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ConflitosIsrael

Gaza: Morte de civis na fila de ajuda gera onda de reações

DW (Deutsche Welle) | AFP | Lusa
1 de março de 2024

Mais de 100 civis foram mortos enquanto aguardavam ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Um incidente classificado como "carnificina" pelo chefe da diplomacia europeia. Há ainda reações do Hamas, ONU, Israel e EUA.

O incidente durante a entrega de ajuda humanitária foi registado na Cidade de Gaza, no norte da Faixa de Gaza
O incidente durante a entrega de ajuda humanitária foi registado na Cidade de Gaza, no norte da Faixa de GazaFoto: REUTERS

Um incidente ocorrido na quinta-feira (29.02) na Faixa de Gaza, que causou a morte de mais de 100 palestinianos e feriu centenas de outros enquanto esperavam para receber ajuda alimentar, provocou fortes reações de todos os intervenientes no conflito, incluindo o Hamas, a ONU, Israel e os Estados Unidos da América (EUA).

A agência noticiosa AFP citou testemunhas do local que afirmaram que as forças israelitas tinham disparado contra a multidão.

Inicialmente, Israel afirmou que as mortes tinham sido causadas pela confusão e pelo pânico que resultaram numa debandada. Mais tarde, reconheceu também que alguns soldados israelitas tinham disparado as suas armas, embora tenha afirmado que apenas tinham disparado para o ar ou para as pernas das pessoas.

Hamas ameaça retirar-se das negociações

O Hamas, que os EUA, a União Europeia (EU) e Israel classificam como uma organização terrorista, e cujo ataque de 7 de outubro contra Israel deu início a esta guerra, divulgou uma declaração após o incidente, ameaçando retirar-se das negociações em curso com Israel sobre a libertação de reféns e o cessar-fogo, invocando o "custo do sangue do nosso povo".

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Em declarações separadas, os países vizinhos Egito e Jordânia condenaram o que classificaram de "crime vergonhoso" e o "ataque brutal" a civis. O Egito, que faz fronteira direta com Gaza, declarou: "Consideramos que atacar civis pacíficos que se apressam a ir buscar a sua parte da ajuda é um crime vergonhoso e uma violação flagrante do direito internacional".

O chefe de ajuda da ONU, Martin Griffiths, classificou o incidente como "aterrador" e apontou para o número total de mortos em Gaza, que já ultrapassou os 30.000, dizendo que "a vida está a ser drenada de Gaza a uma velocidade assustadora".

Israel põe em causa ajuda humanitária

Em Israel, apesar dos avisos urgentes de todo o mundo que apelam a um aumento da ajuda humanitária a Gaza, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, de extrema-direita, afirmou que essas entregas deveriam ser totalmente suprimidas.

Ben-Gvir disse que o incidente de quinta-feira "mostra não só que é uma loucura transferir ajuda humanitária para Gaza enquanto os reféns ainda estão a ser mantidos, como também coloca os soldados em risco".

Em Washington, o Presidente dos EUA, Joe Biden - um firme aliado de Israel que tem vindo a sentir-se cada vez mais frustrado com a proporcionalidade da resposta de Israel ao ataque inicial do Hamas - afirmou que o incidente irá complicar os esforços para chegar a um acordo de cessar-fogo que, no início da semana, disse poder ser acordado até segunda-feira. Biden disse ainda que os EUA estão a analisar "duas versões concorrentes do que aconteceu", acrescentando que é atualmente impossível saber o que aconteceu exatamente e porquê.

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UE fala em "nova carnificina"

O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, denunciou o que chamou a "nova carnificina" e mortes "totalmente inaceitáveis" de mais de 100 civis que aguardavam ajuda humanitária em Gaza.

"Estou horrorizado com os relatos de mais carnificina entre civis em Gaza que estavam desesperados por ajuda humanitária", destacou Borrell, através da rede social X.

"Essas mortes são totalmente inaceitáveis", acrescentou o alto representante para a Política Externa e Segurança da UE.

Pelo menos 109 habitantes de Gaza morreram e 760 ficaram feridos durante a madrugada de quinta-feira, enquanto aguardavam a chegada de ajuda humanitária transportada por uma caravana de 32 camiões, segundo o Ministério da Saúde, controlado pelo movimento islamita Hamas, que responsabilizou as tropas israelitas.

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