Gabão: General Nguema nomeado presidente de transição
31 de agosto de 2023A junta militar golpista anunciou que o general Brice Oligui Nguema, comandante da Guarda Republicana, uma unidade de elite das Forças Armadas do país, foi nomeado presidente do Comité de Transição e de Restabelecimento das Instituições.
O grupo que detém agora o poder no Gabão diz ter escolhido Nguema "por unanimidade", consumando assim o fim da dinastia da família Bongo, que liderava o país há 55 anos.
O Presidente Ali Bongo Ondimba, foi colocado em prisão domiciliária e um dos seus filhos foi detido por "traição", horas depois de os militares terem anunciado que tinham derrubado o governo, após o Presidente ter sido declarado vencedor de umas eleições marcadas por receios de violência.
Num vídeo gravado da sua residência, Ali Bongo pediu aos gaboneses para fazer barulho contra o golpe em curso. Mas o povo saiu à rua na capital, Libreville, para celebrar o fim do regime.
"Uma libertação"
Do lado da oposição, o candidato da principal plataforma da oposição, Albert Ondo Ossa, contactado pela DW, não quis comentar imediatamente a evolução da situação no Gabão. Disse que estava à espera que a situação ficasse mais clara antes de fazer qualquer declaração.
Para Gervais Oniane, presidente da União para a República e candidato às eleições presidenciais, cujos resultados foram anulados pelos golpistas, a ação dos militares é sinónimo de "libertação" e de "alegria" para o povo do Gabão.
"Esperamos que o exército, que assumiu as suas responsabilidades, leve esta transição até ao fim, de modo a que a ordem seja restabelecida no país e o processo seja restaurado para que o poder seja devolvido aos civis o mais rapidamente possível", declsrou.
Críticas da União Africana
A União Africana (UA) condenou firmemente a tomada de poder pelos militares. O presidente da comissão, Moussa Faki Mahamat, considera este ato uma flagrante violação dos principios da organização e apelou às forças de segurança para terem em conta a sua vocação republicana.
João Lourenço, Presidente de Angola, também expressou a sua preocupação com um mundo cada mais vez conturbado, "com conflitos de toda a ordem" e pediu mais atenção do Serviço de Inteligência Externa do país.
Em São Tomé e Príncipe, o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, condenou o golpe e defendeu o diálogo para o regresso rápido à ordem constitucional no país africano, sem violência.
Reprovação internacional
A comunidade internacional também já reagiu, com um tom unido de reprovação. A França apelou a que o resultado das eleições seja respeitado e disse estar a acompanhar a evolução da situação no país.
A China e a Rússia manifestaram preocupação com a segurança do Presidente Ali Bongo e a ONU reafirmou a sua forte oposição a golpes militares.
A União Europeia (UE) também deixou um alerta, prevendo que este golpe irá aumentar a instabilidade em toda a região central de África.
O Gabão era governado pela família Bongo há mais de 55, desde a independência da França, em 1960. Este foi o oitavo golpe militar num país africano francófono em três anos.