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ConflitosIsrael

Gaza prepara-se para ofensiva terrestre

nn | com agências
15 de outubro de 2023

Israel anunciou abertura de corredor de saída para o sul do enclave. Chefe da diplomacia da UE pede que retirada de pessoas seja "seriamente reconsiderada". Exército israelita na iminência de iniciar operação por terra.

Tanque israelita move-se junto à fronteira com a Faixa de GazaFoto: Mostafa Alkharouf/AA/picture alliance

As forças israelitas estão a preparar ataques terrestres e aéreos contra militantes do Hamas na Faixa de Gaza .

As Forças de Defesa de Israel (IDF) voltaram a instar este domingo (15.10) os residentes da sitiada Faixa de Gaza a desocupar a Cidade de Gaza e as regiões do norte da faixa em direção ao sul.

O corredor humanitário anunciado ao final da noite de sábado (15.10) tinha uma duração de apenas três horas e terminava ao final da manhã deste domingo. 

O porta-voz das Forças de Defesa de Israel para a imprensa árabe, coronel Avichay Adraee, publicou na rede social X, que os residentes que ainda estão no norte de Gaza poderão viajar pela estrada central de Saladino para Khan Yunis "sem perigo de bombardeamentos".

Palestinos com seus pertences fogem do norte da cidade de Gaza após o alerta do exército israelita para deixarem as suas casas antes da esperada ofensiva terrestreFoto: Mahmud Hams/AFP/Getty Images

Hospitais sem capacidade de desmobilização

Vários hospitais do enclave declararam-se incapazes de deslocar os doentes, uma vez que não têm capacidade para transferi-los.

Até agora, o Exército israelita, que acusou o grupo islamita Hamas de bloquear a retirada de civis do norte do enclave, não avançou com a incursão terrestre em grande escala que a população de Gaza teme há dias, mas alertou hoje que, em breve, haverá "atividades militares significativas" na área.

"As FDI [Forças de Defesa de Israel] continuam a operar sobre a Faixa de Gaza e a atacar vários alvos militares do Hamas. Apelamos à população civil no norte da Faixa de Gaza para se retirar para sul do Rio Gaza. Isto não é notícia. O que sim é notícia é que o Hamas emitiu avisos aos seus civis para não evacuarem", disse o porta-voz militar, tenente-coronel Jonathan Conricus, no relatório diário publicado na rede social X.

"Escutem os nossos avisos. Estamos a dizer que haverá atividades militares significativas aqui e instamos os civis a retirarem-se para a sua própria segurança", disse Conricus.

Mais de 2 mil mortos

Os ataques israelitas na Faixa de Gaza mataram 2.329 pessoas, indicam os últimos números divulgados pelo Ministério da Saúde palestiniano. 

Fumo e fogo após um ataque aéreo israelita, no sábado (14.10), na Faixa de GazaFoto: Ariel Schalit/AP/picture alliance

Pelo menos 9.042 pessoas ficaram feridas na resposta israelita ao ataque do grupo islamita Hamas a Israel, acrescentou.  

O grupo islamita Hamas, considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, lançou no dia 7 deste mês um ataque contra Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.

Em resposta, Israel bombardeou a partir do ar várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas desde 2007, e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

A Alemanha proibiu, entretanto, todas as atividades ligadas ao Hamas no seu território.

Pedido da UE

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, pediu que a retirada de mais de um milhão de pessoas do norte para o sul da Faixa de Gaza, ordenada por Israel, seja "seriamente reconsiderada".

O responsável da UE apresenta assim uma posição alinhada com a do secretário-geral da ONU, António Guterres.

"A ordem de saída de mais de um milhão de pessoas do norte de Gaza deve ser seriamente reconsiderada, como defendeu vigorosamente António Guterres" num artigo de opinião no 'The New York Times', considerou Borrell.

O alto representante da União Europeia para a Política Externa também defendeu que "todos os reféns de Gaza devem ser libertados" e que "os civis não devem ser usados como escudos humanos".

Borrell explicou que manteve "intensas consultas" com a diplomacia da Arábia Saudita, Egipto, Qatar e Emirados Árabes Unidos, que confirmaram a sua "convicção de que a prioridade é garantir a proteção de todos os civis".

O representante para as relações externas da UE insistiu hoje, também em linha com Guterres, que a deslocação da população de Gaza exigida pelas forças israelitas é "perigosa" e "praticamente impossível".