Etiópia: Governo realiza ataques aéreos contra TPLF
Lusa
6 de novembro de 2020
Em declarações na emissora estatal, Abiy Ahmed disse que esta é a "primeira ronda de operações" contra o governo da região. Especialistas afirmam que ação pode resultar numa guerra civil.
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O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, anunciou, esta sexta-feira (06.11), que foram realizados ataques aéreos contra as forças da região separatista de Tigray. O anúncio de Abiy Ahmed foi feito na emissora estatal e marca uma nova escalada dos confrontos que, segundo os especialistas, poderão resultar numa guerra civil.
Não houve qualquer menção de baixas no que Abiy Ahmed chamou de a "primeira ronda de operações" contra o governo da região, a Frente Popular de Libertação do Tigray.
O primeiro-ministro etíope disse ainda que a força aérea destruiu completamente "rockets" e outro armamento pesado na capital do Tigray, Mekele, e nas áreas circundantes, alegando que a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF) "pretendia utilizá-las".
Os ataques aéreos surgem algumas horas depois do primeiro-ministro da Etiópia ter afirmado, na sua conta na rede social Twitter que "as operações em curso no norte da Etiópia têm objetivos claros, limitados e realizáveis: restaurar o Estado de direito e a ordem constitucional, e proteger o direito dos etíopes de viverem pacificamente onde quer que se encontrem no país".
Os líderes da TPLF, o partido que dominou o poder na Etiópia até à chegada de Abiy em 2018, têm vindo a desafiar o Governo federal do primeiro-ministro há vários meses. Ainda não há uma resposta imediata aos ataques de hoje.
ONU pede diálogo
Entretanto, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, apelou para uma desescalada da "volátil situação" nesta região etíope, pedindo empenho dos "atores relevantes" num diálogo que evite a violência no país.
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"Durante a última semana, assistimos a uma explosão alarmante de violência na região de Oromia, bem como em Tigray. Exorto todas as partes a porem fim à violência, para evitar perdas adicionais de vidas, deslocações em massa e mais desestabilização", disse Bachelet.
"Apelo a todos os atores para que se empenhem num diálogo genuíno, inclusivo e credível para resolver quaisquer diferenças através de meios pacíficos", acrescentou.
A TPLF negou a autoria dos ataques, acusando o Governo de os inventar para justificar a sua ofensiva contra Tigray.
Abiy disse também que o governo "tentou pacientemente durante vários meses resolver pacificamente as suas divergências com a liderança da TPLF", mas atribuiu o fracasso dos seus esforços à "arrogância e intransigência criminosa" do grupo separatista.
Na quinta-feira, o chefe de estado-maior das Forças Armadas declarou que a Etiópia tinha "entrado em guerra" com as autoridades da região de Tigray, enquanto o presidente regional disse que Adis Abeba desencadeou "uma guerra, uma invasão" contra a região.
Prémio Nobel: Os representantes da Paz em África
Primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, recebe o Prémio Nobel da Paz de 2019. Trata-se do décimo africano a ser reconhecido pelo trabalho de reconciliação. O Nobel da Paz foi para África pela primeira vez em 1960.
Foto: Getty Images/AFP/E. Soteras
Primeiro laureado
Albert Luthuli foi o primeiro africano a receber o Prémio Nobel da Paz, em 1960, pela sua luta pacífica contra a segregação racial na África do Sul. Ele era presidente do ANC na ocasião da premiação, e o movimento de libertação funcionava na clandestinidade. Ele recebeu o prémio em Oslo um ano depois do seu nome ser escolhido, porque a proibição de deixar o país foi suspensa por dez dias.
Foto: Getty Images/Keystone/Hulton Archive
Líder espiritual
O arcebispo Desmond Tutu foi um dos líderes morais da África do Sul, com uma trajetória de defesa dos direitos humanos e contra a discriminação racial. É do religioso a expressão: "Somos uma nação arco-íris". Em 1984, o sacerdote anglicano recebeu o Prémio Nobel. Amigo de Nelson Mandela, Tutu é conhecido pelo bom humor. Um dos seus admiradores é o líder espiritual tibetano Dalai Lama.
Foto: picture-alliance/dpa
Amandla!
Esta imagem percorreu o mundo. Quando o herói anti-apartheid Nelson Mandela foi libertado, em 1990, após 27 anos de prisão, a África do Sul prendeu a respiração. Era um momento histórico. A luta incansável de Madiba contra a opressão abriu caminho para a democracia na África do Sul. Um ano antes, Mandela recebeu o Prémio Nobel da Paz juntamente com o chefe do Governo, Fredrik Willem de Klerk.
Foto: AP
Dois adversários unidos
Coragem, paciência e perseverança conduziram estes dois homens a algo que parecia impossível. Nelson Mandela e Fredrik Willem de Klerk, então Presidente da África do Sul, receberam em conjunto o Prémio Nobel da Paz, em 1993, antes mesmo de Mandela ter sido eleito o primeiro Presidente negro. A revolução pacífica foi um sucesso, mas o processo de paz na África do Sul está longe de terminar.
Foto: AP
Pela paz em todo o mundo
Em 2001, o então secretário-geral e a instituição Nações Unidas receberam o Prémio Nobel pelo compromisso com um mundo "mais organizado e mais pacífico". A carreira brilhante de Kofi Annan tem uma ressalva, que veio à tona com as acusações de que a ONU teria sido omissa durante o genocídio no Ruanda. Annan era o chefe das Forças de Paz da ONU em 1994 e admitiu que falhou.
Foto: Reuters
Mama Miti: "A mãe das árvores"
Em 2004, uma mulher negra recebeu pela primeira vez o Prémio Nobel da Paz: Wangari Maathai. A queniana lutou pelos direitos das mulheres e contra a pobreza no seu país. Maathai foi vice-ministra do Meio Ambiente e era chamada de "Mãe das Árvores" pelo "Movimento Cinturão Verde", que ela mesma criou. Ela celebrou o prémio à sua maneira, escrevendo na sua autobiografia: "Plantei uma árvore."
Foto: Getty Images/AFP/T. Bendiksby
Três mulheres agraciadas
Em 2011, três mulheres foram laureadas em conjunto: a Presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf (à direita), a sua compatriota, a ativista de direitos humanos Leymah Gbowee (ao centro), e a jornalista Tawakkul Karman, do Iémen. As duas liberianas foram homenageadas pelos seus esforços para salvar o seu país da violência da guerra civil.
Foto: dapd
"Doutor Milagre"
O médico e defensor dos direitos humanos, o congolês Denis Mukwege, fez do apoio às vítimas de violência sexual o trabalho de uma vida inteira. Durante muitos anos, o ginecologista foi o cirurgião-chefe do Hospital Panzi, em Bukavu, que ele próprio fundou em 1999. Ele oferece esperança e renova a coragem das vítimas. Por isso foi premiado em 2018, juntamente com a ativista yazidi Nadia Murad.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Norwegian Church Aid
Iniciativa corajosa
O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, será laureado pelo empenho para a paz com a vizinha Eritreia. A insistência pela reconciliação no seu próprio país também impressionou os jurados do Prémio Nobel, apesar da concretização desse objetivo ser longa e difícil. O processo corajoso de reforma no conturbado Estado multiétnico da Etiópia impressionou o júri do prémio.