Governo do Zimbabué declara "tolerância zero" a protestos
tms | AP | Reuters | Lusa | AFP | EFE
2 de agosto de 2018
Governo zimbabueano prometeu reprimir novas manifestações da oposição, depois de pelo menos três pessoas morrerem em confrontos pós-eleitorais. Nações Unidas apelam à calma.
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O Governo garante que o Exército vai continuar nas ruas, após protestos na capital do Zimbabué.
"Não vamos tolerar as ações que temos observado nos últimos dias", sublinhou o ministro do Interior, Obert Mpofu, durante uma conferência de imprensa na quarta-feira à noite (01.08). "A oposição talvez tenha interpretado a nossa compreensão como sinal de fraqueza e penso que estão a testar a nossa determinação, o que os pode levar a cometer um grande erro."
A oposição suspeita da demora na divulgação dos resultados da votação presidencial e acusa a Comissão Eleitoral de estar a preparar números "falsos". Por isso, centenas de apoiantes do opositor Nelson Chamisa, do Movimento pela Mudança Democrática (MDC, na sigla inglesa), foram para as ruas de Harare protestar na quarta-feira.
Mas o Exército foi chamado a intervir e usou gás lacrimogéneo, jatos de água e disparos com balas reais para reprimir os manifestantes. Pelo menos três pessoas morreram.
"Estamos em guerra?"
O porta-voz do MDC, Nkululeko Sibanda, critica a ação violenta dos militares: "Vimos o envio de tanques militares e o disparo de munições reais contra civis sem motivo aparente", afirmou.
"É permitido aos civis exigir o respeito dos seus direitos de forma legal. Qualquer desordem pode ser resolvida pela polícia, que é treinada para manter a ordem pública. Os soldados são treinados para a guerra. Mas estamos em guerra? Os civis são os inimigos do Estado?"
O Presidente interino Emmerson Mnangagwa, que concorre contra Chamisa nas presidenciais, responsabilizou o MDC pela desordem em Harare.
"Consideramos o MDC e a sua liderança responsáveis por interromperem a paz nacional. Do mesmo modo, responsabilizamos o partido e a sua liderança por todas as mortes, ferimentos e destruição de propriedade durante esses atos de violência política", afirmou.
Governo do Zimbabué declara "tolerância zero" a protestos
ONU apela à calma
Os resultados preliminares das presidenciais de segunda-feira (30.07) ainda não foram divulgados, apesar dos apelos da oposição e dos observadores internacionais para o fazer.
A Comissão Eleitoral anunciou apenas os primeiros resultados parciais das legislativas, relativos a 153 das 210 circunscrições do país, indicando que o partido do Governo garantiu a maioria absoluta no Parlamento, com pelo menos 110 lugares, contra 41 da oposição.
Face aos protestos desta quarta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou aos líderes políticos e cidadãos do Zimbabué para que mantenham o controlo e rejeitem qualquer forma de violência. Da mesma forma, a embaixadora do Reino Unido na ONU, Karen Pierce, condenou a violência pós-eleitoral no Zimbabué, considerando a situação "extremamente preocupante".
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.