República Democrática do Congo declarou esta terça-feira o fim do surto de ébola que matou 33 pessoas desde 8 de maio. OMS destaca "resposta rápida e eficaz".
Foto: Reuters/K. Katombe
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"Após um período de observação de 42 dias sem novos casos confirmados e de acordo com os regulamentos internacionais de saúde, declaro a partir de hoje, dia 24 de julho de 2018, o fim do surto de ébola na província de Equador, na República Democrática do Congo", anunciou o ministro da Saúde congolês, Oly Ilunga.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reagiu e felicitou o país e todos os envolvidos no combate ao surto. "O surto foi contido devido aos esforços incansáveis das equipas locais, do apoio dos parceiros, da generosidade dos dadores e da liderança eficaz do Ministério da Saúde. Essa liderança, aliada à forte colaboração com os parceiros, salva vidas", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Ao contrário do que acontecera em surtos anteriores, este ocorreu em quatro localidades diferentes, incluindo um centro urbano com ligações fluviais à capital, a países vizinhos, e a povoações florestais.
Este conjunto de condições levou a que as autoridades temessem que o surto se espalhasse para outras partes do país e para Estados vizinhos.
Equipa da OMS num centro de vacinação para conter o surto na cidade de Mbandaka.Foto: Reuters/K. Katombe
Resposta eficaz
Horas após o surto ser declarado, no passado mês de maio, a OMS cedeu dois milhões de dólares (cerca de 1,70 milhões de euros) do seu Fundo de Contingência para Emergências, mobilizou uma equipa para o terreno e ativou um sistema de gestão de incidentes de emergência.
"A OMS agiu de forma rápida e eficaz", afirmou o diretor regional para África, Matshidiso Moeti.
Tedros Adhanom Ghebreyesus incitou o Governo da RDC e a comunidade internacional a aproveitarem o momento positivo gerado pela rápida contenção do surto.
"Esta resposta eficaz ao ébola deve dar confiança ao Governo e aos seus parceiros de que outros surtos que afetam o país, como a cólera e o pólio, também podem ser enfrentados", exortou.
"Devemos continuar a trabalhar juntos, investindo na preparação e no acesso reforçado aos cuidados de saúde para os mais vulneráveis", acrescentou.
Procura por vacina contra o ébola no Gabão
Lambarene no Gabão é famosa pelo Hospital Albert Schweitzer, nome do médico e Nobel da Paz que trabalhou aqui muitos anos. Nesta cidade estão agora reunidos investigadores que procuram uma vacina contra o vírus do ébola.
Foto: DW/J.-P. Scholz/A. Kriesch
Pacata cidade de pescadores
Lambarene é uma cidade no Gabão, país que se situa na África ocidental. Uma grande parte dos seus 25 000 habitantes depende da pesca para a subsistência. Mas Lambarene é conhecida sobretudo por ser a sede do Hospital Albert Schweitzer.
Foto: DW/J.-P. Scholz/A. Kriesch
Orçamento apertado
Schweitzer, que nasceu alemão, mas naturalizou-se francês, foi um filósofo, teólogo e musicólogo. Mais tarde formou-se em medicina e, em 1913, fundou um hospital em Lambarene, como reparação pelo colonialismo, que sentia como uma culpa europeia. Em 1952 foi distinguido com o Prémio Nobel da Paz. O hospital ainda existe, embora o seu equipamento esteja completamente ultrapassado.
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Combater o ébola através da investigação
Ao lado do Hospital Albert Schweitzer abriu um novo centro de pesquisa. Aqui, cientistas africanos e europeus preparam uma vacina contra o ébola. Produziram um vírus enfraquecido e geneticamente modificado, ao qual foi acrescentado uma proteína superficial. Os investigadores esperam que o sistema imunitário reaja ao vírus modificado, produzindo anticorpos.
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Da Alemanha para o Gabão
O médico José Fernandes controla os testes com a nova vacina num grupo de 60 voluntários que não estão doentes. Nesta primeira sase dos testes é verificado apenas se a nova substância é segura. Fernandes interrompeu os seus estudos na Alemanha para se instalar no Gabão. “Foi uma decisão fácil. Encontrar uma vacina para esta doença é um dos desafios centrais da ciência médica”, explica.
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Voluntários corajosos
Antoine Maganga Mombo é um dos voluntários. Desloca-se ao centro de pesquisa pelo menos uma vez por mês para fazer um teste de sangue. “É só para ver se está tudo bem”, diz o jovem de22 anos, que não parece preocupado com a possibilidade de sofrer efeitos secundários. “Assim posso ajudar as pessoas nas áreas atingidas pelo surto”, diz.
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Pobreza apesar do petróleo
A família orgulha-se de Mombo. “É preciso muita coragem”, diz o tio. Mas também o dinheiro é importante para Mombo. Pela participação neste teste recebe o equivalente a 400 euros. Apesar de ser um país rico em recursos naturais, a maioria dos gabuneses vive na pobreza. Mombo trabalha numa posto de gasolina.
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OMS recolhe os dados dos testes
Paul Pitzinger, da Organização Mundial de Saúde (OMS), ocupa-se da recolha dos dados resultantes dos testes. Pitzinger, que estuda medicina na Universidade de Viena de Áustria, está a passar vários meses no Gabão. A OMS correlaciona os resultados no Gabão com outros obtidos em testes paralelos na Europa, nos Estados Unidos da América e noutras regiões de África.
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Ainda não há data para a vacina
A segunda fase dos testes será para constatar a eficácia da vacina. Ela deverá ser iniciada nos países africanos afectados dentro em breve. Bettram Lell, coordenador do projeto em Lambarene, não sabe dizer quando ou se a vacina será aprovada pelos reguladores. Mas mantém o otimismo: “Coisas que normalmente levam anos, agora estão a ser feitas em poucos meses”, diz.
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Schweitzer cada vez mais esquecido
“Não temos dinheiro para a modernização”, diz o director do hospital, Hansjörg Fotouri. “Nos últimos anos, os donativos recuaram drasticamente. E já há pouca gente que conheceu pessoalmente Albert Schweitzer”, acrescenta. Fotouri quer criar um centro para promover o diálogo entre as medicinas tradicional e ocidental.