Nigéria: Governo negocia cessar-fogo com o Boko Haram
Reuters | AFP | tms
25 de março de 2018
Negociações já ocorrem há algum tempo, segundo informou o Governo à agência de notícias Reuters. Conversações estreitaram-se depois do rapto de mais de 100 meninas em fevereiro.
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O Governo da Nigéria afirmou este domingo (25.03) que está em negociações com o grupo radical islâmico Boko Haram para um possível cessar-fogo permanente. Segundo o ministro da Informação, Lai Mohammed, em declarações à Reuters, as conversações já estão em andamento há algum tempo.
É a primeira vez em anos que a Nigéria diz que está negociando um cessar-fogo com o Boko Haram. O Governo do Presidente Muhammadu Buhari disse anteriormente estar disposto a manter conversações com o grupo, mas não avançou detalhes.
O Boko Haram travou uma insurgência no nordeste da Nigéria e países vizinhos desde 2009, onde pretendia criar um estado islâmico. Dezenas de milhares de pessoas foram mortas, mais de 2 milhões de deslocados e outros milhares sequestrados.
Mohammed fez sua declaração num e-mail à Reuters destacando a libertação de mais de 100 jovens na semana passada pelo grupo, após terem sido sequestradas a 19 de fevereiro na cidade de Dapchi, no nordeste do país. Foi o maior rapto em massa desde que mais de 270 meninas foram levadas da cidade de Chibok em 2014. As meninas reuniram-se às suas famílias neste domingo.
Libertação
Os combatentes do Boko Haram chocaram os moradores de Dapchi na quarta-feira passada ao entrarem na cidade para libertar as meninas, que disseram que cinco morreram em cativeiro e uma ainda não havia sido libertada.
"É desconhecido por muitos, mas temos estado em negociações de cessação de hostilidade com os insurgentes há algum tempo", disse Mohammed. "Conseguimos estreitar as conversas quando as meninas Dapchi foram sequestradas".
Mohammed disse que um cessar-fogo de uma semana, a partir de 19 de março, foi aceito para permitir que o grupo entregasse as meninas.
Nigéria: Dar e receber para sobreviver
Fugiram do grupo terrorista Boko Haram e vivem sem dinheiro no campo de refugiados de Bakasi, na Nigéria. A troca de produtos foi a solução que muitos encontraram para sobreviver e satisfazer necessidades básicas.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Alguma autonomia
Os alimentos e os produtos doados nem sempre são os desejados. Dinheiro e trabalhos remunerados são raros no campo de refugiados de Bakasi, no nordeste da Nigéria. Com a troca de produtos, os refugiados encontraram uma maneira de satisfazer as suas necessidades.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Dinheiro significa corrupção
"Nós não ganhamos dinheiro. Por isso é que fazemos as trocas", explica Umaru Usman Kaski. O refugiado quer trocar um molho de lenha no valor de 50 nairas (cerca de 11 cêntimos de euro) por alimentos para a família de oito membros. Muitos residentes preferiam receber dinheiro. Mas o risco é grande porque a corrupção na rede de distribuição do campo é generalizada.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Arroz em troca de farinha
Falmata Madu (à dir.) troca arroz pela farinha de milho de Hadisa Adamu. As refugiadas fazem parte dos dois milhões de pessoas que fugiram do Boko Haram. Uns refugiaram-se no interior do país, outros no estrangeiro. Há mais de oito anos que o grupo terrorista aterroriza o nordeste da Nigéria, onde quer estabelecer um califado. Segundo a ONU, esta é uma das piores crises humanitárias mundiais.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Milhares de refugiados
Há 670.000 refugiados nos vários campos espalhados pelo nordeste da Nigéria. No campo de Bakasi, nos arredores da cidade de Maiduguri, capital do estado de Borno, vivem 21 mil pessoas. Em troca do seu milho, Falmata Ahmadu recebe folhas de amaranto de Musa Ali Wala.
Foto: Reuters/A. Sotunde
"Não havia mais nada"
Abdulwahal Abdulla não gosta muito de peixe. Mas as pequenas tilápias foram a única coisa que conseguiu comprar porque os produtos são muitos escassos. Em vez do peixe seco, que custou 150 nairas (cerca de 36 cêntimos de euro), o refugiado de 50 anos, que vive no campo de Bakasi há três anos, preferia ter comprado óleo.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Necessidades alteram-se
Nasiru Buba (à dir.) comprou detergente com o dinheiro que conseguiu a trabalhar como porteiro na cidade. Na altura, não precisava de nada especial. Agora precisa urgentemente de amendoins, mas já não tem dinheiro. "A minha mulher acabou de ter um bébé, mas não tem leite", diz Buba. Acredita-se que os amendoins estimulam a produção de leite.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Violência sem fim à vista
Maiduguri é considerada o berço do Boko Haram e centro de violência. Em finais de dezembro de 2017, pelo menos nove pessoas morreram num ataque do grupo terrorista na capital do estado de Borno. Face a este cenário, é pouco provável que os refugiados deixem o campo de Bakasi em breve. Por enquanto, a troca direta de bens deverá continuar.