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Moçambique: Mediadores dispensados nas negociações na saúde

Lusa
26 de agosto de 2023

O primeiro-ministro moçambicano, Adriano Maleiane, descartou a necessidade de haver mediadores nas negociações entre o Governo e os médicos grevistas, referindo que não se está ainda em crise.

Adriano Maleiane, Primeiro-ministro de MoçambiqueFoto: Sait Serkan Gurbuz/AP/picture alliance

"Quando se chega a precisar de mediadores é porque a situação está difícil, mas não chegamos a essa fase", disse o governante.

A declaração do primeiro-ministro surge após o bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), entre outras personalidades moçambicanas, disponibilizarem-se este mês para mediar o conflito entre o Governo e os médicos, que estavam em greve desde 10 de julho, interrompida na quinta-feira para dar espaço às conversações.

Segundo o primeiro-ministro moçambicano, os mediadores são dispensáveis porque não se está em crise e também "não se esgotou o diálogo", estando-se agora a trabalhar e a avaliar o que não está ainda acordado e as razões por detrás.

"Esse é o papel do primeiro-ministro: ouvir as pessoas e depois resolvermos as questões que estão ainda pendentes", disse Adriano Maleiane, referindo que não há problemas insolúveis.

O Sistema Nacional de Saúde moçambicano enfrenta uma crise provocada por greves de funcionários, convocadas, primeiro, pela Associação Médica de Moçambique (AMM), contra cortes salariais e falta de pagamento de horas extraordinárias, e depois pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que exige melhores condições de trabalho também para outros profissionais.

Profissionais de saúde moçambicanos - cerca de 65.000 serventes, técnicos e enfermeiros - iniciaram uma greve geral de 21 dias, no domingo (20.08)Foto: Romeu da Silva/DW

Entretanto, a greve dos médicos fica interrompida até 02 outubro, com o objetivo de "dar espaço para um diálogo franco, aberto e produtivo" com a comissão criada pelo Governo, sob liderança do primeiro-ministro.

Enquanto isso, os profissionais de saúde moçambicanos - cerca de 65.000 serventes, técnicos e enfermeiros - iniciaram uma greve geral de 21 dias, no domingo (20.08), mantendo apenas serviços mínimos em maternidades, berçários e urgências.

Exigem ao Governo que sejam satisfeitas as reivindicações do setor, incluindo as da classe médica, conforme anúncio feito pelo presidente da APSUSM, o enfermeiro Anselmo Muchave.

Entre as exigências colocadas ao Governo contam-se "providenciar medicamentos" aos hospitais, que têm de ser adquiridos pelos pacientes, aquisição de camas hospitalares, resolver a "falta de alimentação e de alimentação adequada" nas unidades de saúde, equipar ambulâncias com materiais de emergência para suporte rápido de vida ou de equipamentos de proteção individual não descartável, cuja falta de fornecimento vai "obrigando os funcionários a comprarem do seu próprio bolso".

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