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Genocídio na Namíbia: Vítimas propõem nova negociação

Jana Genth
6 de abril de 2022

Acordo aprovado pelo Parlamento alemão ainda não foi ratificado na Namíbia. Agora, líderes Herero e Nama, descontentes com a proposta, querem uma nova negociação com o Governo que assumiu recentemente o poder em Berlim.

Foto: Jürgen Bätz/dpa/picture alliance

Há quase um ano, o então Governo alemão apresentou um acordo de reconciliação com a Namíbia, para sarar as feridas do genocídio dos povos Herero e Nama, no início do século passado. O episódio causou com cerca de 100.000 mortos.

Berlim ofereceu 1,1 mil milhões de euros de compensação ao longo de 30 anos e um pedido oficial de desculpas, como resultado de uma negociação de quase seis anos, com as autoridades namibianas.

No entanto, os hereros e o namas consideram a oferta alemã uma gota de água doce no oceano, conforme esclarece Nandi Mazeingo, chefe da Fundação Ova Herero Genocide.

"Rejeitamos [a oferta alemã] porque não tem nada a ver connosco. Não negociámos isto. Tudo o que foi negociado em nosso nome, mas sem nós, vai contra nós", afirma.

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Gaob Keith Kooper, presidente da Nama Traditional Leaders Association, afirma que "o que a Alemanha ofereceu é simplesmente uma piada".

"Nenhuma quantia de dinheiro fará justiça à perda de vidas humanas, à perda de gado e de propriedade do povo Herero e do Nama", diz Kooper.

Exclusão nas negociações

Os grupos étnicos Nama e Herero denunciam exclusão nas negociações entre o Governo namibiano e alemão sobre as compensações, indica Laidlaw Peringanda, da associação namibiana de genocídios.

"O facto é que os Nama e Herero são uma minoria por causa do genocídio. Aqueles que falam Ovambo controlam todo o Governo. Quando algo é decidido, não temos voto na matéria. Somos cidadãos de segunda classe no nosso próprio país", denuncia Peringanda.

Entretanto, proposta alemã para compensar as vítimas do genocídio contra os hereros e os namas, ainda não foi ratificada pelo Parlamento namibiano.

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Oportunidade para um novo acordo?

As associações das vítimas do genocídio olham para este facto como uma oportunidade para uma renegociação com  o novo Governo Federal alemão, com uma abordagem completamente nova, defende Laidlaw Peringanda.

"Tem de haver uma renegociação, e isto tem de envolver os namibianos de língua alemã, bem como os grupos de vítimas afetadas", explica.

Para isso, já foi endereçada uma carta à Berlim. E Gaob Keith Kooper, presidente da Nama Traditional Leaders Association, diz esperar que "o novo Governo de coligação retome as negociações e comece tudo de novo".

Mas enquanto a resposta de Berlim não chega, a controversa compensação alemã aos hereros e namas e questões em torno do genocídio ficam em banho maria.

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