Futebolista Eusébio homenageado com avenida em Lisboa
João Carlos (Lisboa)6 de janeiro de 2015
Um ano após a sua morte, Eusébio da Silva Ferreira entrou na toponímia de Lisboa. O troço da avenida com o nome do futebolista moçambicano foi inaugurado na segunda-feira na presença de familiares, dirigentes e adeptos.
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Uma parte da conhecida Segunda Circular, a avenida que passa ao lado do Estádio da Luz, concretamente o troço desde a entrada de Pina Manique até às Torres de Lisboa, ganhou o nome de Avenida Eusébio da Silva Ferreira. Esta foi uma das muitas homenagens prestadas ao antigo jogador do Benfica, falecido a 5 de janeiro de 2014.
A placa respetiva foi descerrada pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, e pelo presidente do antigo clube de Eusébio, Sport Lisboa e Benfica (SLB), Luís Filipe Vieira, ladeados pela viúva Flora e as filhas.
Eusébio entrou assim na toponímia da capital, um ano após a sua morte. Uma homenagem consensual e merecida, como sublinhou António Costa, que enalteceu a figura do “Pantera Negra”.
“Sei que Eusébio é motivo de muita gratidão, de uma imensa saudade e de profundo orgulho para todos os benfiquistas. Mas temos também a noção que Eusébio é muito mais que património do Benfica. É património de todo o país e, diria mesmo, de toda a humanidade que gosta de futebol”, sublinhou.
Além de “um extraordinário jogador de futebol”, acrescentou ainda o autarca lisboeta, “Eusébio, o Rei, o King, como tantos o conheciam, foi um embaixador de Portugal ao longo de muitas décadas”.
Direito à eternidade
“Eusébio deixou marca e ganhou em vida o direito à eternidade”, disse o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira.
Eusébio: O primeiro rei africano do futebol
O moçambicano Eusébio da Silva Ferreira, também conhecido por Eusébio, foi o primeiro africano a tornar-se uma estrela de futebol em todo o mundo. A passagem pelo Benfica e pela seleção portuguesa fizeram dele uma lenda.
Foto: F.Leon/AFP/GettyImages
Homenagem tardia para o craque
O moçambicano Eusébio é considerado a primeira super-estrela africana do futebol. Graças aos seus inúmeros golos, o Benfica de Lisboa venceu os maiores sucessos da história do clube. Da mesma sorte beneficiou a seleção nacional portuguesa, que com Eusébio viveu nos anos 60 do século passado o primeiro auge. Ainda assim, demorou para que o trabalho do jogador fosse reconhecido em Portugal.
Foto: picture-alliance/Pressefoto UL
Eusébio, o Pelé africano
Eusébio é considerado um dos três melhores jogadores de futebol do século passado, juntamente com o brasileiro Pelé (à esquerda) e com o alemão Franz Beckenbauer. Nasceu numa família pobre, em 1942, e cresceu em Maputo, quando a cidade ainda se chamava Lourenço Marques, sob o domínio colonial português. Aos 17 anos começou a jogar no Sporting de Lourenço Marques.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Benfica, o clube do coração
Quando se mudou para Portugal em 1960, Eusébio não começou a jogar, tal como se esperava, pelo Sporting de Lisboa, o clube-mãe do Sporting de Lourenço Marques. Eusébio integrou, precisamente, a equipa rival, o Sport Lisboa e Benfica. A operação da contratação foi mantida em segredo. Anos depois do fim da sua carreira enquanto jogador, Eusébio continuou ativo como conselheiro do clube.
Foto: picture-alliance/dpa
No topo da Europa
Eusébio colocou o Benfica no topo do futebol europeu. A equipa chegou várias vezes à final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, o precursor da Liga dos Campeões. Em 1962, o Benfica de Eusébio chegou mesmo a vencer o troféu. Porém, na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, em 1968, no Estádio de Wembley (foto), o Benfica perdeu frente ao Manchester United por 1:4, já no prolongamento.
Foto: picture-alliance/dpa
Mundial de 1966: O maior sucesso português
Pode dizer-se que foi graças a Eusébio que Portugal chegou em 1966 ao terceiro lugar do Campeonato Mundial de Futebol, o melhor resultado de sempre da seleção das quinas na competição. Esta foi também a primeira participação de Portugal no Mundial. O país falhou a final, ao perder nas meias-finais - na foto - por 2:1 contra a Inglaterra, a 26 de julho de 1966, no Estádio de Wembley, em Londres.
Foto: picture-alliance/dpa
Brasil e Pelé no chão
No Mundial de 1966: O brasileiro Pelé está ferido no chão e Eusébio procura reconfortá-lo. Neste jogo, Portugal venceu o Brasil por 3:1, com dois golos de Eusébio, afastando a equipa sul-americana na fase de grupos. A partida, disputada no estádio Goodison Park, em Liverpool, levou Portugal a sair das eliminatórias como primeiro do grupo. Com nove golos, Eusébio foi o melhor jogador do campeonato.
Foto: picture-alliance/dpa
Quatro golos decisivos contra a Coreia do Norte
Eusébio tornou-se uma lenda viva em 1966. A 23 de julho, Portugal jogava contra a Coreia do Norte e perdia por 3:0. Mas quatro golos do "Pantera Negra", como também ficou conhecido, inverteram o sentido do jogo. Portugal derrotou a equipa asiática por 5:3 e apurou-se para a semifinal. Na foto, Eusébio bate o guarda-redes norte-coreano Lee Chang-myung.
Foto: picture-alliance/dpa
Lesões
Na foto, durante o jogo contra a Hungria, a 13 de julho de 1966, em Manchester, Eusébio é atingido na cabeça. Porém, Portugal acabou por ganhar por 3:1. Ao longo da carreira, Eusébio sofreu vários problemas, especialmente depois de deixar o Benfica, em 1975, e jogou para clubes mais pequenos em Portugal e, mais tarde, no Canadá, Estados Unidos e México. Muitas vezes, estava fora de forma.
Foto: picture-alliance / United Archives/TopFoto
Bota de Ouro
Eusébio (esquerda) recebe a "Bota de Ouro", a 16 de setembro de 1968, como melhor jogador da Europa. O húngaro Antal Dunai recebeu a de prata. No total, Eusébio marcou 1137 golos durante a sua carreira profissional. A sua reputação é conotada, provavelmente, com menos elegância do que a de Pelé ou Beckenbauer, mas Eusébio é hoje considerado o melhor jogador de Portugal de todos os tempos.
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Embaixador de Portugal
Eusébio com o ex-técnico da seleção alemã, Jürgen Klinsmann, no Campeonato da Europa de 2004, em Portugal. Depois da carreira de jogador, Eusébio trabalhou quase sempre ao serviço do futebol português. O antigo jogador acompanhava a equipa portuguesa como assistente técnico. Apesar da fama generalizada, os companheiros descrevem-no como uma pessoa humilde e com os pés no chão.
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Despedida no Estádio da Luz
A poucos dias de completar 72 anos, Eusébio morreu de madrugada, a 5 de janeiro de 2014, vítima de insuficiência cardíaca. A estátua de bronze que eterniza o antigo jogador à porta do Estádio da Luz, em Lisboa, e que foi descerrada há quase 22 anos, é o palco privilegiado de todas as homenagens ao avançado que inscreveu o seu nome na lista dos melhores futebolistas de sempre.
Foto: F.Leon/AFP/GettyImages
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“Mesmo com as gigantescas manifestações com que Portugal e o mundo assinalaram o desaparecimento de Eusébio, creio que a História até hoje ainda é redutora em relação à grandeza, aos feitos e ao lugar de Eusébio”, salientou o presidente do clube da Luz. “Eusébio é eterno porque já era eterno, mesmo antes de nos ter deixado.”
Um ano após a sua morte, foram vários os atos para voltar a recordar os feitos do futebolista. “É uma homenagem que também diz alguma coisa a Moçambique porque foi onde Eusébio nasceu e onde começou a jogar futebol. E foi lá que Eusébio começou a ter a fama que o trouxe até Portugal”, considerou Ananias Benjamim, da Embaixada de Moçambique.
Eusébio no Panteão Nacional?
Pela sua dimensão como jogador de futebol que elevou o nome de Portugal, a nível parlamentar há consenso político para que o corpo do “Pantera Negra” seja transladado um dia para o Panteão Nacional.
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A decisão está assumida, mas, segundo algumas opiniões recolhidas pela DW África, ainda é cedo para isso. É o que pensa João Malheiro, que escreveu a biografia do jogador.
“Eusébio é uma figura de tal forma incontornável que repousando no Lumiar, no Panteão Nacional ou em qualquer outro lugar será sempre um local de culto para os homens que amam o futebol”, afirma.
Eusébio morreu a 5 de janeiro de 2014, aos 71 anos de idade, e o seu corpo está sepultado no Cemitério do Lumiar.