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ConflitosTerritório Ocupado da Palestina

Gaza recebe ajuda por ar em cenário de escalada de conflito

nn | com agências
6 de novembro de 2023

O rei Abdullah II da Jordânia anunciou o lançamento aéreo de ajuda médica de emergência para Gaza, destinada a um hospital de campanha. O Líbano diz que quatro civis morreram num ataque aéreo israelita no sul do país.

Nesta foto divulgada pelo site das Forças Armadas da Jordânia, o pessoal da Força Aérea jordana é visto a lançar ajuda médica para um hospital de campanha em GazaFoto: Jordan Amed Forces/REUTERS

"Os intrépidos membros da Força Aérea entregaram ajuda médica urgente ao hospital de campanha jordano em Gaza à meia-noite", anunciou o rei na rede social X. "É nosso dever ajudar os nossos irmãos e irmãs feridos na guerra em Gaza. Estaremos sempre ao lado dos nossos irmãos palestinianos", acrescentou.

Esta ajuda chega num momento de elevada tensão na região. As autoridades libanesas informaram esta segunda-feira (06.11) que pelo menos quatro civis, incluindo três crianças entre os 10 e os 14 anos, foram mortos e dois ficaram feridos num ataque com um drone israelita que atingiu o carro em que viajavam em Aynata, no sul do Líbano. Os quatro mortos, pertencentes à família de um jornalista libanês que também ficou ferido, foram agredidos enquanto viajavam no seu carro, que foi engolido pelas chamas e ficou completamente queimado.  Os militares israelitas justificaram-se dizendo que o ataque foi dirigido a um veículo "suspeito de transportar terroristas".

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o ministro turco dos Negócios Estrangeiros, Hakan Fidan, iniciaram esta segunda-feira, em Ancara, o primeiro encontro desde o início da guerra entre Israel e o Hamas. De acordo com a agência France-Presse, Antony Blinken vai tentar apaziguar as posições de Ancara - um dos aliados estratégicos mas também mais difíceis de Washington - em plena guerra em Gaza.

Segundo a AFP, até ao momento não está previsto qualquer encontro com o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan. O chefe de Estado da Turquia já acusou Israel de estar a cometer um massacre em Gaza e nega que o braço armado do Hamas seja uma organização terrorista, tal como consideram os Estados Unidos e a União Europeia. 

Antony Blinken chegou a Ancara esta segunda-feira para se encontrar com o homólogo turcoFoto: Ercin Erturk/Anadolu/picture alliance

Aviso de Teerão

O Presidente iraniano e o primeiro-ministro iraquiano pediram esta segunda-feira, em Teerão, o fim dos bombardeamentos israelitas contra a Faixa de Gaza e advertiram sobre a possibilidade de uma expansão do conflito na região. "Os dois países sublinharam claramente que os ataques do regime sionista a Gaza devem cessar o mais rapidamente possível e que o povo [palestiniano] deve ser ajudado através do levantamento do cerco", disse o Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, numa conferência de imprensa com o chefe do Governo iraquiano, Mohamed Shia al-Sudani, que está de visita a Teerão.

O líder iraniano acusou os EUA de mentir quando afirmam procurar um cessar-fogo em Gaza, mas depois vetam as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, "permitindo assim que os sionistas cometam mais assassínios". "As armas americanas, os serviços secretos e a ajuda financeira ao regime sionista encorajam os assassínios e as ações brutais contra o povo palestiniano", afirmou Raisi.

Al-Sudani, por seu lado, afirmou que "aqueles que não querem que a guerra se alastre devem pressionar Israel para que cesse o genocídio organizado e os assassínios em Gaza".

O alto-representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros reconheceu também esta segunda-feira que o agravamento do conflito israelo-palestiniano é "resultado de um falhanço político e moral coletivo" e que nada foi feito para o resolver realmente. 

"A tragédia que está a desenrolar-se no Médio Oriente é o resultado de um falhanço político e moral coletivo, e as populações israelita e palestiniana estão a pagar um preço alto por isso. Este falhanço político e moral é resultado da nossa falta de vontade para resolver o problema israelo-palestiniano", disse Josep Borrell, na abertura de uma conferência com embaixadores, em Bruxelas.

"Sim... Comprometemo-nos formalmente com a solução dos dois Estados, mas sem um plano credível para atingir esse objetivo. A substância do problema israelo-palestiniano não é religiosa ou étnica. É um problema de duas populações que têm o mesmo direito a viver no mesmo território, por isso, precisam de partilhá-lo", acrescentou o chefe da diplomacia europeia.

China pede "segurança dos civis" em Gaza

A China apelou a que se "garanta a segurança dos civis e dos hospitais" em Gaza e afirmou que vai instar o Conselho de Segurança da ONU a "tomar medidas responsáveis e significativas" para "aliviar a crise". 

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, condenou em conferência de imprensa "os atos que prejudicam os civis, destroem infraestruturas civis e violam o direito humanitário internacional" e as "violações das regras básicas das relações internacionais". Wang apelou à "máxima calma e contenção", a um "cessar-fogo imediato e à cessação das hostilidades" e a que se "garanta a segurança dos civis, hospitais e de outras instalações civis" cuja proteção está prevista na Convenção de Genebra, visando "evitar mais catástrofes humanitárias".

Wang Wenbin, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinêsFoto: Mark Schiefelbein/AP

O Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas acaba de alertar que os alimentos básicos destinados à população civil em Gaza podem esgotar-se nos próximos três dias. Os abastecimentos que entraram no enclave através do Egito são muito escassos face às necessidades, principalmente alimentos destinados ao consumo imediato como atum (em conserva), arroz, barras energéticas e tâmaras. 

Por outro lado o Gabinete para a Coordenação da Ajuda Humanitária das Nações Unidas (OCHA) avisou no domingo que "um número limitado" de camiões com bens humanitários conseguiram cruzar a fronteira de Rafah, não tendo especificado mais dados sobre o trânsito de veículos que transportaram auxílio básico no último fim de semana. 

No passado dia 21 de outubro, Israel e o Egito aceitaram a entrada de ajuda humanitária - com restrições - sendo que até ao momento entraram em Gaza 451 carregamentos por estrada, de acordo com os dados da semana passada. 

Segundo o último relatório do OCHA, a distribuição de alimentos por parte de organizações internacionais aos deslocados internos no norte de Gaza está praticamente estancada devido à intensidade dos bombardeamentos de Israel. Calcula-se que permanecem ainda no norte do enclave cerca de 400 mil civis, entre os quais feridos, doentes e pessoas que não conseguem abandonar o local. 

Novo corredor humanitário

O Exército israelita anunciou entretanto a abertura de um novo corredor para que os civis que ainda permanecem no norte da Faixa de Gaza possam deslocar-se para o sul do enclave. "Para sua segurança aproveite o momento para avançar para o sul, para além de Wadi Gaza (norte)", afirmou o porta-voz Avichay Adraee das Forças de Defesa de Israel, através de uma mensagem em árabe difundida na rede social X. 

No dia 7 de outubro, o braço armado do grupo militante palestiniano Hamas lançou um ataque em solo israelita que matou mais de 1.400 pessoas. O grupo raptou ainda mais de 200 pessoas, incluindo estrangeiros, que foram levados para o território que controla em Gaza. A retaliação militar de Israel contra a faixa de Gaza causou, desde então, milhares de mortos.

Ocidente dividido sobre cessar-fogo na Faixa de Gaza

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