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Gabão vota em eleições legislativas e municipais

AFP | tms
6 de outubro de 2018

O Gabão vota pela primeira vez desde as eleições de 2016, marcadas pela violência. Quase 700 mil eleitores foram chamados às urnas. Entretanto, o líder da oposição boicotou a votação, alegando fraudes no processo.

Eleições presidenciais de 2016Foto: Reuters/E. W. Obangome

O Gabão, país rico em petróleo e governado pela mesma elite política há quase meio século, vota este sábado (06.10) em eleições legislativas e municipais. Esta votação, há muito adiada, é a primeira desde a eleição presidencial há dois anos, marcada por violência e alegações de fraude.

É improvável que uma oposição dividida represente um desafio bem-sucedido para o Partido Democrático do Gabão (PDG), do Presidente Ali Bongo, sugerem as pesquisas. Seu principal rival, Jean Ping, preferiu boicotar a eleição, mas a maioria dos outros grupos de oposição entrou na disputa.

A maioria das assembleias de voto na capital, Libreville, abriu às 8h locaissob um céu cinzento e chuva fraca. Um eleitor, o lojista de 53 anos Stanislas Bidoubi, disse à AFP que estava apoiando um partido da oposição. "Eu quero mudar no meu país", disse ele.

Ali Bongo, Presidente do GabãoFoto: picture-alliance/AP Photo/F. Mori

Participação

Os cartazes destacavam-se em Libreville pedindo aos 680 mil eleitores do país que comparecessem para eleger 143 novos deputados, assim como outros quadros locais.

A participação nas eleições no Gabão é geralmente baixa, mas as primeiras filas apontaram para um interesse vivo dos eleitores, pelo menos no centro da capital. "Nunca perdi uma eleição", disse Rainatou Wagne, de 52 anos. "Mesmo que haja trapaça em todas as eleições africanas, como cidadão gabonês prefiro votar", disse ela.

Violência

A polêmica reeleição de Bongo em agosto de 2016 por apenas alguns milhares de votos levou Ping a afirmar que a vitória havia sido uma fraude. A violência estourou e dezenas de pessoas foram mortas, de acordo com a oposição, mas o Governo diz que apenas quatro morreram.

O quartel-general de Ping foi bombardeado e a oposição também afirmou que abusos generalizados dos direitos humanos foram cometidos por milícias armadas que tomaram as ruas.

Violência nos arredores do bastião da oposição em Libreville, em 2016Foto: Reuters/Life Africa TV

Denúncias de fraude

Antes da votação deste fim de semana, que foi adiada três vezes desde 2016, a campanha foi discreta. Mas no sábado, alguns candidatos da oposição apontavam alegadas irregularidades, dizendo que os boletins de voto tinham desaparecido, que havia tentativas de comprar votos e que seus representantes não tiveram acesso.

As divisões políticas são profundas no Gabão, governada por Omar Bongo de 1967 até sua morte em 2009, quando seu filho Ali assumiu. E a economia dependente do petróleo do Gabão foi atingida pela queda dos preços do petróleo.

"Não estou certo de que esta eleição alivie as tensões, porque desde 2016 o país foi dilacerado por uma crise que dividiu famílias e mudou o cenário político", disse o especialista político Wilson Andre Ndombet.

Para este dia de votação, o Governo fechou as fronteiras do país e baniu as vendas de álcool até o final do processo eleitoral.

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