1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Futebol e política africana em destaque na imprensa alemã

17 de fevereiro de 2012

O triunfo da Zâmbia no CAN 2012 foi um dos temas africanos destacados pela imprensa alemã. Outros, como o conflito no Sudão e a exportação de lixo europeu para a África ocidental passaram para segundo plano.

A imprensa alemã falou de futebol e política em África
A imprensa alemã falou de futebol e política em ÁfricaFoto: picture-alliance/dpa

"Foi um grandioso triunfo para os Chipolopolo", escreve o jornal Tageszeitung, de Berlim. "Chipolopolo significa 'esferas de cobre' - é assim que os adeptos denominam a seleção nacional da Zâmbia." O jornal alemão destaca o capitão Chris Katongo de 29 anos de idade: "Katongo mede apenas 1,69m, mas é o maior, tendo mesmo sido agraciado pelo Presidente Michael Sata com uma das mais importantes medalhas que o Estado zambiano tem para oferecer. Katongo joga atualmente no clube do exército "Green Buffaloes", mas - entre 2008 e 2010 - chegou a atuar na Alemanha, mais precisamente no Arminia Bielefeld, não tendo na altura - é certo - conseguido impôr-se como estrela da Bundesliga. Katongo é o grande herói desta seleção sem estrelas", conclui o Tageszeitung.

O CAN, torneio de futebol vencido pela Zâmbia, "destronou" os outros temas africanos da semana

Alegria da Zâmbia é a desgraça da Costa do Marfim

O diário Tagesspiegel, editado também na capital alemã, adota a perspetiva do adversário da final e grande favorita, que acabou por perder: a Costa do Marfim: "Os espíritos choram" - é assim o título do artigo que diz o seguinte: "Didier Drogba, capitão da Costa do Marfim, não conseguiu conter as lágrimas - ele que é a cara da geração de ouro não conseguiu atingir o seu grande objetivo: vencer um grande torneio com a seleção do seu país. Uma grande deceção para ele, Drogba, e para as outras estrelas, como Gervinho, Yaya Touré ou Salomon Kalou - uma seleção recheada de estrelas que atuam em grandes clubes europeus, sobretudo em Inglaterra. A Costa do Marfim conseguiu ir para a final com todo o mérito: 5 vitórias em outros tantos jogos. Importava vencer a final contra uma Zâmbia, considerada "osso fácil de roer". Mas não foi isso que aconteceu. Os espríritos marfinenses fartararam-se de chorar."

Elektroschrott in AfrikaFoto: picture-alliance/dpa

Norte e Sul do Sudão devem cooperar para bem dos povos

O Frankfurter Allgemeine Zeitung debruça-se sobre a situação no Sudão, recordando que representantes do Sul e do Norte acabam de ssinarar um pacto de não agressão e consideram esse documento vital para o futuro da região: "Depois do Sul ter declarado a sua independência, em julho do ano passado, a situação continuou muito tensa. Os dois estados o Sudão e o Sudão do Sul, acusam-se mútuamente de não respeitarem a integridade territorial, assim como de financiarem grupos rebeldes que atuam na região fronteiriça." O jornal alemão lembra que o Sudão do Sul dispõe de grandes reservas de petróleo, cobiçadas pelo norte e também por outros países: "É necessário que a produção de petróleo seja retomada. Isso beneficiaria ambas as partes. As maiores reservas encontram-se no território do Sul, mas as infra-estruturas necessárias estão no norte. A cooperação e não a guerra - é a solução", conlui o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.

Exportação de sucata para a África é um "escândalo"

O diário Neues Deutschland, de Berlim, publicou uma vasta reportagem intitulada: "Sucata eletrónica mortal para o continente Africano" - um trabalho que fala duma prática que o jornal classifica de "autêntico escândalo" : a exportação de máquinas elétricas e sobretudo computadores e telemóveis velhos - da Europa, incluindo a Alemanha - para o continente africano: "Segundo um estudo recente mais de 230 mil toneladas de sucata eletrónica foram exportadas - em 2009 - para 5 países da África ocidental: Nigéria, Ghana, Libéria, Benim e Costa do Marfim. Os grandes beneficiados são os comerciantes europeus e alguns africanos.

O setor dá trabalho a cerca de 30 mil pessoas pobres, é certo. Mas esse trabalho é mal pago e prejudica a saúde, para além de criar sérios problemas ambientais. Um simples telemóvel tem entre 500 e mil componentes, muitos dos quais altamente tóxicos: metais pesados e produtos químicos, como pvc., produtos esses que não são tratados de forma adequada. O programa ambiental da ONU, já exigiu que seja construída no continente africano uma rede de centrais capazes de reciclar o lixo eletrónico de forma compatível com a saúde das pessoas e o meio ambiente."

Autor: António Cascais
Edição: António Rocha