O Executivo está preocupado com a proliferação de farmácias que comercializam medicamentos de proveniência duvidosa. Farmacêuticos explicam que não são responsáveis pela importação de medicamentos.
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Em Moçambique, está instalado o braço-de-ferro entre Governo e farmácias privadas. O Governo critica as farmácias privadas pela falta de conservação de medicamentos e duvida da proveniência dos fármacos. Só no ano passado, foram detetadas 65 farmácias onde se registavam várias anomalias e foram aplicadas multas equivalentes a 3500 euros.
O negócio das farmácias está em expansão no país e, em altura de crise, tem estado a responder à falta de medicamentos nos hospitais públicos. Mas as autoridades dizem estar atentas à venda de medicamentos em circuitos duvidosos.
"Nas nossas atuações temos colhido uma amostra de um certo número de produtos e depois pedimos que a farmácia nos prove a proveniência desses produtos. Muitas das vezes, quando não nos provam a proveniência, apreendemos os produtos e e aplicamos a multa", explicou o inspetor nacional da Saúde, Castro Lole.
As autoridades sanitárias moçambicanas queixam-se de frequentes roubos de medicamentos do Serviço Nacional de Saúde, que muitas vezes se destinam ao setor privado.
Governo fiscaliza farmácias para saber origem de medicamentos
Por causa da falta de medicamentos nos hospitais públicos, muitos utentes recorrem às farmácias privadas porque lá encontram o que querem. O problema é que cada farmácia fixa o seu preço.
Farmacêuticos negam acusações
Por seu lado, as farmácias privadas negam as acusações do Governo sobre a venda de medicamentos de proveniência duvidosa. O proprietário e técnico de farmácia Januário Jamisse explicou que não cabe às farmácias importar remédios.
"Existem entidades e empresas legisladas para para fazerem a importação de medicamentos e nós vamos até ao importador e fazemos a aquisição do medicamento", afirmou Januário Jamisse.
Os farmacêuticos explicam ainda que a má conservação dos fármacos tem a ver com os técnicos que não têm qualificação para lidar com esta e outras situações.
Segundo a farmacêutica Zita Goveo problema são falsos técnicos que chegam até a receitar medicamentos não adequados aos doentes.
"Sei que existem falsos técnicos em algumas farmácias. Mas o ministério tem de fazer mais vasculhas porque existem. Já me deparei com uma situação igual quando passei por uma farmácia e vi", contou à DW África.
Mulala: Fazer a higiene oral com uma raiz
A mulala é uma raiz usada na higiene oral. É uma opção económica, mais comum em zonas rurais e entre idosos. Dentistas defendem benefícios da raiz, mas alertam para uso excessivo.
Foto: DW/S. Lutxeque
O que é a mulala?
A mulala é uma raiz utilizada na higiene oral e para clarear e fortificar os dentes. Em Moçambique, é particularmente usada em zonas rurais, como na região norte e grande parte da província central da Zambézia. O seu uso remonta a centenas de anos atrás, antes da produção de pastas dentífricas e escovas de dentes.
Foto: DW/S. Lutxeque
Ganhar a vida com a mulala
Fernando André é um vendedor de mulala da cidade Nampula. Conta que percorre longas distâncias, cerca de 70 quilómetros, para encontrar a raiz que lhe dá dinheiro. "A mulala que vendo trago do distrito de Murrupula, aqui na cidade é difícil encontrar. Mas fico feliz, porque apesar de não ter muitos clientes, consigo ter dinheiro para sustentar a minha família", conta.
Foto: DW/S. Lutxeque
Cascas em vez de pasta dos dentes
As cascas são raspadas e podem ser moídas para servir de susbtituto à pasta dentrífica. Tal como a pasta comercializada, atuam na limpeza dos dentes, gengivas e língua.
Foto: DW/S. Lutxeque
Um pau transformado em escova
A ponta da mulala pode ser transformada em escova. Esta é, por isso, uma planta muito completa para uma boa saúde oral: a casca garante os benefícios de uma pasta dentrífica e o pau pode ser usado para escovar.
Foto: DW/S. Lutxeque
Uma opção económica
Uma pasta de dentes custa entre 50 a 70 meticais (0.70€ - 0.90€). A mulala é barata. Um pauzinho custa entre 5 e 15 meticais (0.07€ - 0.20€), dependendo do tamanho e da qualidade. Quanto mais amarela a cor, melhores são as propriedades dentríficas da mulala.
Foto: DW/S. Lutxeque
Mais comum entre os mais idosos
Com a exceção do fluór, cuja função é fortalecer os dentes, a mulala tem as mesmas propriedades de uma pasta dentrífica, de acordo com médicos dentistas ouvidos pela DW África. Mas, nas zonas urbanas, a mulala tende a ser pouco usada. Os poucos que aderem são os mais idosos.
Foto: DW/S. Lutxeque
Hábito de usar a mulala
Os mais novos não usam tanto a mulala, em parte, por vergonha. Não é o caso de Ana Manuel Paulo, de 37 anos. "Eu uso normalmente a mulala e gosto muito. Além de deixar os meus dentes limpos, também pinta os meus lábios e nem preciso de usar batom", explica.
Foto: DW/S. Lutxeque
Prática transmitida entre gerações
Vânia José usa mulala, mas não de forma constante. "Quando tenho problemas de gengivas, uso a mulala, aprendi com a minha avó. Sempre que vou fazer compras ao mercado grossista do Waresta compro mulala para a minha avó, ela adora. Quando não encontro, até me sinto mal", conta.
Foto: DW/S. Lutxeque
Mulala sim, mas com conta, peso e medida
Diz o ditado que "tudo o que é demais, faz mal" e a mulala não é excepção. Segundo o médico dentista Belmiro Bonifácio, se usada de forma exagerada, a mulala pode causar lesões ou feridas na mucosa oral (a pele da boca).