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ConflitosEtiópia

Expira prazo do Governo para rendição de rebeldes na Etiópia

kg | com agências
17 de novembro de 2020

Declaração do primeiro-ministro Abiy Ahmed abre caminho para uma investida militar na capital de Tigray. Força Aérea etíope realizou bombardeio em resposta a lançamento de mísseis ao território da vizinha Eritreia.

Äthiopien Premierminister Abiy Ahmed (Minasse Wondimu Hailu/picture alliance/AA)
Foto: Minasse Wondimu Hailu/picture alliance/AA

O primeiro-ministro Abiy Ahmed avisou esta terça-feira (17.11) que expirou o prazo de três dias dado para as forças rebeldes de Tigray se renderem. A declaração de Ahmed abre caminho para uma investida militar do Governo da Etiópia em Mekelle, a capital da região semi-autónoma do Tigray. 

Esta segunda-feira (16.11), a Força Aérea da Etiópia bombardeou uma área externa a Mekelle, como parte da ofensiva que o Governo iniciou a 4 de novembro contra o partido Frente de Libertação do Povo do Tigray (TPLF), no poder na região insurgente. 

O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, ordenou o ataque aéreo dois dias depois de a TPLF lançar vários mísseis em direção a Asmara, a capital da Eritreia, aliada da Etiópia no Corno de África. O episódio agravou o conflito que já causou centenas de mortes de ambos os lados e mais de 25 mil refugiados para o Sudão. 

"O ultimato de três dias dado às Forças Especiais e as milícias em Tigray para se renderem à defesa nacional [...] terminou hoje. Após a expiração deste prazo, o ato crítico final de aplicação da lei será feito nos próximos dias", disse Ahmed numa declaração publicada no Facebook.

Ataques aéreos

Em entrevista à DW, o ministro da Defesa da Etiópia, Kenna Yadeta, garantiu que as forças do Tigray serão derrotadas em breve. Yadeta ressaltou que as tropas locais não teriam mais força, capacidade e tempo para intensificar os combates na região e seriam capturadas em breve. 

“Alegaram ter derrubado aviões da Força Aérea e ter vencido cerca de 10 mil membros das forças governamentais, mas é mentira. O Governo pode alcançar uma vitória esmagadora aa qualquer dia a partir de agora", disse.

Centenas de pessoas foram mortas e pelo menos 25 mil deslocados buscaram refúgio no Sudão. O presidente do Uganda, Yoweri Museveni, teve um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Etiópia e com o vice-primeiro-ministro e apelou para que as partes envolvidas iniciem negociações para interromper o conflito. O ex-Presidente da Nigéria Olusegun Obasanjo anunciou que vai liderar uma missão de mediação.

Conflito já causou milhares de refugiados para o SudãoFoto: Ebrahim Hamid/AFP/Getty Images

Conflito regional?

Para garantir uma vitória, a Etiópia poderá retirar algumas de suas tropas que estão a manter a paz na Somália para apoiar os esforços de guerra no Tigray. Isso pode enfraquecer a luta contra os extremistas do Al Shabab. Hassan Khannenje, pesquisador do Instituto do Corno de África, com sede em Nairobi, diz que este conflito pode agravar a instabilidade em África Oriental.

Para ele, a retirada de tropas etíopes da Somália poderá afetar os esforços da missão da União Africana “na estabilização da Somália e na garantia de um governo funcional, além de organizar as eleições nos próximos meses".

Para agravar a situação, o Sudão e o Egito - rivais regionais da Etiópia - iniciaram exercícios militares conjuntos no fim de semana. Os dois países estão em disputa com a Etiópia por causa da “Grande Barragem” no Nilo Azul. 

A declaração de guerra de Abiy Ahmed também manchou a reputação do chefe do Executivo etíope, que ganhou o Prémio Nobel da Paz no ano passado por um pacto de paz com a Eritreia. O Comité Nobel noruegués disse estar "profundamente preocupado" com o conflito e apelou para o fim da violência.

Etiópia produz energia a partir do lixo

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