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Governador de Nampula pede a deslocados que não regressem

Sitoi Lutxeque (Nampula)
9 de agosto de 2022

As opiniões dos deslocados de Cabo Delgado divergem. Há quem se sinta bem por estar a reconstruir a vida em Nampula. Outros preferem regressar devido às dificuldades que enfrentam para sobreviver noutra província.

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Foto: Sitoi Lutxeque /DW

Os ataques terroristas em alguns distritos do norte de Cabo Delgado continuam a fazer deslocados internos, que procuram abrigo, a cada dia, em zonas seguras.

Nampula é uma das províncias que mais recebe deslocados, contando atualmente com mais de 65 mil. Ainda assim, o governador de Nampula, Manuel Rodrigues, quer que os já acolhidos fixem definitivamente as suas residências na província, embora admita as dificuldades que os mesmos passam.

"Nós não queremos que regressem a Cabo Delgado, porque já estamos habituados como irmãos e nossos pais para estarem aqui connosco e viverem aqui; esta terra também é vossa. Fiquem aqui connosco, não voltem", disse.

Manuel Rodrigues garantiu, entretanto, que o Governo está e continuará a fazer de tudo para assegurar a assistência dos deslocados, acolhidos na província de Nampula.

A escassez de alimentos é um dos grandes problemas que os refugiados enfrentamFoto: Sitoi Lutxeque /DW

As opiniões dos deslocados dividem-se, uns aceitam, outros não. Bernardo Juma, de 38 anos, pai de quatro filhos e antigo pescador, abandonou o distrito de Mocímboa da Praia, a sua terra natal, em 2019. Bernardo escolheu Nampula para se abrigar, mas diz que aqui não consegue prosperar e prefere voltar à terra de origem.

"Sinto-me mal ao continuar aqui na cidade, eu prefiro voltar para a minha terra mesmo que esse conflito [ataques terroristas] ainda exista. Aqui na cidade não me sinto bem. Às vezes a gente não recebe aquele apoio [e se recebe não é] suficiente. Alimentarmo-nos aqui é um problema sério. O Governo promete, mas não chega a cumprir. Por isso, preciso mesmo de voltar para a [minha] terra", explicou.

"Aqui já não ouvimos o barulho das armas"

Já Maimuna Abdala, deslocada do distrito de Macomia, residente no distrito de Rapale, a 16 quilómetros da cidade moçambicana de Nampula, prefere não regressar à província. 

"Eu e a minha família estamos bem em Nampula e sentimo-nos melhor. Aqui já não ouvimos o barulho das armas e não sofremos aquela agressão que passávamos lá. Já temos aqui as nossas machambas, pequenos negócios e um pouco de tudo, então preferimos ficar aqui", disse.

Valigy Tauabo, governador de Cabo DelgadoFoto: Sitoi Lutxeque /DW

Entretanto, até à semana passada, pelo menos 100 mil pessoas abandonaram os centros de acolhimento, instalados na província de Cabo Delgado, e regressaram às suas terras de origem, segundo o governador da província nortenha, Valigy Tauabo.

"Algumas pessoas, que estão nos diferentes centros de acomodação, estão a regressar às suas aldeias. Isso está a precipitar o regresso prematuro do Governo, porque o Governo ainda está a instalar os serviços básicos. O Governo não tem outra forma e nem pode devolvê-los".

Palma, Quissanga e Mocímboa da Praia são alguns dos distritos severamente afetados pelos terroristas. 

Segundo o governador Valigy Tauabo, grande parte da população já regressou às suas casas, motivada pelo abrandamento dos ataques terroristas.

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