Executivo Moçambicano ainda não decidiu se continua ou não a subsidiar as panificadoras. O prazo para o efeito terminou esta terça-feira (31.01). Sem decisão, as panificadoras podem agravar o preço do pão.
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A medida tem como objetivo evitar o aumento do preço do pão, mas o Governo ainda não decidiu se vai manter ou não os apoios às padarias. Enquanto se aguarda uma posição, o vice-ministro da Indústria e Comércio, Ragendra de Sousa, dá duas alternativas ao pão à população: "se não há pão há mandioca. Se não há mandioca há batata doce. Vamos estudar tudo isso e trazer-vos uma resposta que satisfaça.”
Porém, o preço mínimo que se pratica quer na mandioca quer na batata doce é mais caro que o pão.
"A preferência é o pão porque com uns 35 meticais posso comprar cinco pães”, refere Madalena Araújo.
A última vez que se registou uma subida do preço do pão em Moçambique foi em outubro de 2015, quando o pão de 250 gramas passou de seis meticais (0,12 euros) para 7,5 meticais (0,15 euros).
Pão não pode faltar à mesa
Os residentes não querem aumentos no preço do pão, até porque, alegam, a vida está cada vez mais cara. Andreia Vítor nota que "para ter pão é muito difícil”.
"Se tens dois filhos ou três, tens que ter dinheiro para três pães. Mas tentamos à nossa maneira. Apelo ao nosso Governo que nos ajude, pelo menos para as coisas baixarem um pouco”, acrescenta Andreia Vítor.
Luísa Augusto, vendeora, refere que não tem qualquer informação sobre o provável aumento do preço do pão. Ainda assim, afirma que este produto não pode faltar às crianças: "Já se habituaram e quando voltam da escola tomam o chá com pão”.
Padarias sem informações sobre subsídios
As padarias não receberam ainda qualquer comunicação do Governo sobre a manutenção ou não dos subsídios, atribuídos nos últimos seis anos.
Para o padeiro Atanásio Vicente se o apoio terminar o preço do pão deverá aumentar. Ainda assim, cauteloso, diz que prefere esperar pelo anúncio do Governo.
Apesar da crise financeira que o país atravessa, Atanásio Vicente mostra-se esperançado "que tudo vai correr bem”. "O Governo não nos pode aldrabar”, acrescenta.
A esta indecisão sobre o preço do pão, acresce a escassez de farinha. Segundo Vicente Massingue, da padaria House, situada no centro da capital Maputo, o setor é também afetado pela "crise de trigo”. "Às vezes ficamos uma semana sem ter o trigo.”
Subsídios desde 2010
Governo de Moçambique sem decisão sobre futuro do subsídio ao pão
Os subsídios à farinha de trigo foram introduzidos depois dos violentos tumultos, em 2010, nas cidades de Maputo e Matola, em consequência do aumento dos preços do pão.
O subsídio pago aos padeiros foi inicialmente de quatro euros por cada saco de 50 quilogramas.
Entre 2010 e 2015, o Governo terá desembolsado mais de 1,7 mil milhões de meticais (mais de 35 milhões de euros) de subsídio ao preço de pão.
Mudanças climáticas: motivo de mais chuvas e inundações na Beira
A Beira está ameaçada pelas alterações climáticas. A segunda maior cidade de Moçambique tem de se adaptar, já que as inundações são cada vez mais frequentes. Para isso, conta com o apoio da Alemanha.
Foto: DW/J. Beck
A força do mar
O quebra-mar destruído no bairro das Palmeiras mostra a força das ondas do Oceano Índico, na costa da Beira, a segunda maior cidade de Moçambique. Mesmo em condições normais, o nível do mar varia sete metros entre maré baixa e maré alta. Quando há ciclones e ondas criadas por tempestades, essa diferença é ainda maior. E as mudanças climáticas elevam ainda mais o nível do mar.
Foto: DW/J. Beck
Bairros inteiros ameaçados
Alguns bairros da cidade da Beira já estão tão perto do mar que algumas casas já nem podem ser habitadas. É o que acontece em Ponta-Gêa e Praia Nova. As residências já foram parcialmente destruídas pelas ondas. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), o nível do mar deverá subir de 40 a 80 centímetros até 2100.
Foto: DW/A. Sebastiao
Aposta na proteção
Novos canais e mais cancelas, como aqui no bairro das Palmeiras, deverão proteger a Beira de inundações nas partes baixas da cidade. Em caso de chuvas fortes, a cancela abre-se e auxilia na drenagem da água. Até agora, a água das chuvas ficava acumulada - por vezes durante semanas. Um local ideal para a reprodução dos mosquitos transmissores de malária.
Foto: DW/J. Beck
Centro da cidade protegido de inundações
Está a ser construída mais uma cancela perto do porto de pesca. A ideia é melhorar o controlo da entrada e saída das águas na foz do rio Chiveve. O canal de entrada no porto já não precisará de ser dragado com tanta frequência. O projeto de cooperação para o desenvolvimento é financiado pelo banco estatal alemão de desenvolvimento KfW. O valor é 13 milhões de euros.
Foto: DW/J. Beck
Daviz Simango quer mudar a Beira
A luta do edil Daviz Simango para conseguir o dinheiro necessário para a transformação do rio Chiveve levou mais de cinco anos. O presidente da Câmara da Beira, que é do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), da oposição, queixou-se várias vezes da falta de apoio do Governo de Maputo.
Foto: DW/J. Beck
Limpar e mudar o percurso do rio
O rio Chiveve deverá ser limpo e o seu percurso mudado, de forma a passar por um parque urbano. A ideia é que o rio assuma melhor o seu papel natural na drenagem da cidade. Isso protegerá a Beira de inundações, após fortes chuvas, ajudando também a cidade a adaptar-se às mudanças climáticas.
Foto: DW/J. Beck
Área verde no centro da cidade
Depois do rio, a próxima fase do projeto será fazer um parque em torno do Chiveve. O rio é o único espaço verde no centro da cidade da Beira, que tem cerca de 600 mil habitantes - o que a torna a segunda maior cidade de Moçambique. Localizada no centro do país, a Beira tem sido considerada cinzenta e desinteressante.
Foto: DW/J. Beck
Arborizar os mangais
Para fazer as planeadas mudanças no rio, foi necessário retirar muitas árvores dos mangais. Por isso, é necessário um reflorestamento após o final do projeto. Mudas de diferentes espécies já estão a ser cultivadas para esse fim. Elas são muito importantes para a preservação do ecossistema local. Apenas estas espécies sobrevivem tanto em água doce quanto salgada.
Foto: DW/J. Beck
Construtora chinesa
A empresa chinesa CHICO (China Henan International Cooperation Group ) venceu o concurso para pôr em prática os planos para o rio Chiveve. Os meios vêm do banco estatal alemão de desenvolvimento KfW e da cidade da Beira. Além de engenheiros chineses, a CHICO também emprega diversos moçambicanos, tanto homens como mulheres.
Foto: DW/J. Beck
Poluição no rio continua
O projeto de limpeza no rio Chiveve pode estar ameaçado. Não muito longe do centro fica o bairro informal do Goto. Parte do lixo e esgotos dos quase 12 mil habitantes dessa localidade vão parar ao rio. A tão sonhada área verde poderá nunca existir.
Foto: DW/J. Beck
Recolha do lixo com carrinhos de mão
Com a ajuda da agência alemã do desenvolvimento GIZ, a Beira implantou um sistema de recolha de lixo no bairro do Goto. Até agora, os moradores tinham que levar o lixo para os arredores do bairro, para depositá-lo em contentores próprios. Agora, funcionários munidos de carrinhos de mão vão até às ruas estreitas do bairro e recolhem-no. O objetivo é que menos lixo vá parar ao rio.
Foto: DW/J. Beck
Adaptação às alterações climáticas, saúde e parque
No entanto, ainda é difícil imaginar como o Chiveve estará após a finalização do projeto em 2016. Se tudo correr bem, a Beira estará mais preparada para lidar com as mudanças climáticas e sofrerá menos com doenças como a malária. Além disso, o centro seria mais bonito com áreas arborizadas e um parque em torno do Chiveve.