Projeto financiado pela Alemanha nas escolas da capital de Moçambique ensina alunos a reciclar e a proteger o planeta. Professores e alunos dizem gostar da ideia.
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Alunos moçambicanos têm aprendido a preservar o meio ambiente com a ajuda de peças de teatro e de palestras na escola. Shelton Chume, de 16 anos, é um deles. Está agora mais consciente dos perigos de não reciclar: "Na rua, quando compro pipocas, tenho receio de jogar o plástico fora".
"Aprendo mais na escola, no período das férias. Não fico em casa, venho aprender como cuidar do meio ambiente, como acabar com as garrafas e o plástico na comunidade. Mudou muita coisa, porque o professor, quando chega, dá-nos rebuçados e não diz nada. No fim da aula, exige os plásticos dos rebuçados", explica.
Nas escolas, ainda se ensina pouco sobre a preservação do meio ambiente. Por isso, a professora Elsa da Silva elogia o projeto financiado pela Alemanha, para sensibilizar as comunidades sobre a importância de preservar o planeta, através de peças de teatro ou nas próprias salas de aula.
"O objetivo é transmitir os conteúdos de educação ambiental por meio de jogo de bonecos. Os nossos alunos aprendem a reciclar o lixo, a fazer vários objetos com lixo", explica a docente. "Os alunos aprendem a trabalhar com materiais reciclados: as garrafas, a carcaça de coco e outros resíduos".
Governo alemão apoia preservação do meio ambiente em Maputo
Bons resultados
O projeto é levado a cabo pela organização não-governamental Solidaritätsdienst International e financiado pelo Ministério Federal da Cooperação Económica e Desenvolvimento da Alemanha.
"Nos últimos três anos, fizeram um projeto de meio ambiente e construíram um centro para o efeito, cujo objetivo é promover o meio ambiente", diz Birt Nichol, da embaixada da Alemanha em Maputo, considerando que a iniciativa já teve bons resultados. "Trabalham com três escolas aqui no distrito e este projeto é parte do que é financiado pela embaixada".
O grupo de teatro da Escola Secundária de Malhazine, apoiado pela embaixada da Alemanha, tem agora a tarefa de disseminar a mensagem de preservação do meio ambiente a outras escolas do distrito, mas "isso depende muito dos alunos desta escola", ressalva Birt Nichol.
"A ideia é os alunos levarem a peça de teatro a outras escolas no distrito. Vai também depender do Centro do Meio Ambiente para a apresentação de pecas nas escolas adstritas à zona", explica.
O consultor ambiental alemão Wieland Jagodzinski, que encenou a peça sobre o meio ambiente, sublinha a importância da reciclagem em Moçambique: "Vejo muito lixo nas ruas, garrafas… muitas vezes, quando ando, sinto que algo colou no meu sapato, então, é importante".
Moçambique: Primeiro painel feito com azulejos de plástico reciclado em África
Maputo com o primeiro painel com azulejo de plástico reciclado, do continente africano. A obra de arte visa despertar nos citadinos a importância da reciclagem do plástico para preservação do meio ambiente.
Foto: DW/R. da Silva
Por uma cidade melhor, diga não ao plástico no lixo
Em Maputo lixo reciclado serve para erguer o maior mural feito em mosaicos de plásticos recolhidos nas ruas da capital moçambicana. O espaço lança um repto à conservação do meio ambiente e apela para aumentar a reutilização e reciclagem dos plásticos em Moçambique.
Foto: DW/R. da Silva
Mural com azulejos de plástico reciclado em Maputo
Este é o primeiro mural feito de azulejos com plástico reciclado em África. Um espaço que suscita a curiosidade dos munícipes. O mural foi inaugurado a 3 de outubro. Trata-se de um projeto que conta com a colaboração do Conselho Municipal de Maputo, a organização ambiental New Sigma e a Direção Nacional do Ambiente e visa sensibilizar as pessoas para a conservação do meio ambiente.
Foto: DW/R. da Silva
Plástico domina o lixo encontrado nas praias
As garrafas plásticas são as mais usadas pelos citadinos de Maputo, que depois de utilizadas são atiradas para qualquer sítio. Nos dias de muito calor as praias ficam lotadas de garrafas plásticas devido à falta de contentores para o lixo. Mas, depois de recolhidas pelos munícipes, são recicladas, num trabalho que envolve até crianças que assim conseguem ganhar um extra para o dia-a-dia.
Foto: DW/R. da Silva
Ambientalista alerta para preservação do meio ambiente
Rui Silva é ambientalista e um dos mentores da ideia de reciclar plásticos que servem para fabricar azulejos que se encontram expostos no mural junto à praia da Costa do Sol, na zona nobre da capital, Maputo.
Foto: DW/R. da Silva
Mural com 2600 azulejos
O ambientalista Carlos Serra, que participa no projeto, diz que na construção do mural foram usados cerca de 2600 azulejos a partir de 130 mil tampas de plástico, mais de 2030 garrafas “pet”, do tamanho maior, 189 embalagens de esferovite do "take away" e 414 sacos de plástico.
Foto: DW/R. da Silva
Mural recebe muitos visitantes por dia
O maior mural de África com material reciclado atrai atenção de vários citadinos de Maputo que visitam o local para saber como é possível transformar "tampinhas" de plástico em azulejos. Mural desperta muita curiosidade no seio da população da capital moçambicana.
Foto: DW/R. da Silva
Garrafas de plástico fazem parte do quotidiano
Em muitas praias de Moçambique as pessoas, depois de usarem as garrafas de plástico, jogam o recipiente ao mar. Aliás foram nas praias onde começou a recolha de garrafas e tampas plásticas. A iniciativa juntou o útil ao agradável: limpar as praias e reciclar o plástico para o fabrico de azulejos.
Foto: DW/R. da Silva
Envolvimento das comunidades na preservação do meio ambiente
A matéria-prima foi recolhida por muitos munícipes, nomeadamente crianças, que para além de terem ajudado a evitar que as garrafas de plástico fossem para o mar permite-lhes ter maior conhecimento sobre os impactos negativos da poluição marinha com sérios danos tanto para a natureza como para a saúde das populações.