G7 em França: Amazónia, Brexit e Irão em cima da mesa
Lusa | AFP | AP | tms
24 de agosto de 2019
Sob protestos, as grandes potências industriais, incluindo a Alemanha, reúnem-se a partir deste sábado (24.08) em França para debater sobre o Irão, o Brexit e os fogos na Amazónia. Comércio mundial também vai a debate.
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O Presidente de França, Emmanuel Macron, recebe em Biarritz, no sudoeste francês, os dirigentes dos Estados Unidos, Donald Trump, Reino Unido, Boris Johnson, Alemanha, Angela Merkel, Itália, Giuseppe Conte, Canadá, Justin Trudeau, e Japão, Shinzo Abe. Juntos vão discutir as divergências em relação ao Irão, ao Brexit, aos fogos na Amazónia e ao comércio mundial.
Na cimeira, vão também estar o presidente do Conselho da União Europeia (UE), Donald Tusk, e vários chefes de Estado e de Governo convidados pela Presidência francesa, entre os quais o indiano Narendra Modi, o egípcio Abdel Fattah al-Sisi, o chileno Sebastian Piñera, o ruandês Paul Kagame e o senegalês Macky Sall.
O programa inicia-se com um jantar, este sábado, e termina com uma conferência de imprensa final, na segunda-feira (26.08) à tarde.
Centenas de manifestantes protestam enquanto os líderes do G7 chegam à cidade de Biarritz. Os ativistas alertam contra as políticas climáticas, a apontar o dedo aos líderes mundiais pelos problemas no clima.
A polícia informou que 17 pessoas foram presas até sexta-feira à noite durante confrontos com manifestantes acampados perto da cidade de Hendaye.
O presidente do Conselho da UE, Donald Tusk, disse que a cimeira deste ano será uma reunião "extraordinariamente difícil". Tusk advertiu em particular contra as divergências comerciais, que, segundo ele, podem levar a uma recessão global. Outras ameaças incluem a mudança climática e a tecnologia que está se desenvolver mais rapidamente do que a capacidade de regulá-la.
Fogos na Amazónia
Os fogos florestais que estão a devastar a Amazónia impuseram-se à última hora na agenda, já de si ampla, com Macron a evocar uma "crise internacional" e a pedir aos países industrializados do G7 "para falarem desta emergência" na cimeira.
A sugestão foi de imediato criticada pelo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que acusou Macron de "mentalidade colonialista" ao "instrumentalizar" o assunto propondo que "assuntos amazónicos sejam discutidos [...] sem a participação dos países da região", o que deu origem a escalada de tensão que levou o chefe de Estado francês a acusar o brasileiro de "mentir" quando afirmou que iria respeitar os compromissos ambientais e a anunciar que, nestas condições, França opõe-se ao acordo de comércio livre UE-Mercosul.
Segundo fontes diplomáticas francesas, os conselheiros políticos dos líderes do G7 estavam na sexta-feira a discutir e a preparar "medidas concretas" em relação à Amazónia, as quais "podem materializar-se no G7".
Os fogos na maior floresta tropical do mundo vão, segundo as fontes, estar os principais pontos do jantar informal de hoje e da reunião sobre ambiente prevista para segunda-feira.
Temas difíceis
O Irão é outro dos temas difíceis na agenda, com Emmanuel Macron a querer desbloquear a crise desencadeada pela retirada unilateral dos Estados Unidos do acordo nuclear de 2015, assinado entre o Irão e as potências do chamado grupo 5+1 (Alemanha, França, Reino Unido, Rússia e China e EUA).
Depois da decisão norte-americana, associada à imposição de fortes sanções, o Irão deixou de cumprir algumas das obrigações impostas pelo acordo, que limitava o seu programa nuclear em troca do levantamento das sanções económicas, e pede aos europeus, que querem preservar o pacto, medidas que permitam contornar as sanções norte-americanas.
A economia mundial, com sinais de uma possível recessão e com a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, será um dos temas mais importantes da reunião.
Para evitar uma repetição do que se passou na última cimeira, no Canadá, em que Trump recusou assinar o comunicado final com as conclusões com que tinha concordado, Emmanuel Macron decidiu eliminar o comunicado final, "esses comunicados que ninguém lê e que resultam de intermináveis conflitos burocráticos".
China em África: maldição ou benção?
A China quer mudar a sua imagem: de país explorador das matérias-primas africanas, para agente de desenvolvimento. Fazemos uma viagem pela história das relações sino-africanas.
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Parceiros igualitários?
A China leva estradas asfaltadas, grandes estádios de futebol e internet de banda larga para África. Ao mesmo tempo, pede ao continente petróleo e outras matéria-primas. A China já é o maior parceiro comercial de África. Até 2020, o país pretende duplicar o volume de negócios para 400 mil milhões de dólares. Os críticos temem que haja apenas um vencedor nestes negócios: a China.
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TAZARA: o primeiro grande projeto
A cooperação sino-africana começou nos anos 50 e 60. Como sinal da fraternidade socialista, a China financiou a construção de uma linha ferroviária que transportava o cobre da Zâmbia para a cidade portuária da Tanzânia, Dar es Salaam. O projeto baseava-se na amizade inter-étnica e no trabalho solidário. A ferrovia chamda TAZARA " Tanzania-Zambia Railway" funciona até aos dias de hoje.
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Chegaram para fazer negócios
Com a estratégia "Go Global", na década de 90, o Governo chinês muda a sua política para África, começando a apoiar empresas do próprio país a fazerem negócios com o continente. O objetivo: proteger os recursos naturais estratégicos e promover o desenvolvimento económico da China. Ou seja, ter África como um parceiro de negócios e mercado para os bens de consumo chineses.
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Críticas do Ocidente
Com a nova política, a China garante para si campos de petróleo e as minas de metais preciosos, não tendo medo de trabalhar com regimes autoritários e corruptos. O país não é bem visto na Europa e nos Estados Unidos. A China só estaria interessada na exploração de recursos naturais, mas não no bem das pessoas, é a crítica do Ocidente.
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Infraestruturas como moeda de troca
A China também faz negócios com o Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, procurado pelo Tribunal Penal Internacional por genocídio. O país está a tornar-se o mais importante investidor na indústria de petróleo sudanês. Além disso, a empresa chinesa de petróleo estatal financia a construção da barragem de Merowe, no norte do Sudão.
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Oferta de 150 milhões de euros à União Africana
As boas relações com a África são bem pagas pela China. Em 2012, o país financiou a construção da sede da União Africana, em Adis Abeba. "A China vai ajudar os países africanos a ampliar a sua força e independência", disse o chefe da delegação chinesa na cerimónia de abertura.
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Líder do mercado de telecomunicações
Duas empresas chinesas dominam o mercado africano de telecomunicações: a ZTE e a Huawei. Foi a essas empresas que Governos de todo o continente fizeram as suas grandes encomendas. Na Etiópia, a Huawei e a ZTE constroem uma rede de 3G para todo o país por 1,7 mil milhões de dólares. Na Tanzânia, empresas chinesas instalaram cerca de 10 mil quilómetros de cabos de fibra ótica.
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Concorrentes desagradáveis
As esperanças de melhores oportunidades em África não atraem apenas as grandes empresas, mas também milhares de cidadãos comuns chineses . Eles abrem pequenas lojas onde vendem produtos chineses baratos: utensílios de cozinha, jóias, dispositivos elétricos. "Muitos comerciantes africanos não estão satisfeitos com a nova concorrência", diz o economista queniano David Owiro.
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À espera de novos postos de trabalho
Seja no comércio de retalho ou na construção de estradas "os africanos raramente lucram com investimentos chineses. As empresas trazem os seus próprios trabalhadores", diz Owiro. Agora, na África do Sul, onde a China acaba de inaugurar uma fábrica de camiões, isso pode mudar. O Governo sul-africano elogia o projeto como um marco para a industrialização africana e espera novos postos de trabalho.
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De exportador a agente de desenvolvimento?
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, ofereceu dois mil milhões de dólares para um fundo de desenvolvimento para África durante a sua visita ao primeiro-ministro da Etiópia, Hailemariam Desalegn, em maio de 2014. A liderança chinesa quer abrir um novo capítulo nas relações China-África, passando de país explorador das matérias-primas para agente de um desenvolvimento sustentável.
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Medo pela reputação
"A China teme pela sua reputação no mundo", diz Sun Yun do centro de pesquisa norte-americano "Brookings". As alegações nos média de que a China só estaria interessada nas matérias-primas de África levaram a esta mudança. O Governo publicou recentemente uma lista dos programas de ajuda ao desenvolvimento, que inclui 30 hospitais, 150 escolas, 105 projetos de energia e água renováveis.
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O charme chinês
Para promover a sua missão em África, a China lançou uma grande campanha mediática. Os meios de comunicação do Governo para o estrangeiro focam claramente os negócios, África é retratada como o continente próspero. Algo que contrasta com décadas de cobertura negativa dos meios de comunicação ocidentais.