Governo moçambicano afirma que ProSavana "é prioritário"
Lusa
8 de dezembro de 2016
Afirmações são do ministro dos Transportes e Comunicações de Moçambique, Carlos Mesquita. Ele falou durante evento na embaixada nipónica em Maputo.
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"O Governo considera este projeto importante e prioritário na agenda de cooperação com o Japão, pelo impacto que vai ter na modernização e desenvolvimento do setor agrícola", afirmou o ministro dos Transportes e Comunicações de Moçambique, Carlos Mesquita, durante celebração do aniversário do imperador do Japão, Akihito (07.12.), na embaixada nipónica em Maputo.
Segundo Mesquita, o ProSavana tem como objetivo "contribuir para melhorar a segurança alimentar e aumentar a renda dos camponeses, além de introduzir novas tecnologias que permitam a transição de produtores de subsistência para produtores de mercado nacional e internacional".
Marcado pela controvérsia desde o seu nascimento, o ProSavana foi concebido pelos governos de Moçambique, Brasil e Japão e tem gerado receios de usurpação de terras das comunidades residentes na área do programa e motivado protestos dos habitantes do corredor de Nacala e de várias organizações não-governamentais, que questionaram o sucesso de uma experiência similar no Brasil, o PRODECER.
Corredor de Nacala
O ministro dos Transportes e Comunicações apontou o corredor de Nacala como "o principal enfoque" das relações de cooperação entre os dois países, ao abrigo de um entendimento celebrado em 2014, "com vista a imprimir uma maior dinâmica económica a essa região, bem como promover o bem-estar das populações que nela vivem".
O governante referiu a reabilitação e ampliação do porto de Nacala, o melhoramento e construção de novas estradas entre Nampula e Linchinga, além do aumento do transporte de energia elétrica na região.
Por outro lado, também pediu o empenho do Governo de Tóquio na aceleração das decisões finais de investimento em relação aos projetos de gás natural na bacia do Rovuma, no norte de Moçambique, onde a japonesa Mitsui participa na Área 1, numa concessão liderada pela norte-americana Anadarko.
"Gostaria de ver engajado o Japão, para que se chegue à decisão final de investimento na bacia do Rovuma, fator que irá contribuir para o incremento das trocas comerciais entre os dois países e potenciar o desenvolvimento de Moçambique", declarou.
Na última terça-feira (06.12), o Governo moçambicano aprovou uma série de instrumentos jurídicos para acelerar a produção de gás natural na bacia do Rovuma, onde se estima existir um dos maiores depósitos do mundo. Mas não há decisões finais de investimento dos dois consórcios, que são liderados pela Anadarko e pela italiana ENI.
O setor da energia foi destacado pelo embaixador japonês como uma das áreas em que as relações bilaterais "têm progredido consistentemente", dando os exemplos de unidades de processamento de eletricidade em Nampula e Maputo, além de programas de saúde e educação e formação de quadros.
Dívidas escondidas
Akira Mizutani mencionou também a crise política e militar em Moçambique e o escândalo das dívidas de empresas estatais escondidas das contas públicas. "Há uma satisfação em que a vontade de mudar Moçambique começa a caminhar na direção certa, através dos esforços dos mediadores internacionais e do início da auditoria independente internacional", declarou o diplomata ni pónico, em alusão às negociações de paz em curso e à contratação de um auditor externo para avaliar o real impacto dos empréstimos ocultos, que fizeram disparar a dívida pública.
Recorde-se que o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, reuniu-se em agosto (2016) com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, em Nairobi, à margem da Conferência Internacional de Tóquio para o Desenvolvimento de África (Ticad). Nyusi e Abe partilharam a intenção de se aprofundar as relações entre os dois países, quando o Japão já é um dos principais parceiros internacionais de Moçambique.
China em África: maldição ou benção?
A China quer mudar a sua imagem: de país explorador das matérias-primas africanas, para agente de desenvolvimento. Fazemos uma viagem pela história das relações sino-africanas.
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Parceiros igualitários?
A China leva estradas asfaltadas, grandes estádios de futebol e internet de banda larga para África. Ao mesmo tempo, pede ao continente petróleo e outras matéria-primas. A China já é o maior parceiro comercial de África. Até 2020, o país pretende duplicar o volume de negócios para 400 mil milhões de dólares. Os críticos temem que haja apenas um vencedor nestes negócios: a China.
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TAZARA: o primeiro grande projeto
A cooperação sino-africana começou nos anos 50 e 60. Como sinal da fraternidade socialista, a China financiou a construção de uma linha ferroviária que transportava o cobre da Zâmbia para a cidade portuária da Tanzânia, Dar es Salaam. O projeto baseava-se na amizade inter-étnica e no trabalho solidário. A ferrovia chamda TAZARA " Tanzania-Zambia Railway" funciona até aos dias de hoje.
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Chegaram para fazer negócios
Com a estratégia "Go Global", na década de 90, o Governo chinês muda a sua política para África, começando a apoiar empresas do próprio país a fazerem negócios com o continente. O objetivo: proteger os recursos naturais estratégicos e promover o desenvolvimento económico da China. Ou seja, ter África como um parceiro de negócios e mercado para os bens de consumo chineses.
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Críticas do Ocidente
Com a nova política, a China garante para si campos de petróleo e as minas de metais preciosos, não tendo medo de trabalhar com regimes autoritários e corruptos. O país não é bem visto na Europa e nos Estados Unidos. A China só estaria interessada na exploração de recursos naturais, mas não no bem das pessoas, é a crítica do Ocidente.
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Infraestruturas como moeda de troca
A China também faz negócios com o Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, procurado pelo Tribunal Penal Internacional por genocídio. O país está a tornar-se o mais importante investidor na indústria de petróleo sudanês. Além disso, a empresa chinesa de petróleo estatal financia a construção da barragem de Merowe, no norte do Sudão.
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Oferta de 150 milhões de euros à União Africana
As boas relações com a África são bem pagas pela China. Em 2012, o país financiou a construção da sede da União Africana, em Adis Abeba. "A China vai ajudar os países africanos a ampliar a sua força e independência", disse o chefe da delegação chinesa na cerimónia de abertura.
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Líder do mercado de telecomunicações
Duas empresas chinesas dominam o mercado africano de telecomunicações: a ZTE e a Huawei. Foi a essas empresas que Governos de todo o continente fizeram as suas grandes encomendas. Na Etiópia, a Huawei e a ZTE constroem uma rede de 3G para todo o país por 1,7 mil milhões de dólares. Na Tanzânia, empresas chinesas instalaram cerca de 10 mil quilómetros de cabos de fibra ótica.
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Concorrentes desagradáveis
As esperanças de melhores oportunidades em África não atraem apenas as grandes empresas, mas também milhares de cidadãos comuns chineses . Eles abrem pequenas lojas onde vendem produtos chineses baratos: utensílios de cozinha, jóias, dispositivos elétricos. "Muitos comerciantes africanos não estão satisfeitos com a nova concorrência", diz o economista queniano David Owiro.
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À espera de novos postos de trabalho
Seja no comércio de retalho ou na construção de estradas "os africanos raramente lucram com investimentos chineses. As empresas trazem os seus próprios trabalhadores", diz Owiro. Agora, na África do Sul, onde a China acaba de inaugurar uma fábrica de camiões, isso pode mudar. O Governo sul-africano elogia o projeto como um marco para a industrialização africana e espera novos postos de trabalho.
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De exportador a agente de desenvolvimento?
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, ofereceu dois mil milhões de dólares para um fundo de desenvolvimento para África durante a sua visita ao primeiro-ministro da Etiópia, Hailemariam Desalegn, em maio de 2014. A liderança chinesa quer abrir um novo capítulo nas relações China-África, passando de país explorador das matérias-primas para agente de um desenvolvimento sustentável.
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Medo pela reputação
"A China teme pela sua reputação no mundo", diz Sun Yun do centro de pesquisa norte-americano "Brookings". As alegações nos média de que a China só estaria interessada nas matérias-primas de África levaram a esta mudança. O Governo publicou recentemente uma lista dos programas de ajuda ao desenvolvimento, que inclui 30 hospitais, 150 escolas, 105 projetos de energia e água renováveis.
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O charme chinês
Para promover a sua missão em África, a China lançou uma grande campanha mediática. Os meios de comunicação do Governo para o estrangeiro focam claramente os negócios, África é retratada como o continente próspero. Algo que contrasta com décadas de cobertura negativa dos meios de comunicação ocidentais.