Gaza: Há esperança de que a trégua possa prolongar-se
27 de novembro de 2023O grupo Hamas afirmou este domingo (26.11) que está a tentar prolongar o cessar-fogo de quatro dias com Israel, que começou na passada sexta-feira (24.11).
"O Movimento de Resistência Islâmica Hamas está a tentar prolongar a trégua após o final do período de quatro dias, tentando seriamente aumentar o número de detidos libertados, conforme estabelecido no acordo de trégua humanitária", anunciou o grupo na plataforma Telegram.
Durante uma conversa telefónica com o Presidente dos EUA, Joe Biden, no domingo, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse que aceitaria o prolongamento da trégua se fossem libertados 10 reféns por dia.
Mas "no final do acordo, vamos voltar a ter todo o poder para realizar os nossos objetivos", acrescentou Netanyahu, dcitado pelo jornal The Times of Israel.
Ontem, o Hamas libertou 14 reféns israelitas e três tailandeses, que já foram transferidos para território israelita.
Também o serviço prisional israelita anunciou pelo terceiro dia consecutivo, a libertação de 39 prisioneiros palestinianos, todos menores, incluindo um residente na Faixa de Gaza.
O acordo, que também inclui a entrada de ajuda humanitária em Gaza, prevê a libertação de 50 reféns israelitas no total em troca de 150 prisioneiros palestinianos.
Prolongamento do cessar-fogo
Tanto o Hamas como Israel deram "uma resposta positiva" a uma proposta do Egito e do Qatar para prolongar a trégua na Faixa de Gaza, com "as mesmas condições", disse uma fonte de segurança egípcia à agência noticiosa EFE.
Outra fonte ligada ao processo adiantou que esta proposta "está próxima da aprovação final" e estipula a extensão da trégua por quatro dias, durante os quais o Hamas libertaria outros 40 reféns israelitas e Israel libertaria "mais presos".
A prorrogação do cessar-fogo iria também facilitar a entrada de mais ajuda humanitária e combustível em toda a Faixa de Gaza.
A ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, disse à emissora francesa BFMTV que também espera uma prorrogação do cessar-fogo.
Europeus e árabes debatem "situação crítica"
Os chefes da diplomacia dos 27 membros da União Europeia (UE), de outros 15 países mediterrânicos e da Comissão Europeia debatem hoje, em Barcelona, no oitavo Fórum Regional da União pelo Mediterrâneo (UpM), a situação no Médio Oriente com a presença da Autoridade Palestiniana, mas sem Israel.
Israel e a Autoridade Palestiniana fazem parte da UpM, mas Telavive cancelou a presença em Barcelona depois de a agenda inicial do encontro ter sido alterada e ter passado a ter como ponto único "a situação crítica em Israel e em Gaza-Palestina, assim como as consequências na região".
Telavive disse que UpM deveria ser "uma plataforma prática para fomentar a cooperação entre diferentes países em benefício de todos os povos do Mediterrâneo", mas corre agora "o risco de a transformar noutro fórum internacional em que os países árabes criticam Israel".
Este boicote frusta o objetivo do Governo espanhol, anfitrião dos fóruns da UpM, de fazer deste encontro uma plataforma de diálogo e de aproximação entre Israel e os países árabes, incluindo a autoridades palestiniana.
A decisão de Israel não estar em Barcelona coincidiu também com a visita do primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, em conjunto com o homólogo da Bélgica, Alexander de Croo, na quinta e na sexta-feira, ao Médio Oriente, durante a qual ambos fizeram declarações que o Governo de Telavive considerou de "apoio ao terrorismo" do Hamas.
Sánchez e de Croo condenaram o ataque a Israel, em 7 de outubro, do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e pediram a libertação dos reféns israelitas, mas criticaram Israel pelo desrespeito pelo direito internacional, "a matança indiscriminada de civis inocentes" palestinianos e a "inaceitável destruição de Gaza" na operação militar de Telavive das últimas semanas neste território.