Executivo moçambicano quer combater a pobreza na província com a ajuda de empresários nacionais e estrangeiros. Conferência de dois dias tenta atrair novos investimentos.
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Dados divulgados pelo governo provincial de Inhambane indicam que 48,6 por cento da população vive em situação de pobreza. É neste contexto que tem lugar a Conferência Internacional de Investimentos: uma iniciativa que pretende levar mais empresários nacionais e estrangeiros a investir na província do sul de Moçambique, com vista a melhorar a qualidade de vida da população.
Segundo o governador de Inhambane, Daniel Chapo, já há vários projetos em carteira. Mas faltam investidores. Para Daniel Chapo, a Conferência de Investimentos constitui "um espaço de real exposição e divulgação de oportunidades e potencialidades da província de Inhambane”. Exemplos, segundo o governador, são "as áreas de turismo, agricultura, infraestruturas, energia, recursos minerais, pesca, recursos florestais e faunísticos”.
Também Amade Osmane, Presidente do conselho empresarial em Inhambane, convida os investidores a apostarem "no país e, em particular, em Inhambane, bem como a partilharem a sua experiência com o empresário nacional moçambicano, que muito tem a aprender nestes sectores”.
PM confiante nas potencialidades da região
O primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, procedeu à abertura do evento que decorre na Escola Superior de Hotelaria e Turismo de Inhambane e termina esta sexta-feira (16.06). O chefe do Governo sublinhou que os sectores público e privado devem buscar soluções visando melhorar o ambiente de negócios. No evento, diz Agostinho do Rosário, "o governo da província de Inhambane, o sector privado e parceiros de cooperação irão acordar mecanismos conducentes à implementação de projetos estruturantes que contribuam para a melhoria de vida da população”.
Ouvido pela DW África, o embaixador da Índia, Gaurav Shresth, garante que o seu País vai investir em Inhambane em diversas áreas. "Nós vimos muita potência na província de Inhambane, principalmente nas áreas de agricultura, agro-processamento, mineira e saúde. São vários investidores presentes da Índia. Podemos trazer mais”, afirma.
Inhambane investidores
Luís Gois, um investidor português na área de catering internacional, também já tem investimentos em vista em Inhambane. "Investimos em alojamento e catering. Fornecemos as refeições e tratamos da gestão de alojamento nos grandes projetos. Estamos a falar da petroquímica sul-africana Sasol e das empresas relacionadas com o projeto da Sasol”.
Para além de Inhambane, há outras províncias moçambicanas que sofrem com a falta de investidores. É o caso de Gaza, também no sul do país. Por isso, a governadora da província, Stela Zeca, marca presença na conferência de investimentos. Pretende ganhar experiência e convidar alguns empresários a investir em Gaza. "É sempre bom ver aquilo que está a ser em Inhambane, para que possamos procurar fazer algo semelhante. Estamos a projetar para o final deste ano uma conferência ao nível de Gaza. Viemos também para ganhar experiência”.
Moçambique: centenas de pessoas marcham contra a situação política e económica
Centenas de moçambicanos marcharam no dia 18 de junho de 2016 em Maputo contra a situação política e económica do país. A manifestação foi convocada pela sociedade civil para exigir esclarecimentos ao Governo.
Foto: picture alliance/dpa/A. Silva
Pela Avenida Eduardo Mondlane rumo à Praça da Independência
"Pelo direito à esperança" foi o mote da manifestação que reuniu centenas de pessoas no centro de Maputo, no sábado dia 18 de junho de 2016. Os manifestantes exigem o fim do conflito político-militar entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o esclarecimento da dívida pública e mais liberdade de expressão.
Foto: picture alliance/dpa/A. Silva
"A intolerância política mata a democracia"
Em entrevista à DW África, Nzira de Deus, do Fórum Mulher, uma das organizações envolvidas, afirma que a liberdade dos moçambicanos tem sido muito limitada nos últimos meses. "É preciso deixar de intimidar as pessoas, deixarem as pessoas se expressarem de maneira diferente, porque eu acho que é isso que constrói o país. Não pode haver ameaças, não pode haver atentados", diz Nzira.
Foto: DW/L. Matias
De preto ou branco, manifestantes pedem paz
Com camisolas pretas e brancas e cartazes com mensagens de protesto, centenas de moçambicanos mostram o seu repúdio à guerra entre o Governo e a RENAMO, às dívidas ocultas e às valas comuns descobertas no centro do país. Num percurso de mais de dois quilómetros, entoaram cânticos pela liberdade e pela transparência.
Foto: DW/L. Matias
"Valas comuns são vergonha nacional"
Recentemente, foram descobertas valas comuns na zona central de Moçambique. Uma comissão parlamentar enviada ao local para averiguações nega a sua existência. Alguns dos corpos encontrados foram sepultados sem ter sido feita uma autópsia, o que dificulta o conhecimento das causas das suas mortes.
Foto: DW/L. Matias
"É necessário haver um diálogo político honesto e sincero"
Nzira de Deus considera que a crise política que Moçambique enfrenta prejudica a situação do país e defende que “haja um diálogo político honesto e sincero e que se digam quais são as questões que estão em causa". Para além da questão da dívida e da crise política, os manifestantes estão preocupados com as liberdades de expressão e imprensa.
Foto: DW/L. Matias
Ameaças não vão amedrontar o povo
No manifesto distribuído ao público e lido na estátua de Samora Machel, na Praça da Independência, as organizações da sociedade civil exigiram à Procuradoria-Geral da República uma auditoria forense à dívida pública. "Nós queremos que o ex-Presidente [Armando Guebuza] e o seu Governo respondam por estas dívidas", declarou Alice Mabota, acrescentando que as ameaças não vão "amedrontar o povo".
Foto: DW/L. Matias
Sociedade Civil presente
A manifestação foi convocada por onze organizações da sociedade civil moçambicana. Entre as ONGs que organizaram a marcha encontram-se a Liga dos Direitos Humanos (LDH), o Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), o Observatório do Meio Rural, o Fórum Mulher e a Rede HOPEM.