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Governo diz que terroristas têm nova liderança

Lusa
13 de março de 2024

Ministro do Interior de Moçambique disse hoje que grupos terroristas que atuam em Cabo Delgado têm nova liderança e adotaram novas estratégias, face à sua expulsão das principais bases e à morte dos antigos cabecilhas.

Terrorismo em Cabo Delgado
Foto: AFP/J. Nhamirre

"A adoção do novo 'modus operandi' pelos terroristas demonstra haver, no seio do grupo, uma nova liderança", afirmou o ministro do Interior de Moçambique, falando no parlamento, em resposta a perguntas da oposição sobre a nova vaga de ataques armados na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.

"A maior parte dos líderes terroristas encontra-se nos distritos de Macomia e de Quissanga, sendo de destacar Óscar, Dardai, Zubair, Mane, Sheik, Amisse e Machude", avançou Pascoal Ronda.

Os novos cabecilhas dos insurgentes substituíram Ibn Omar, Abu Kital, Ali Mahando e Amurane Adamo, mortos em 2023 pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas e contingentes dos países da África Austral e do Ruanda, envolvidos no combate aos rebeldes em Cabo Delgado, acrescentou o ministro do Interior.

Pascoal Ronda avançou que os terroristas foram expulsos das suas antigas bases nos distritos do norte de Cabo Delgado, dispersaram-se em pequenos grupos, criaram novos acampamentos e concentraram os seus ataques nos distritos do sul, nomeadamente Ancuabe, Chiúre e Quissanga.

"Nestes locais, os terroristas têm protagonizado assaltos, emboscadas contra as FDS, assassinato de cidadãos, saque de produtos alimentares, destruição de escolas, igrejas e residências, raptos e recrutamento de novos membros", declarou Pascoal Ronda.

As recentes ações dos insurgentes, prosseguiu, criaram uma nova vaga de deslocados, que atinge 60 mil.

Eliminar as raízes da insurgência

O ministro do Interior disse que as forças governamentais responderam às novas incursões rebeldes, travando o alastramento da violência armada.

Defendeu maiores investimentos no combate ao terrorismo e ao radicalismo, através do apetrechamento das FDS, mas também por via do desenvolvimento social e económico, visando "eliminar as raízes" da insurgência.

Pascoal Ronda apelou ainda à cooperação internacional no combate ao terrorismo, assinalando que se trata de um fenómeno complexo e com caráter transnacional.

O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou, no final de fevereiro, a autoria de 27 ataques no mesmo mês, em vilas no distrito de Chiùre, Cabo Delgado, em que afirma terem morrido 70 pessoas, além da destruição de 500 igrejas, casas, e edifícios públicos naquele distrito.

O conflito

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada. Depois de uma ligeira acalmia em 2023, estes ataques multiplicaram-se nas últimas semanas, criando cerca de 100 mil deslocados só em fevereiro, além de um rasto de destruição, morte e famílias desencontradas.

Esta insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com o apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região.

Desde 2017, o conflito já fez mais de milhão de deslocados, de acordo com as agências das Nações Unidas, e cerca de quatro mil mortes, indicou o Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês).

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