Governo são-tomense quer investir € 65 milhões após pandemia
Lusa | kg
5 de abril de 2020
Com ajuda de parceiros internacionais, São Tomé e Príncipe quer implementar um programa para proteger os setores do turismo, hotelaria, emprego e agricultura. País é o único dos PALOP sem casos da Covid-19.
Publicidade
O Governo de São Tomé e Príncipe vai discutir nos próximos dias com os parceiros internacionais um programa avaliado em cerca de 65 milhões de euros para fazer face aos efeitos após a pandemia da Covid-19.
"Os parceiros estão à espera deste programa para verem em que medida poderão ajudar-nos a financiá-lo. Há uma grande teia de solidariedade internacional, as instituições financeiras, e não só, estão mais sensíveis", anunciou o primeiro-ministro são-tomense, Jorge Bom Jesus, este domingo (05.04).
As áreas prioritárias vão ser as do turismo, hotelaria, restauração, emprego e agricultura. O Executivo pretende igualmente incentivar o empreendedorismo e outras iniciativas privadas e de caráter social que dinamizam a economia.
São Tomé e Príncipe é o único país lusófono e um dos cinco em África que não tem qualquer caso registado de infeção pelo novo coronavírus.
Prevenção 'pós-coronavírus'
As medidas de restrições impostas pelo Governo são-tomense levaram ao encerramento de todos os hotéis, residenciais, pensões e alguns serviços de restauração. "Temos, neste momento, muitas propostas de doação de parceiros bilaterais e multilaterais. Temos que preparar o antes do coronavírus, que é o processo preventivo em que nos encontramos, e temos que preparar-nos para o pior, esperando a doença, eventualmente", disse Bom Jesus.
Covid-19: Alfaiate produz máscaras de proteção
02:27
O primeiro-ministro deixou um alerta: "Ainda que [a pandemia] não chegue ao nosso país, não estamos imunes às suas consequências calamitosas, a nível financeiro. Por isso temos que nos preparar para o pós-coronavírus".
Segundo o Governo, cerca de 75 mil pessoas que representam a força produtiva do arquipélago vão precisar de ajuda financeira durante e depois da pandemia. O primeiro-ministro são-tomense disse confiar na produção interna para dar volta aos problemas alimentares e no aumento da pobreza, que "poderá crescer exponencialmente".
Nos próximos dois meses, o Governo precisa de investir cerca de sete milhões de dólares (cerca de 6,5 milhões de euros), distribuídos pelos setores da agricultura, saneamento, saúde e infraestrutura.
Apelo do comércio
A Câmara do Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços (CCIAS) são-tomense pediu ao Governo para "injetar rapidamente" meios financeiros nas empresas, alertando que as medidas para evitar a pandemia estão a levar muitas "ao descalabro".
"Se não houver medidas sérias e urgentes por parte do Governo, muitas empresas serão obrigadas a fechar portas, o que seria extremamente perigoso", disse o responsável da CCIAS, Jorge Correia, em entrevista à agência de notícias Lusa.
"São medidas necessárias, nós apoiamos todos, temos que apoiar, mas, por outro lado, a nossa preocupação é que as empresas não fechem as portas e que consigamos manter os trabalhadores ativos", referiu.
Há duas semanas, a CCIAS remeteu uma carta ao Executivo com algumas propostas, destacando-se entre elas a liquidação das dívidas do Estado às empresas. "A primeira coisa que propusemos ao Governo é que neste período em que quase tudo está parado, o Governo deve fazer algum esforço e liquidar todas as dívidas para com as empresas privadas", indicou Jorge Correia.
Outra proposta da CCIAS ao Governo é a suspensão do pagamento pelas empresas de impostos, como IRS, IRC e outros, alegando que neste momento "as empresas não estão em condições de os pagar". A CCIAS quer também que o Governo sirva de "intermediário junto dos bancos" para conseguir uma moratória para o pagamento dos créditos que muitas dessas empresas têm junto da banca.
O que mudou em Cabo Verde com a Covid-19
Cabo Verde registou quatro casos de infeção por Covid-19 e uma morte. Todos os casos são importados. Centenas de pessoas estão em isolamento e os voos foram condicionados. O dia a dia também está a ser afetado.
Foto: DW/A. Semedo
Movimentação reduzida nas ruas
A chegada do novo coronavírus a Cabo Verde mudou a rotina dos cabo-verdianos, sobretudo nos centros urbanos, onde se tem notado a diminuição de movimentação e aglomeração de pessoas. Muitos preferem ficar em casa para diminuir o contacto social. Eventos com muitas pessoas foram suspensos em todo o país. Discotecas foram encerradas, bares e restaurantes passaram a fechar mais cedo.
Foto: DW/A. Semedo
Férias escolares antecipadas
Cabo Verde antecipou as férias escolares do ensino pré-escolar, básico e secundário para o dia 23 de março, como medida de contenção à Covid-19. As universidades também suspenderam todas as aulas e outras atividades formativas. Foram ainda estabelecidas medidas "excecionais e temporárias" para o funcionamento de creches, com a possibilidade do teletrabalho para os pais.
Foto: DW/A. Semedo
Informar com urgência a população
Campanhas de sensibilização e de esclarecimento à população sobre a Covid-19 estão a ser realizadas pelas autoridades em Cabo Verde. Carros passam informações à população sobre o que é a Covid-19, as formas de transmissão e como prevenir a doença. Estas viaturas circulam nos centros das cidades e bairros para reforçar a comunicação.
Foto: DW/A. Semedo
Transportes urbanos com lotação a 50%
Os transportes urbanos e interurbanos, como taxis e "hiaces", já estão a sentir os efeitos da Covid-19. A lotação passou para metade, com impacto direto no rendimento dos condutores. A medida visa aumentar o distanciamento entre os passageiros e evitar o contágio. "Hiacistas" e taxistas pedem apoio ao Governo para colmatarem as perdas, como a suspensão de impostos ou a facilitação de créditos.
Foto: DW/A. Semedo
Praias interditadas em todo país
As autoridades interditaram o acesso às praias do país para evitar a aglomeração de pessoas e, consequentemente, prevenir o contágio e a disseminação da Covid-19. A proibição durará enquanto se mantiver o plano de contingência a nível nacional decretado pelo Governo. A polícia está a patrulhar as zonas balneares para garantir o cumprimento da interdição.
Foto: DW/A. Semedo
Acesso limitado aos locais públicos
Mercados, bancos, farmácias, lojas e outras instituições estão a limitar a entrada de pessoas para prevenir a Covid-19, o que tem levado à criação de filas à porta destes espaços. Nos mercados da Praia, por exemplo, foi proibida a entrada de crianças e as vendedeiras com mais de 65 anos devem ficar em casa. Feiras e vendas de animais vivos são agora proibidas. Algumas lojas chinesas já fecharam.
Foto: DW/A. Semedo
Corrida aos supermercados
O anúncio do plano de contingência para a prevenção e controlo da Covid-19 e do primeiro caso da doença no país, disparou as compras em Cabo Verde. O medo de ficar sem alimentos levou as pessoas a comprarem grandes quantidades de comida e produtos de higiene. O Governo alertou a população para não açambarcarem os produtos e reforçou a fiscalização contra a especulação de preços.
Foto: DW/A. Semedo
O medo de ficar sem gás butano
O anúncio do primeiro caso de Covid-19 no país levou os cidadãos à compra desenfreada de gás butano para armazenamento, temendo a sua falta no mercado. Vários postos de venda ficaram sem este combustível para atender à elevada procura. Entretanto, as empresas de combustíveis garantem à população que têm stocks de gás suficiente para abastecer o mercado, afastando um cenário de escassez.
Foto: DW/A. Semedo
Faltam materiais de proteção individual
A falta de máscaras e álcool em gel no mercado tem deixado os cidadãos muito preocupados. A procura por estes produtos aumentou drasticamente com o registo do primeiro caso de Covid-19 no país. A empresa de medicamentos Inpharma passou a produzir álcool em gel para abastecer o país e já garantiu o fornecimento de máscaras às farmácias. Porém, a venda destes produtos está a ser racionada.