Antes do arranque do G20 na cidade alemã de Hamburgo, esta sexta-feira, especialistas defendem comércio livre e justo e, sobretudo, cooperação como diretrizes para a economia global.
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O encontro de alto nível do G20 - grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia - que arranca esta sexta-feira (07.07) irá discutir desenvolvimentos importantes para a economia mundial no contexto da globalização.
"Há naturalmente o fenómeno geral da renacionalização das políticas económicas, medidas protecionistas, partindo também os Estados Unidos. Isto significa que pode ser que a globalização dê um passo para trás," antecipa Henning Vöpel, diretor do Instituto de Economia Mundial de Hamburgo (HWWI).
O último relatório do Banco de Compensações Internacionais (BIS) – organização que reúne bancos centrais de 55 países – adverte que exatamente a integração promovida pela globalização teria trazido um melhor padrão de vida e menos pobreza para grande parte da população mundial. Uma das condições, no entanto, é um mais livre quanto possível fluxo de bens e serviços.
"Claro que também é importante tornar o comércio justo. Especialmente no que diz respeito aos países em desenvolvimento, a África - certamente um continente que terá uma influência muito decisiva sobre o progresso da globalização nos próximos 20 anos. No entanto, vemos que o livre comércio esta a ser um pouco reprimido. Os Estados - e não apenas os Estados Unidos - tentam novamente controlar opções e possibilidades de negociação. Por isso, trata-se também de defender o livre comércio," Henning Vöpel explica.
Baixas expectativas
Com os seus complexos e entrelaçados temas, a cimeira corre o risco de ser abafada por uma disputa sobre a formulação apropriada da declaração final. Mas será que nessas condições o compromisso alcançado tem algum valor? Gabriel Felbermayr do Instituto para Pesquisa Económica (IFO) de Munique, acredita que sim.
"Esse regime da economia global baseia-se na cooperação. Por isso, é importante que um compromisso com um comércio livre e o tão justo quanto possível esteja no comunicado. No passado, sempre houve este compromisso por escrito, mas apesar disso, os países, por vezes, adotaram uma política muito protecionista. É, claro, um compromisso de boca, mas ainda assim tem algum valor, porque dita a norma. Quem age diferente, permite ser acusado de se comportar de maneira não cooperativa," defende.
Vorbericht G20 OL - MP3-Stereo
Europeus e alemães, falam sobre comércio livre e justo - e, assim, parecem aceitar as demandas de Donald Trump por um acordo de comércio justo. No entanto, cada um tem ideias diferentes do que seria justo. Mas desde que Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos, os europeus e alemães rumam notavelmente, em direção à Ásia, Japão, China e Índia - quando se trata de livre comércio ou das alterações climáticas. Para Henning Vöpel este seria um sinal de mudança nos pesos económicos dos países.
"Donald Trump começou com seu 'América first' (ou 'América primeiro', em português), o que pode resultar em um isolamento gradual dos norte-americanos, em uma descida de um poder militar e econômico. Os chineses aproveitam para reivindicar uma determinada posição. Vêm agora a chance de realmente entrar para as grandes economias. Sim, estamos entrando em uma nova ordem da economia mundial," considera.
As expectativas para a cimeira do G20 entre especialistas económicos são relativamente baixas. Gabriel Felbermayr do Instituto para Pesquisa Económica de Munique espera, no entanto, que Hamburgo envie uma mensagem ao mundo.
"O que o G20 tem que alcançar é enviar um sinal credível de que a cooperação deve continuar a ser o princípio orientador para todas as coisas que são de relevância global," avalia.
17 objetivos para o futuro
Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas almejam criar um mundo mais justo até 2030, protegendo o meio ambiente e eliminando a fome e a pobreza. O plano foi adotado numa cimeira da ONU.
Foto: Emmanuel Dunand/AFP/Getty Images
1º objetivo: um mundo sem pobreza
Até 2030, nenhuma pessoa deverá mais ter que viver em extrema pobreza. A comunidade internacional pretende assim ir mais longe do que com os Objetivos do Milénio, que previam apenas cortar para metade até 2015 o número de pessoas que vive na miséria. A definição da Organização das Nações Unidas (ONU) para "extrema pobreza" é ter que subsistir com o equivalente a menos de cerca de um euro por dia.
Foto: Daniel Garcia/AFP/Getty Images
2º objetivo: um mundo sem fome
Atualmente, mais de 800 milhões de pessoas não têm suficiente para comer, diz a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Até 2030, mais nenhuma pessoa deverá sofrer de subnutrição. Para conseguir o objetivo, será promovida a agricultura sustentável e fomentados os pequenos agricultores e o desenvolvimento rural.
Foto: picture-alliance/dpa
3º objetivo: saúde em todo o mundo
Anualmente morrem em todo o mundo 6,6 milhões de crianças com menos de cinco anos. E todos os anos morrem 500 mil mulheres durante a gravidez ou o parto. A mortalidade infantil e materna podia ser evitada com meios simples. Até 2030, todas as pessoas deverão beneficiar de cuidados de saúde preventivos, assim como obter vacinas e medicamentos a preços acessíveis.
Foto: DW/P.Kouparanis
4º objetivo: formação escolar para todos
Seja menina ou menino, rico ou pobre: até 2030, cada criança deverá obter uma formação escolar, que, mais tarde, lhe permita encontrar um emprego. Homens e mulheres deverão ter as mesmas oportunidades de formação, independentemente da sua etnia ou condição social, ou de uma deficiência física.
Foto: DW/S. Bogdanic
5º objetivo: a igualdade de géneros
As mulheres deverão ter as mesmas possibilidades que os homens de participar na vida pública e política. A violência e o casamento forçado serão relegados à história. E as mulheres de todo o mundo deverão passar a ter acesso livre a contracetivos e planeamento familiar. Este objetivo é criticado por alguns representantes religiosos.
Foto: Behrouz Mehri/AFP/Getty Images
6º objetivo: água como direito humano
A água é um direito humano. Não obstante, 770 milhões de pessoas não têm acesso a água potável e mil milhões de pessoas não têm acesso a sistemas sanitários, segundo a ONU. Até 2030, todas as pessoas deverão poder aceder a água potável e sistemas sanitários a preços módicos. A água deverá ser consumida de forma sustentável e os ecossistemas protegidos.
Foto: DW/B. Darame
7º objetivo: energia para todos
Até 2030, todas as pessoas deverão ter acesso a eletricidade e energia, de preferência de fontes renováveis. A taxa mundial de eficiência energética deverá ser duplicada e a infraestrutura alargada, sobretudo nos países mais pobres. Atualmente, cerca de 1,3 mil milhões de pessoas não têm eletricidade.
Foto: Fotolia/RRF
8º objetivo: condições de trabalho justas para todos
Condições de trabalho justas e sociais em todo o mundo, oportunidades de emprego para os jovens e uma economia global sustentável: o oitavo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) aplica-se a países industrializados e em vias de desenvolvimento e inclui a eliminação do trabalho infantil e o respeito pelas normas de trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Foto: GIZ
9º objetivo: infraestruturas sustentáveis
O desenvolvimento económico do qual todos possam beneficiar deverá ser fomentado através da melhoria das infraestruturas. A industrialização deve fazer-se de forma ecológica e sustentável, garantindo que crie mais e melhor emprego e fomente a inovação, de modo a contribuir para a justiça social.
Foto: imago/imagebroker
10º objetivo: uma distribuição equitativa
Segundo a ONU, mais de metade do crescimento económico global beneficia apenas 1% da população mundial. O fosso entre pobres e ricos é cada vez mais fundo. Por isso, a política internacional de desenvolvimento deverá ajudar sobretudo a metade mais pobre da população e os países mais pobres do mundo.
Foto: picture-alliance/dpa
11º objetivo: cidades nas quais se possa viver
Nos centros urbanos deverão ser construídos apartamentos e casas a preços acessíveis, assim como espaços verdes ecológicos. Os países em vias de desenvolvimento receberão apoio para tornar as cidades resistentes a catástrofes naturais causadas pelas alterações climáticas.
Foto: picture alliance/blickwinkel
12º: consumo e produção sustentáveis
Todo o mundo é responsável pela reciclagem, a reutilização de recursos e a diminuição do lixo, sobretudo na produção de alimentos e no consumo. Os recursos devem ser explorados e usados de forma ecológica e socialmente responsável. Os subsídios para as energias fósseis devem ser gradualmente eliminados.
Foto: DW
13º objetivo: combater as alterações climáticas
Hoje já há um consenso global sobre a necessidade de tomar medidas para conter as alterações climáticas. Os países mais ricos deverão ajudar os mais pobres através da transferência de tecnologias e fundos. Ao mesmo tempo deverão reduzir substancialmente as suas próprias emissões.
Foto: AP
14º objetivo: a proteção dos oceanos
Os oceanos estão já à beira do colapso e é necessário agir com rapidez para salvá-los. Até 2020 deverão ser tomadas medidas contra a pesca excessiva, assim como a destruição de zonas costeiras e de ecossistemas marinhos. A poluição dos mares com lixo e adubos só deverá ser significativamente reduzida até 2025.
Foto: imago
15º objetivo: travar a destruição do meio ambiente
Aos países membros da ONU foram concedidos cinco anos para pôr cobro à degradação ambiental maciça das bacias hidrográficas, florestas e biodiversidade. Até 2020, a terra, florestas e fontes de água. A gestão dos recursos naturais deverá ser fundamentalmente alterada.
Foto: picture alliance/dpa
16º objetivo: impor a lei e a justiça
Todas as pessoas têm que ser iguais perante a lei. O terrorismo, crime organizado, violência e corrupção devem ser combatidos com eficácia através das instituições nacionais a cooperação internacional. Até 2030, todas as pessoas terão o direito a uma identidade legal e uma cédula de nascimento.
Foto: imago/Paul von Stroheim
17º objetivo: um futuro solidário
Como já fora estabelecido nos Objetivos do Milénio, os países ricos deverão finalmente contribuir com 0,7% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para o desenvolvimento. A Alemanha, por exemplo, atualmente dedica 0,39% do seu PIB à ajuda ao desenvolvimento. Apenas cinco países atingiram a meta estabelecida de 0,7%: Noruega, Dinamarca, Luxemburgo, Suécia e Grã-Bretanha.