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LAM: Gestão sul-africana denuncia situações de "corrupção"

Lusa
14 de setembro de 2023

A empresa sul-africana colocada pelo Governo a gerir a LAM afirmou que encontrou na transportadora aérea estatal situações de "corrupção", fornecimento de serviços acima dos valores de mercado e outros sem contratos.

Foto: DW/J. Beck

A empresa sul-africana colocada pelo Governo moçambicano a gerir as Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) afirmou esta quinta-feira (14.09) que encontrou na transportadora aérea estatal situações de “corrupção”, fornecimento de serviços acima dos valores de mercado e outros sem contratos, responsabilizando os administradores.

“Geriam a companhia como queriam”, afirmou, num encontro com jornalistas, em Maputo, o diretor-executivo da sul-africana Fly Modern Ark (FMA), Theunis Crous, escusando-se a revelar se estes casos foram ou não participados às autoridades competentes, como a Procuradoria-Geral da República.

Theunis Crous revelou, contudo, que a FMA está a preparar um relatório “exaustivo” destas práticas e que alguns desses administradores permanecem na companhia e apresentaram “resistência à mudança”.

Descreveu mesmo que algumas dessas pessoas “deitaram a companhia abaixo”.

As fortes dificuldades financeiras levaram em abril o Governo a colocar a companhia de bandeira moçambicana sob gestão da FMA.

Entre outras situações reveladas por Theunis Crous está um alegado aumento de remuneração decidido pela então administração, para os próprios administradores, aprovada em janeiro último, de 100 mil meticais (1.468 euros) por mês, “quando o Governo procurava uma solução para a gestão” da LAM.

“Imediatamente parámos logo isso”, disse ainda, garantindo que esses administradores foram chamados a devolver esses pagamentos recebidos de janeiro a maio.

Segundo o diretor-executivo da sul-africana Fly Modern Ark, antigos administradores da LAM geriam a companhia "como queriam"Foto: Johannes Beck

A LAM é "viável"

O gestor acrescentou que encontraram casos de aeronaves fretadas por valores muito acima dos valores de mercado, serviços prestados à LAM que além dos preços altos não ofereciam qualidade, como o ‘catering’, e outros pagos sem faturação ou contratos.

“Quando chegámos estava um Boeing há sete meses em Joanesburgo numa reparação que devia ter sido feita em 30 dias”, exemplificou ainda, exigindo responsabilidades, mas garantindo que a LAM é viável.

“O maior ativo da companhia é a lealdade dos moçambicanos à marca LAM, que apesar dos problemas voltam sempre”, admitiu Theunis Crous.

“Na África do Sul, as companhias na mesma situação [financeira, da LAM] foram todas encerradas. Temos aqui uma oportunidade”, defendeu, acrescentando acreditar que aquela companhia aérea pode ser um “importante ‘player’” na região.

A FMA revelou anteriormente que a LAM reduziu a sua dívida em 61,6 milhões de dólares (57 milhões de euros), desde abril, face aos 300 milhões de dólares (277,7 milhões de euros), então reconhecidos.

Entretanto, na gestão sul-africana, a empresa registou um aumento de 24% no número de passageiros transportados, para mais de 56 mil, e subiu a receita de voos em 10%, para 671 milhões de meticais (quase 10 milhões de euros).

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