Governo do Niassa lança plano para reduzir analfabetismo
Manuel David (Lichinga)
7 de dezembro de 2017
Com taxa de analfabetismo de 58%, Governo da província do Niassa assina memorando de entendimento para promover educação de adultos, com foco nas mulheres. Meta é reduzir os índices de analfabetismo para 41% até 2019.
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Depois da província de Nampula, o Niassa é a província moçambicana com a maior taxa de analfabetismo do país: 58%, de acordo com dados das autoridades provinciais. Segundo o Índice de Desenvolvimento Humano 2016, em média, os adultos com mais de 25 anos têm apenas três anos e meio de escolaridade em Moçambique.
O Governo local quer promover a educação na província do norte de Moçambique e estabeleceu como meta reduzir a taxa de analfabetismo para 41% até 2019. O compromisso foi assumido pelo diretor provincial de Educação e Desenvolvimento Humano do Niassa, Faustino Amimo, que assinou na semana passada um memorando de entendimento com a Rádio Esperança e com o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional do Niassa.
O objetivo do memorando é impulsionar a organização de programas de alfabetização e educação de adultos no Niassa, em particular na capital provincial, Lichinga."O programa de alfabetização e educação de adultos visa fundamentalmente incentivar os alfabetizadores a aderirem aos centros de alfabetização e divulgar os programas de alfabetização e educação de adultos a uma cobertura superior ou igual a 220 quilómetros, aumentar o número de centros de alfabetização, criar debates radiofónicos com os fazedores de alfabetização, anunciar as inscrições dos alfabetizadores nos centros de alfabetização e reforçar a capacidade institucional e organizativa", explicou o diretor provincial.
Niassa-Analfabetismo - MP3-Mono
O alvo preferencial das ações de educação e formação é o público feminino. No Niassa, 72,4% das mulheres são analfabetas.
"O objetivo é aumentar as oportunidades de ação de acesso a educação da população jovens e adultos com maior ênfase para as mulheres, com vista a reduzir a taxa de analfabetismo e o desemprego na Província de Niassa com a colaboração e expansão e difusão dessa ação dos meios de comunicação e na absorção dos graduados nos centros de alfabetização e educação de adultos para a formação profissional dos mesmos", acrescentou Faustino Amimo.
Participação da comunidade
Januário Eduardo, coordenador da Rádio Esperança, na cidade de Lichinga, acolhe de braços abertos o entendimento assinado com as autoridades. A rádio vai produzir programas, como debates nas comunidades e entrevistas, no sentido de sensibilizar as mulheres para aderirem aos centros de alfabetização.
"O memorando reveste-se de extrema importância pelo fato de favorecer a alfabetização e educação de jovens e adultos não-alfabetizados, que não tiveram oportunidades de ir a escola no tempo oportuno", diz Januário Eduardo.
Paulo Matapa, diretor do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional do Niassa, comprometeu-se com a formação de técnicos formadores e com a produção e reabilitação de carteiras danificadas em todos os distritos da província.
"Acreditamos que cerca de 95 mil crianças que estão no ensino básico irão beneficiar da reparação das suas carteiras. Assim, a criança terá a capacidade de assimilar a matéria e interagir com o professor e, consequentemente, teremos o registo da melhoria do ensino", assinalou.
Com os esforços de várias partes, as autoridades esperam alfabetizar 180 mil pessoas até 2019 e aumentar o número dos centros e núcleos pedagógicos em todos os distritos da província de Niassa. O memorando de entendimento entrará em ação em 2018.
Ajudando a vestir os pequenos em África
Em Portugal, a ONG "Little Dresses for Africa" confeciona roupas para crianças carenciadas de diversos países africanos. Meninos e meninas de Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe estão entre os beneficiados.
Foto: LDFA Portugal
Roupa para os mais carenciados
A "Little Dresses for Africa" (LDFA) tem dado cor à vida dos meninos e meninas mais necessitados do continente. Desde 2007, esta organização humanitária com sede nos Estados Unidos junta voluntários em diversos países do mundo que confecionam peças de roupa destinadas a crianças carenciadas em países como Moçambique. Estas meninas da aldeia de Ndivinduane foram vestidas pela LDFA Portugal.
Foto: LDFA Portugal
Os meninos da aldeia de Kibera
Nascida no início de 2016, a delegação LDFA Portugal lançou-se ao trabalho e em três meses enviou mais de 500 peças para vários países africanos. Quénia foi o primeiro a receber ajuda, particularmente as crianças mais pobres de Kibera, a maior favela de África. Aqui, brincam ao lado de um verdadeiro esgoto a céu aberto e depósito de lixo.
Foto: LDFA Portugal
O valor simbólico das roupas
Embora a roupa seja um bem muito necessário, o vestido é muito mais que isso na vida destas crianças apoiadas pelo projeto português. As roupas transportam carinho e esperança, proporcionam autoestima e valorização, sabendo-se que, nestas comunidades, sobretudo as meninas são muito penalizadas por serem vítimas de abusos, gravidezes precoces e abandono escolar.
Foto: LDFA Portugal
O rosto da missão humanitária
Lisa Santos apaixonou-se pelo projeto e decidiu dar a cara por esta causa humanitária, ao criar a LDFA Portugal. A equipa dirigida por esta professora de piano, nascida em Moçambique, ascende a cerca de 150 pessoas. São todas voluntárias, dedicadas a fazer a diferença na vida das crianças fragilizadas, muitas vezes em situação de extrema carência.
Foto: DW/J. Carlos
Identificar necessidades
Antes, a equipa trata de identificar potenciais beneficiários, através de outros projetos que trabalham com crianças, nomeadamente orfanatos, infantários e escolas comunitárias. Ou através de contatos e de missões em Portugal que partem para África com o objetivo de ajudar os menores mais carenciados das aldeias locais.
Foto: LDFA Portugal
Uma roupa para toda a semana
Apesar de ser um país de desenvolvimento médio, Cabo Verde também beneficia da ajuda da LDFA Portugal. "O que é certo é que há muita pobreza escondida", diz Lisa Santos, que visitou vários infantários na Páscoa deste ano (2017). Entre outros exemplos de carência, aponta casos de crianças que usavam a mesma peça de roupa durante a semana "porque não havia mais nada para vestir".
Foto: LDFA Portugal
Comunicar para mobilizar donativos
É preciso sensibilizar as comunidades e envolver a sociedade, usando para isso os meios de comunicação e as redes sociais. Uma das dificuldades é conseguir donativos suficientes para suportar as operações. "Todas as doações são benvindas", afirma a mentora do projeto. "Muitas vezes somos nós, eu e as voluntárias costureiras, a comportar essa parte das despesas".
Foto: LDFA Portugal
Jantar solidário
Através da página no Facebook, há pessoas que se identificam com a causa e doam materiais para confecionar os vestidos. O grupo promove outras iniciativas, como o segundo jantar solidário realizado em meados de novembro (2017), cujo objetivo foi angariar fundos para apoiar a construção de 12 escolas e 12 poços de água em 12 vilas africanas.
Foto: LDFA Portugal
Oficinas de costura
As peças são confecionadas por voluntárias em oficinas de costura da LDFA Portugal e, nalguns casos, em casa em diversos pontos do país. "Temos um grupo residente que oferece mão de obra". O projeto dispõe os moldes e, seguindo os conhecimentos necessários, elas produzem as roupas simples, que nada têm a ver com a alta costura.
Foto: LDFA Portugal
Mais logística para envio de roupa
Além do Quénia, Gana, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde, outro país beneficiado é São Tomé e Príncipe. Na foto, meninos do arquipélago vestem calções da ONG. As peças foram enviadas em contentor, juntamente com brinquedos, materiais escolares, medicamentos e calçados. "Há uma série de bens em falta e não conseguimos fazer mais envios de bens por razões logísticas", explica Lisa Santos.
Foto: LDFA Portugal
Aberto a novos projetos
A próxima missão, em agenda, voltará possivelmente a Moçambique, para um projeto que dá especial apoio a meninas. As crianças das aldeias de Boane e Ndivinduane foram as que receberam roupas anteriormente. "Estamos continuamente em produção e à procura de novos projetos para apoiar, desde que tenhamos intermediários", avisa a dirigente da LDFA Portugal.