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Estado de DireitoGuiné-Bissau

Golpe na Guiné-Conacri gera preocupação na Guiné-Bissau

Iancuba Dansó (Bissau)
7 de setembro de 2021

Militares da Guiné-Bissau estão de prevenção depois do golpe de Estado no país vizinho, no domingo. Analistas temem que instabilidade em Conacri sirva para reforçar o controlo e criar um "clima de medo" na Guiné-Bissau.

Foto: DW/F. Tchuma

O alerta foi lançado no domingo (05.09), quando se consumou o golpe de Estado na Guiné-Conacri. Teme-se que a instabilidade possa atravessar as fronteiras para a Guiné-Bissau. Os militares guineenses foram postos em prevenção por tempo indeterminado. Todos devem permanecer nos quartéis e qualquer saída tem de ser autorizada. 

"Isso mostra o nível de insegurança e de apreensão com que as autoridades nacionais estão a encarar esta situação de golpe de Estado na vizinha República da Guiné-Conacri", diz o analista político Rui Jorge Semedo. 

Governo de Sissoco Embaló ainda não se pronunciou sobre queda de Condé (dir.)

Não há ainda qualquer reação das autoridades guineenses sobre o golpe de Estado. Mas o jornalista Sabino Santos considera que há razões para preocupação porque, segundo ele, nos países africanos, quando um país recorre a um modelo, "quase que os outros vêm por arrastamento".

"O mais preocupante para mim são essas cópias que os países africanos acabam por fazer, quando uma estratégia, um modelo ou uma solução é escolhida para os problemas", explica Santos. 

Segurança reforçada 

A presença das forças de defesa e segurança da Guiné-Bissau foi reforçada nas ruas da capital no período da noite. Na segunda-feira (06.09), quatro militares que tinham sido detidos em agosto por alegada tentativa de golpe de Estado foram postos em liberdade.  

O analista Rui Landim diz, no entanto, que estas movimentações em Bissau são "teatro".

"Ninguém sabe o que está por detrás disto", comenta.

Aproveitar a oportunidade 

Mamady Doumbouya liderou o golpe de Estado em ConacriFoto: CELLOU BINANI/AFP/ Getty Images

Na Guiné-Bissau, o ambiente político voltou a aquecer desde que o Governo assumiu, na semana passada, que vetou o nome do líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, para chefiar a missão de observação  eleitoral da União Africana à segunda volta das presidenciais em São Tomé e Príncipe. A justificação dada foi a alegada postura "antidemocrática" de Simões Pereira.  

Face ao silêncio do Executivo sobre a situação em Conacri, o PAIGC, que já condenou o golpe de Estado, lembrou: "Vocês, jornalistas, são vítimas de censura, espancamento e sequestro. Há espancamentos de deputados e vandalizações de rádios... E essas pessoas aparecem aí para dar lição de moral a quem?", questionou o secretário para a comunicação do partido, Muniro Conté.

O analista Rui Jorge Semedo teme que o golpe no país vizinho seja usado como desculpa para reforçar o controlo e criar um "clima de medo" na Guiné-Bissau: "Nós também temos os nossos problemas, então aproveitamos aquilo que está a acontecer na Guiné-Conacri", calcula.

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