G20: Merkel reforça importância da “segurança” em África
Lusa | Reuters | rl
12 de junho de 2017
Vários líderes africanos estão reunidos, até amanhã (13.06), em Berlim, na conferência do G20 sobre África. No encontro, foi oficialmente, apresentada a iniciativa "Compact With Africa”.
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No encontro, que antecipa a cimeira do G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia, marcada para julho, em Hamburgo, foi, oficialmente, apresentada a iniciativa "Compact With Africa”. O tema da conferência é "Parceria do G20 com África: investir num futuro comum".
Esta segunda-feira (12.06), em Berlim, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que nos próximos anos, o continente africano deve "continuar o seu desenvolvimento”, tornando-se "mais dinâmico”. Para isso, diz Angela Merkel, África deverá contar com o apoio dos parceiros internacionais.
Na abertura da conferência do G20 sobre África, a chanceler alemã reconheceu também que apenas nos países onde existe segurança pode haver desenvolvimento. Admitiu mesmo que durante muitos anos, "os políticos que trabalham no desenvolvimento não prestaram atenção” a esta questão. "Alguns de vocês questionaram-me: "O que é suposto nós fazermos? Por um lado, deveríamos lutar contra o terrorismo, mas, por outro lado, não temos nenhum apoio vosso nesse sentido”. Acho que devemos ser honestos e admitir que o desenvolvimento só pode ocorrer em sítios onde a segurança está assegurada", afirmou.
A iniciativa "Compact With Africa” pretende reforçar o investimento privado no continente africano, melhorando as infraestruturas e combatendo o desemprego. Outro dos grandes objetivos do programa, e que foi também reforçado pela chanceler alemã, é a redução do movimento de jovens africanos para a Europa. Angela Merkel afirmou que é natural que "não existindo esperança em África”, haja jovens que entendem "que têm de procurar uma nova vida noutro lugar do mundo”. No entanto, chamou a atenção a chanceler alemã, "se trabalharmos juntos convosco para ajudar os vossos países, também estaremos a criar mais segurança para nós mesmos e podemos pôr fim às pessoas que beneficiam ilegalmente com o destino dos outros”.
Neste que é o primeiro de dois dias do debate, no qual o continente africano é protagonista, o Ministério do Desenvolvimento da Alemanha anunciou uma ajuda adicional de 300 milhões de euros para três países - Tunísia, Costa do Marfim e Gana - que têm vindo a demonstrar trabalho no combate à corrupção. O objetivo desta parceria é, explica o Ministério das Finanças alemão, combater a pobreza nestes países, fomentando o investimento privado e, consequentemente, a criação de empregos.
G20-Africa / Berlim - MP3-Mono
Otimismo com "Compact With Africa”
Akinwumi Adesina, presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, mostrou-se satisfeito com a criação do "Compact With Africa”. Uma iniciativa que significa, a seu ver, que "o G20 está a olhar para África de uma forma diferente”. "[O G20] costumava olhar para a África na perspetiva do desenvolvimento, o que é importante. No entanto, agora está a olhar na perspetiva do investimento, que é uma mudança de mentalidade muito importante”, afirmou.
Um otimismo partilhado também por Stefan Liebing, presidente da "Afrika Verein" (associação das empresas alemãs com negócios no continente africano), que afirma que o facto de Angela Merkel ter colocado África no foco da agenda do G20 "é maravilhoso”. O responsável acrescenta que é, no entanto, necessário "garantir que vimos com instrumentos específicos”, tanto ao "nível dos países-membro e governos do G20, como ao nível do governo alemão”.
Objetivos do "Compact with Africa”
A conferência do G20 sobre África surge depois do anúncio, em março deste ano, da criação do "Compact with África” – um programa que tem como objetivo aumentar o investimento privado nos países africanos, melhorar as infraestruturas e combater o desemprego. São também parceiros do "Compact with África”, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Africano de Desenvolvimento.
Para que possam integrar o "Compact with Africa”, os países africanos têm de implementar as suas promessas de reforma. Por esta razão, Estados instáveis ou países nos quais existe um índice elevado de corrupção não são elegíveis. Para já, mostraram-se interessados em integrar o programa Costa do Marfim, Ruanda, Marrocos, Senegal e Tunísia.
Prev-se que até 2050, a população em África duplique, chegando aos 2,5 mil milhões de pessoas.
Missões de paz da ONU em África
Os capacetes azuis da Organização das Nações Unidas têm intervido em vários países africanos. A MONUSCO, missão de paz da ONU na República Democrática do Congo, é a maior e mais cara de todas. Mas há várias.
Foto: picture-alliance/AA/S. Mohamed
RD Congo: a maior missão da ONU
Desde 1999, que a Organização das Nações Unidas (ONU) tenta pacificar a região oriental da República Democrática do Congo (RDC). A missão conhecida como MONUSCO conta com cerca de 20 mil soldados e um orçamento anual de 1,4 mil milhões de euros. Ainda que esta seja a maior e mais cara missão da ONU, a violência no país persiste.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
Darfur: impotente contra a violência
A UNAMID é uma missão conjunta da União Africana e da ONU na região de Darfur, no Sudão, considerada por alguns observadores um fracasso. “O Conselho de Segurança da ONU deve trabalhar mais arduamente para encontrar soluções políticas, em vez de gastar dinheiro no desdobramento militar a longo prazo”, afirmou o especialista em segurança, Thierry Vircoulon.
Foto: picture-alliance/dpa/A. G. Farran
Sul do Sudão: fechar os olhos ao conflito?
A guerra civil no Sul do Sudão já fez com que, desde 2013, mais de quatro milhões de pessoas abandonassem as suas casas. Alguns estão abrigadas em campos de ajuda da ONU. Mas, quando os confrontos entre as forças do Governo e os rebeldes começaram na capital Juba, em julho de 2016, os capacetes azuis não foram bem sucedidos na intervenção.
Foto: Getty Images/A.G.Farran
Mali: mais perigosa missão da ONU no mundo
As forças de paz da ONU no Mali têm estado a monitorizar o cumprimento do acordo de paz realizado entre o Governo e a aliança dos rebeldes liderada pelos tuaregues. No entanto, grupos terroristas como o AQMI continuam a levar a cabo ataques terroristas que fazem com que a Missão da ONU no Mali (MINUSA) seja uma das mais perigosas do mundo. A Alemanha cedeu mais de 700 militares e helicópteros.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
RCA: abusos sexuais fazem manchetes
A missão da ONU na República Centro-Africana (MINUSCA) não ajudou a melhorar a imagem das Nações Unidas no continente africano. As tropas francesas foram acusadas de abusar sexualmente de crianças pela campanha Código Azul. Três anos depois, as vitimas não têm ajuda da ONU. Desde 2014, 10 mill soldados e 1800 polícias foram destacados para o país. A violência diminuiu, mas a tensão mantém-se.
Foto: Sia Kambou/AFP/Getty Images
Saara Ocidental: Esperança numa paz duradoura
A missão da ONU no Saara Ocidental, conhecida por MINURSO, está ativa desde 1991. Cabe à MINURSO controlar o conflito existente entre Marrocos e a Frente Polisário que defende a independência do Saara Ocidental. Em 2016, Marrocos, que ocupa este território desde 1976, dispensou 84 funcionários da MINURSO após um discurso do secretário-geral da ONU que o país não aprovou.
Foto: Getty Images/AFP/A. Senna
Costa do Marfim: um final pacífico
A missão da ONU na Costa do Marfim cumpriu o seu objetivo a 30 de junho de 2016, após 14 anos. As tropas têm vindo a ser retiradas, gradualmente, o que, para o ex secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, significa “um ponto de viragem das Nações Unidas na Costa do Marfim”. No entanto, apenas depois da retirada total das forças e a longo prazo é que se saberá se a missão foi ou não bem sucedida.
Foto: Getty Images/AFP/I. Sanogo
Libéria: missão cumprida
A intervenção da ONU na Libéria chegou ao fim. Desde o fim da guerra civil, que durou 14 anos, que a Missão da ONU na Libéria (UNMIL) tem assegurado a estabilidade na Libéria e ajudado a construir um Estado funcional. O Governo do país quer agora garantir a segurança da Libéria. O país ainda está a lutar com as consequências de uma devastadora epidemia do Ébola que o assolou.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Sudão: Etiópia é promotora da paz?
Os soldados da Força de Segurança Interina da ONU para Abyei (UNISFA) patrulham esta região, rica em petróleo, e que, tanto o Sudão, como o Sudão do Sul, consideram ser sua. Mais de quatro mil capacetes azuis da Etiópia estão no terreno. A Etiópia é o segundo maior contribuinte para a manutenção da paz no mundo. No entanto, o seu exército é acusado de violações de direitos humanos no seu país.
Foto: Getty Images/AFP/A. G. Farran
Somália: Modelo futuro da União Africana?
As forças de paz da ONU na Somália estão a lutar sob a liderança da União Africana numa missão conhecida como AMISOM. Os soldados estão no país africano para combater os islamitas al-Shabaab e trazer estabilidade ao país devastado pela guerra. Etiópia, Burundi, Djibouti, Quénia, Uganda, Serra Leoa, Gana e Nigéria contribuem com as com suas tropas para a AMISOM.