Governo moçambicano manda encerrar Rádio Encontro
12 de fevereiro de 2025![Instalacções da Rádio Encontro em Nampula](https://static.dw.com/image/45900883_800.webp)
O encerramento da emissora, parceira da DW, aconteceu na terça-feira (11.02), depois de uma inspeção de técnicos do Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM). Fundada em 1995, em Nampula, a Rádio Encontro é uma emissora pertencente à Igreja Católica, cuja política editorial é bastante crítica ao regime.
Em entrevista à DW, o diretor da Rádio Encontro, o padre Benvindo de Jesus Tapua, diz que a medida surpreendeu a direção, que não teria sido previamente informada. O diretor da rádio não sabe se motivações políticas estarão também por trás da decisão de encerramento e diz que só poderá saber isso quando a equipa da rádio visitar o INCM, na quinta-feira (13.02).
DW África: Como recebeu a notícia do encerramento da rádio?
Benvindo de Jesus Tapua (BJT): Recebemos com surpresa, em primeiro lugar, surpresa negativa pelo facto de fecharem. Nós estamos sempre lá no Instituto Nacional de Comunicação de Moçambique porque estamos num processo também de pedido de link. Queremos uma repetidora para podermos expandir os nossos serviços, a nossa audiência e a área de nosso serviço. Então, estamos nessa e quando lá cheguei, quis falar com a diretora, a diretora não estava na altura, e disseram-me que todo o procedimento está encaminhado. Então, quando recebemos essa informação [esta terça-feira], ficamos assim, sem saber realmente o que está acontecendo, já que dizem que está a fazer interferência no espaço aéreo.
DW África: Tendo em conta que a rádio já vem transmitindo o seu sinal desde 1995 e a situação só acontece agora, como é que entende isso?
BJT: Primeiro, em questões político-sociais, ainda não temos bases para adiantar alguma suspeita, não temos. Só depois de quinta-feira, dia em que vamos à instituição, ouvir o esclarecimento, ouvir que passos é que nós devemos dar. Nós estamos calmos, não há nenhuma notificação, não houve nenhuma notificação antecipada, só vimos essa chegada lá e o fecho da rádio. Então, estamos assim surpresos. Ainda não temos ideia do que está a acontecer realmente, não temos.
DW África: Devido à sua política editorial, já suspeitava que um dia a rádio teria esse tipo de surpresa?
BJT: Não, não suspeitei em termos de, por exemplo, por causa da política editorial ou por causa de falta de outro documento, porque legalmente nós estamos bem, pagamos e até eles confirmam que nós somos uma das rádios parceiras do Instituto Nacional de Comunicação de Moçambique. Somos uma das grandes parceiras e boas, porque pagamos os nossos impostos honorários, nós pagamos. Quer dizer, até hoje temos boas relações, pelo menos com a delegação de Nampula, a não ser que se façam relatórios contrários. Agora, assuntos políticos, eu não tenho informação, não tenho nenhuma notificação, mas como instituição do Estado não temos problemas, nós nos relacionamos muito bem, até hoje, como instituição do Estado. Então, não suspeitamos.