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Fuzis alemães na Líbia são manchete

2 de setembro de 2011

No que se refere a temas africanos, os principais jornais da Alemanha destacaram esta semana o armamento alemão encontrado pelos rebeldes líbios no arsenal de Moummar Kadhafi, em Trípoli. Nigéria foi tema de editorial.

Metralhadoras G36Foto: picture-alliance/dpa

Esta semana, a imprensa alemã deu destaque às metralhadoras do tipo G36, fabricadas pela firma alemã Heckler & Koch, encontradas na Líbia. Tanto a população como a mídia alemã questionam como este armamento foi parar em Trípoli.

Süddeutsche Zeitung

O Süddeutsche Zeitung não poupou e fez a mesma pergunta. Segundo o relatório do governo alemão sobre as exportações de armas, a Alemanha fez negócios com a Líbia nos últimos anos, porém não vendeu carros de combate ou metralhadoras a este país africano, mas sim radares controladores e emissores de interferências.

O especialista alemão em armamento, entrevistado pelo jornal, Michael Ashkenazy acredita que se estas armas chegaram a Trípoli por meio do contrabando, muito em breve fuzis como estes deverão ser encontrados também em regiões como Gaza, Líbano, Tchade ou Sudão.

Ele acrescenta que, por enquanto, "nada indica que grandes quantidades de armas alemãs circulem na Líbia". A metade de todo armamento utilizado neste país é da marca Kalachnikov e 40%, das FAL, belgas.

Se forem encontrados estoques consideráveis de G36, então é preciso supor primeiramente que os fuzis tenham sido comprados da Espanha ou da Arábia Saudita, países onde são fabricadas sob licença, publica o Süddeutsche Zeitung citando o especialista.

Para os aliados de Kadhafi, acrescenta Ashkenazi, teria sido mais fácil armar-se com os Estados Unidos porque o mercado norte-americano, muitas vezes, não é muito exigente. "Basta apresentar-se como um colaborador de um serviço de segurança, por exemplo, de um país africano 'pró-americano, para poder comprar armas", explica.

Frankfurter Allgemeine Zeitung

Imprensa alemã destaca temas africanosFoto: picture-alliance/dpa

Os jornais desta semana começaram a projetar-se no futuro. O regime de Mouammar Kadhafi já pertence à História, escreveu o Frankfurter Allgemeine Zeitung.

Mas tudo indica que Líbia tem um longo caminho pela frente, cheio de obstáculos, refere o jornal.

De tiragem nacional, ele coloca que diferentemente do que se passou na Tunísia e no Egito, na Líbia a mudança do poder é resultado de uma guerra civil. Como obstáculo, o diário considera por exemplo: as rivalidades e as divergências de interesses entre as tribos líbias; as diferenças de mentalidade entre o Ocidente, o leste e o sul da Líbia; e também a composição bastante heterogênea da resistência líbia.

Porém, na sua reconstrução, a Líbia pode contar com avultados montantes provenientes das receitas do petróleo, o que pode diminuir em parte o peso dos inúmeros problemas, publica o Frankfurter Allgemeine Zeitung.

Die Welt

O fuzil G36, tema dos jornais desta semana, é usado também pelo exército alemãoFoto: picture-alliance/dpa

O jornal Die Welt sublinha que os líbios ainda irão sofrer por muito tempo os efeitos da herança deixada por Kadhafi. A festa da vitória será em pouco tempo esquecida, nota igualmente o Süddeutsche Zeitung.

Convém que os membros da coligação da NATO (Organização do Tratado Atlântico Norte) permaneçam no controle de meios de pressão suficientes para influenciar, ainda por algum tempo, a revolução líbia que está longe de terminar, conclui o quotidiano.

Tageszeitung

Depois do atentado contra as instalações da ONU em Abuja, a Nigéria volta a ser tema na imprensa alemã já que na próxima segunda-feira (5/09), o presidente Goodluck Jonathan completa 100 dias no poder.

Alguns jornais alemães criticaram a impotência do governo nigeriano face aos últimos confrontos violentos em Jos que mataram cerca de 20 pessoas.

Um editorial do Tageszeitung intitulado "Impotência face à violência" sublinha: ou o governo reage de forma excessiva e concreta, ou ficará a imagem fatal de um poder que não tem controle sobre a situação. O diário menciona a sangrenta operação levada a cabo contra a central do grupo terrorista islamista Boko Haram, em Maiduguri, há dois anos. Na ocasião, falou-se em mais de mil mortos.

O quotidiano acrescenta: o Boko Haram quer estabelecer, na Nigéria, um Estado teocrático, como as seitas que proliferam um pouco por todo o mundo, muçulmanas ou cristãs, que se alimentam da frustração de grupos de populações marginalizadas.

O governo nigeriano, resultado de um dos raros processos de democratização conseguidos em África, deveria reagir desenvolvendo a sua própria visão do futuro, porém "não existem mais pessoas com essa capacidade visionária na política nigeriana", publica o jornal.

Autor: António Rocha
Edição: Bettina Riffel

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