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PolíticaGlobal

G20: Índia promete não deixar que a Ucrânia domine a cimeira

Lusa | com agências
8 de setembro de 2023

O desenvolvimento sustentável e a geopolítica vão dominar a cimeira do G20. Os líderes da China e da Rússia decidiram faltar ao evento, enquanto a Ucrânia não foi convidada.

Indien | G20-Gipfel in Neu-Delhi
Foto: Amarjeet Kumar Singh/AA/picture alliance

O governo da Índia afirmou, nesta sexta-feira, que já tem "quase pronto” um rascunho do comunicado do G20 para ser discutido pelos líderes das principais economias do mundo durante a cúpula de chefes de Estado e de governo que terá início amanhã em Nova Delhi.

"A declaração dos líderes de Nova Delhi está quase pronta. Esta declaração será recomendada aos líderes e então os líderes irão aceitá-la, e só então poderemos falar sobre as realizações reais da declaração", disse o negociador da cúpula, Amitabh Kant, durante entrevista coletiva.

O ponto mais controverso desta declaração gira em torno da guerra na Ucrânia, onde as posições do Ocidente, que procura condenar a invasão russa, e de Moscou e Pequim, se chocam.

Neste sentido, Kant indicou que as conversas na cúpula girariam em torno do seu impacto na economia, tal como afirmou ter acontecido há um ano em Bali (Indonésia), uma vez que o G20 "é um fórum económico”.

Rússia e China enviam "suplentes" - Ucrânia não recebeu convite

Xi Jinping (esq.) e Vladimir Putin (dta.) não vão aparecer no G20.Foto: SERGEI KARPUKHIN/AFP

Embora as negociações tenham sido complicadas no ano passado, os líderes finalmente fizeram uma referência à guerra na Ucrânia com estas palavras: "A maioria dos membros condena veementemente a guerra na Ucrânia e destaca que está causando imenso sofrimento humano e agravando as fragilidades existentes na economia global".

No meio destas tensões, tanto o Presidente russo, Vladimir Putin, como o Presidente chinês, Xi Jinping, descartaram a participação na cúpula deste ano, e em seu lugar comparecerão o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, e o primeiro-ministro chinês, Li Qiang.

Outro dos pontos centrais da cúpula deverá ser a possível inclusão da União Africana como membro permanente da mesma, posição que a Índia tem defendido desde que assumiu a presidência do G20.

"No que diz respeito à União Africana, deixem-me dizer-lhes que o primeiro-ministro escreveu a todos os líderes e houve uma resposta muito positiva, mas isso virá depois da cúpula", relatou Kant.

No último ano, a Índia tentou ascender como a voz do Sul Global e defendeu que os interesses e problemas dos países em desenvolvimento não sejam ignorados durante a cúpula, como tradicionalmente afirmava.

Assim, Amitabh Kant destacou que a declaração de Nova Delhi será vista como "uma voz do Sul global e dos países em desenvolvimento”.

Biden chega à India para "ultrapassar" China

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou à Índia nesta sexta-feira (08.09) para participar da cúpula de líderes do G20 com um objetivo ambicioso em mente: mostrar ao "Sul Global" que o seu país e aliados são melhores parceiros económicos do que a China.

Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos da AméricaFoto: Evan Vucci/AP/dpa/picture alliance

De acordo com a Casa Branca, Biden planeia propôr aos líderes do G20 uma reforma do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) com o objetivo de oferecer às economias em desenvolvimento uma alternativa aos empréstimos chineses.

A proposta dos EUA acontece num momento em que a China, por meio de acordos bilaterais, tornou-se o principal credor de vários países emergentes, alguns dos quais estão atolados em graves crises económicas devido, em parte, à falta de disposição de Pequim em reestruturar suas dívidas.

Para isso, Biden pedirá aos líderes do G20 que se comprometam a aumentar a capacidade de financiamento dessas instituições de crédito em 200 mil milhões de dólares (187 mil milhões de euros) na próxima década.

Alterações climáticas

O secretário-geral da ONU António Guterres apelou aos líderes do G20 para que demonstrem liderança em dois domínios específicos: a luta contra as alterações climáticas e a manutenção dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável definidos pelas Nações Unidas no âmbito da Agenda 2030.

António Guterres, Secretário-geral da ONUFoto: Anushree Fadnavis/REUTERS

O G20 reúne 19 das maiores economias do mundo e a União Europeia, representando 85% do PIB mundial e dois terços da população mundial.

Mas as grandes divergências sobre a guerra da Rússia na Ucrânia e a forma de ajudar as economias emergentes a combater o aquecimento global são suscetíveis de impedir quaisquer acordos na cimeira de dois dias em Nova Deli.

"Esta fragmentação seria profundamente preocupante no melhor dos tempos. Mas, no nosso tempo, é uma catástrofe", insistiu Guterres.

Sobre a crise climática, Guterres recordou que os países do G20 são responsáveis por 80% das emissões poluentes a nível mundial e sublinhou que "meias medidas não evitarão um colapso climático". 

Os líderes do G20 discutirão neste fim-de-semana os principais pontos da declaração, com o objetivo de chegar a um consenso que evite que esta cúpula seja a primeira reunião do Grupo dos Vinte que não emitiu um comunicado conjunto na sua conclusão, o que levantaria questões sobre sua relevância geopolítica.

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