Al Merreikh parece cansado, o atual treinador do clube, Diego Garzitto, de 67 anos, parece aliviado com a descida da temperatura. O francês está no clube desde 2014, tendo vencido o campeonato em 2015.
Foto: DW/P. Wozny
Popularidade dos clubes sudaneses
O facto do Sudão ser normalmente eliminado cedo das competições, como a Taça das Nações Africanas ou a Copa do Mundo, faz com que cresça a popularidade dos clubes dentro do país. Os jogos "nacionais" têm bastante assistência. E o facto dos campos serem maus ajuda a que os jogos sejam sempre uma lotaria, com muitos golos, e os fãs gostam disso. Este jogo ficou 4-2 para o Al-Merreikh.
Foto: DW/P. Wozny
Derby local
Para os fãs do Al-Merreikh, o jogo mais importante da época é o derby contra o Al-Hilal, que venceu a Liga 22 vezes. O Al-Merreikh soma, no total, menos duas vitórias. Como os jogos das duas equipas são transmitidos ao vivo na televisão, estas nunca jogam à mesma hora, exceto no dia do derby.
Foto: DW/P. Wozny
Longo caminho a percorrer
O Sudão tem um longo caminho a percorrer no que ao desenvolvimento das camadas jovens de futebol respeita. Existem apenas três escalões para os quais a maioria dos clubes tem apenas um treinador. As bolas e as chuteiras são duras e os campos
medíocres. Ainda assim, as equipas jovens têm o seu próprio campo. Krüger fez grandes esforços para melhorar esta realidade.
Foto: DW/P. Wozny
Sucesso com equipas africanas
A paciência com os treinadores não é um ponto forte dos clubes africanos, no entanto, Krüger treinou quase três anos o Al-Merreikh. O alemão venceu duas vezes a Liga sudanesa e outras duas a Taça. Também foi durante a sua passagem pelo clube que este se tornou a primeira equipa do Sudão a qualificar-se para a Liga dos Campeões Africana. Krüger também já tinha tido sucesso no Egito e Etiópia.
Foto: DW/P. Wozny
Um desporto que não é para mulheres
Estas duas jovens, que estão a aprender alemão no Instituto Goethe, em Cartum, capital do país, nunca estiveram num jogo de futebol. Somente os homens podem assistir a jogos de futebol na República do Sudão e oficialmente, existe apenas uma equipa de futebol feminina, na Universidade Feminina Ahfad. Algumas jogadoras usam o véu durante o treino.