Força de combate ao terrorismo no Sahel custará 423 milhões
AFP | mjp
2 de julho de 2017
Reunidos em Bamako, Mali, Níger, Burkina Faso, Mauritânia e Chade chegam a acordo para financiar a força internacional de combate ao extremismo islâmico. Presidente francês apoia, mas pede eficácia.
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Os líderes do G5 Sahel reuniram-se este domingo (2.07) em Bamako, capital do Mali, com o Presidente francês, Emmanuel Macron, e chegaram a acordo quanto ao orçamento da força conjunta regional de combate aos radicais islâmicos: 423 milhões de euros. Segundo o Presidente maliano, Ibrahim Boubacar Keita, cada um dos países "vai fazer o esforço de 10 milhões de euros”. A questão do financiamento foi o ponto central da cimeira deste domingo, adiantou o chefe de Estado, em conferência de imprensa conjunta com o homólogo francês.
A União Europeia (UE) já prometeu 50 milhões de euros - "o início de um compromisso de longo prazo", segundo o Presidente francês. Nos próximos meses, deverá ter lugar uma conferência de doadores.
Emmanuel Macron disse ter "grandes esperanças de que a 13 de julho," o Conselho Franco-Alemão em Paris irá permitir que ambos os países "anunciem compromissos conjuntos em torno desta aliança". Segundo o chefe de Estado francês, a força conjunta deverá ser implementada até setembro e, até lá, o financiamento estará finalizado.
A 21 de junho, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução que "saúda" a implantação desta força regional, mas não anunciou qualquer mandato ou fundos.
França promete apoio técnico e financeiro
Em Bamako, o Presidente francês prometeu apoiar o G5 Sahel na implementação da força conjunta contra os radicais islâmicos, mas instou os cinco países a demonstrar eficácia no combate.
Confrontado com a deterioração da situação devido à violência no centro do Mali, na fronteira com o Burkina Faso e o Níger, o G5 reativou, numa cimeira em fevereiro, também na capital do Mali, a proposta de criação da força conjunta de combate ao terrorismo.
Implementada inicialmente na fronteira entre o Mali, Burkina Faso e Níger, com uma força inicial de 5 mil soldados, com sede em Sevare, no centro do Mali, a força regional vai juntar-se à operação francesa "Barkhane” e à missão da ONU no Mali, a MINUSMA, no combate aos extremistas islâmicos no Sahel.
Segundo Emmanuel Macron, França irá fornecer 70 veículos táticos e apoio operacional: "Do ponto de vista militar, é um esforço equivalente a mais de 8 milhões de euros até ao final do ano".
Falando perante os homólogos do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, do Chade, Idriss Déby Itno, da Mauritânia, Mohamed Ould Abdelaziz, do Burkina Faso, Roch Marc Christian Kaboré, e do Níger, Mahamadou Issoufou, o presidente francês saudou "uma dinâmica e um movimento de fundo que França tem orgulho de acompanhar", mas sublinhou que, "para garantir apoio a longo prazo”, os líderes e exércitos do G5 terão de mostrar eficácia.
"Cabe a vocês e aos vossos exércitos convencer que o G5 pode ser eficaz, respeitando as convenções humanitárias. Os resultados devem estar na ordem do dia para convencer os nossos aliados", disse Macron, na abertura da cimeira em Bamako.
Viagem a partir de Agadez
Todas as semanas, milhares de pessoas atravessam o deserto do Sahel rumo à Europa. A meio da viagem, muitos param em Agadez, a maior cidade do centro do Níger.
Foto: Reuters/Akintunde Akinleye
Sala de espera
Vêm do Benim e estão cansados. Num centro para refugiados, em Agadez, estes homens aproveitam para dormir. Eles aguardam o transporte que os levará ao norte do continente africano, passando pelo deserto e pela fronteira com a Líbia, até chegar ao Mar Mediterrâneo. Destino final: Europa.
Foto: Reuters/Akintunde Akinleye
A cidade dos guetos
Agadez serve de sala de espera aos refugiados da África Ocidental. Migrantes da Nigéria, Senegal, Gana ou Mali vivem nos cerca de 70 guetos que existem por aqui, separados geralmente por país de origem. Estima-se que, em 2015, cem mil refugiados atravessaram o Níger a caminho do norte.
Foto: Reuters/Akintunde Akinleye
À entrada do cemitério
"O deserto foi sempre um cemitério para migrantes", diz Rhissa Feltou, edil da cidade localizada no centro da região do Sahel. Ele ouve frequentemente as histórias dos viajantes sobre cadáveres à beira da estrada ou esqueletos encontrados na areia. O tráfico de pessoas é uma importante fonte de rendimento por aqui. A cidade já quase não tem turistas.
Foto: Reuters/Akintunde Akinleye
Pedir proteção divina
Antes de seguir viagem, muitos buscam a benção de um imã numa das mesquitas de Agadez. Os viajantes não são só ameaçados pelo calor e areia, mas também pelos ladrões e radicais islâmicos estacionados no deserto.
Foto: Reuters/Akintunde Akinleye
Coragem e desespero
"É assustador", diz Fousseni Ismael, de 16 anos. "Mas tenho de vencer o medo. Na vida, precisamos de ser corajosos." O jovem do Benim pretendia seguir viagem pelo deserto, a bordo de uma carrinha, nessa noite.
Foto: Reuters/Akintunde Akinleye
Seguir em frente, apesar de tudo
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), morrem tantas pessoas na travessia do deserto, a caminho do norte do continente, como no Mar Mediterrâneo, rumo à Europa. Na mochila, estes homens do Benim levam apenas o essencial. Às vezes, os migrantes levam anos a chegar à Europa.
Foto: Reuters/Akintunde Akinleye
Água para três dias
Ao todo, 19 homens partilham o espaço nesta pequena carrinha. A viagem até ao sul da Líbia dura três dias. Para evitar que a água para beber evapore, os recipientes são protegidos com sacos molhados. Os "passadores", na cabine do veículo, arriscam até 30 anos de prisão. Pelo menos é o que estipula uma nova lei, instituída sob pressão da União Europeia.
Foto: Reuters/Akintunde Akinleye
Falta de segurança e corrupção
Alguns polícias tiram proveito do transporte de pessoas pelo deserto. Muitas vezes, os veículos são parados e os refugiados chantageados e roubados. Mais arriscado ainda é para quem se senta na beira dos carros. Os homens seguram-se apenas em pedaços de madeira fixados ao veículo. Cair no meio do deserto seria morte certa. E isso muito antes de alcançar o Mar Mediterrâneo.