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Liberdade de expressãoAngola

Gangsta: "Eles querem ter-nos sob controlo"

13 de março de 2023

O ativista angolano Nelson Dembo "Gangsta" acusa as autoridades de intimidarem membros da sua família para pôr fim às críticas que tem dirigido ao Executivo.

Ativista angolano Nelson Dembo "Gangsta"
Foto: B. Ndomba/DW

Nelson Dembo, mais conhecido por "DJ Gangsta", denuncia que ele e a sua família estão a ser perseguidos pelas forças de seguran­ça angolanas, alegadamente por causa das críticas que o ativista tem feito ao Executivo do Presidente João Lourenço.

"Querem restringir as liberdades individuais, essencialmente aos ativistas, que acabam por ser a força cívica mais atuante fora das grandes discussões políticas", afirma Nelson Dembo em declarações à DW África.

Ativista não cumpre ordens judiciais

"Gangsta" foi detido há um ano e ficou depois sob termo de identidade e residência. À DW, o jovem conta que foi acusado de praticar os crimes de associação criminosa, instigação à rebelião e à desobediência civil, além de ultraje ao Presidente da República e aos órgãos de soberania.

O ativista está proibido de sair do país e deveria apresentar-se periodicamente ao Serviço de Investigação Criminal (SIC). Mas diz que deixou de o fazer porque "não cumpre leis injustas".

"Tortura psicológica" à família

Para as autoridades angolanas, Nelson Dembo está foragido.

Terá sido por isso que o SIC deteve, no fim de semana, as irmãs do ativista, acompanhadas dos filhos menores.  

"Como deixei de me apresentar periodicamente e tenho estado a fazer 'lives', eles alegam que os lives são contundentes e foram prender a minha família, para os coagirem com medidas de tortura psicológica, durante quatro horas", explica Nelson Dembo.

"Revú" por um dia em Luanda

09:12

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O ativista garante que não está foragido, mas "acampado" em Luanda. 

Para "Gangsta", o termo de identidade e residência que pesa sobre ele é uma censura: "Eles querem ter-nos sob controlo. Se não te eliminam fisicamente, vão controlar-te por via destas medidas ditatoriais, que não concordo", afirma.

"Gangsta" diz que se sente inseguro e apela à solidariedade da sociedade civil angolana e da comunidade internacional.

A DW contactou o SIC para falar sobre o caso, mas o porta-voz Manuel Halaiwa não comentou o assunto.

"Eles estão a preparar outros presos"

As acusações de ultraje e incitação à rebelião imputadas a "Gangsta" são idênticas às que levaram à condenação dos ativistas Tanaice Neutro e Luther Campos.

Na semana passada, durante um encontro da sociedade civil sobre o direito à manifestação no país, o ativista social Paulo Evangelista disse temer que as autoridades angolanas estejam a apertar o cerco aos críticos do Governo.

"Eles estão a preparar outros presos. Não podemos negar isso. Eles não param de desenvolver a sua agenda. O que eles querem é nos matar aos poucos", referiu.

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