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Governo pondera mediação nas negociações com RENAMO

Nádia Issufo18 de novembro de 2013

Executivo admitiu pela primeira vez a hipótese de aceitar a participação de observadores nacionais no diálogo, mas rejeita a presença de mediadores internacionais, por considerá-la uma "ingerência".

Foto: DW/L.Matias

A admissão da possibilidade foi feita pelo chefe da delegação governamental, José Pacheco, após o fracasso de mais uma ronda negocial com a RENAMO. O maior partido da oposição moçambicana não compareceu ao local do encontro proposto pelo Executivo, esta segunda-feira (18.11), porque estabeleceu a presença de observadores como condição para o regresso ao diálogo. A RENAMO aceitou o convite, mas fez finca-pé na sua exigência: o diálogo com vista ao fim da tensão político-militar só pode acontecer na presença de facilitadores.

Falando aos jornalistas, o chefe da delegação do Governo, José Pacheco, admitiu a possibilidade de as negociações entre as duas partes contarem com a presença de "observadores nacionais", mas rejeitou a participação de mediadores estrangeiros, defendendo que esta seria uma "ingerência nos assuntos internos do país".

Fernando Mazanga, porta-voz da RENAMO, tinha já garantido que se as suas exigências não fossem satisfeitas não haveria regresso ao diálogo esta segunda-feira. "Acho que não, porque já estamos há muito tempo nisto", começou por afirmar. "Estamos a avançar. Então, há necessidade de encontrarmos uma facilitação que permita que o diálogo - como gostam de chamar - possa fluir", explicou o porta-voz.


Diálogo e confrontos não são compatíveis

Recorde-se que as rondas negociais, que ultrapassaram as 20 e sem qualquer resultado, foram interrompidas há algumas semanas, quando a RENAMO não compareceu ao encontro pelo fato de esta exigência não ter sido satisfeita. E ao mesmo tempo que isso acontecia, na região centro do país, o exército moçambicano atacava os bastiões da RENAMO na província central de Sofala. Entretanto, algumas vozes nacionais consideram que confrontos e diálogo em simultâneo não devem acontecer.

Fernando Mazanga, porta-voz da RENAMOFoto: picture-alliance/dpa


O porta-voz da RENAMO, Fernando Mazanga, partilha da mesma opinião, explicando que "os confrontos militares não são desejáveis, pelo que é forçoso que se encontre uma saída a partir do diálogo. O diálogo é que pode parar todas as hostilidades. A ausência de um diálogo sério pode originar um ruído que acaba por criar alguns desentendimentos."

Disponibilidade de Dhlakama não está confirmada

Paralelamente a este processo negocial há tentativas de facilitadores de organizarem um diálogo entre o Presidente Armando Guebuza e o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama. No passado dia 8, Guebuza convidou Dhlakama para um encontro, mas a RENAMO exige que o exército abandone primeiro os seus bastiões. Por outro lado, o partido diz que o mesmo não pode acontecer porque não se sabe qual é o paradeiro de Afonso Dhlakama, na sequência da tomada dos seus bastiões pelo exército.

Quanto à realização deste encontro, Fernando Mazanga afirma que "é complicado para Afonso Dhlakama responder em razão da sua localização estar condicionada pelo cerco e aperto militar, porque foi corrido pelo exército das casas oficiais onde deveria estar. Foi corrido em Satunjira, foram atacar a casa dele na cidade da Beira, foram atacar a casa dos pais. Portanto, uma localização física do presidente da RENAMO é complicada, neste momento, para dizer, taxativamente, que ele estará disponível".

Governo moçambicano admite hipótese de mediação nas negociações com RENAMO

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