Presidente Muhammadu Buhari apresentou uma lista de 43 nomes para o seu Executivo que está a causar polémica: tal como o número de membros, também a média de idades é elevada. Jovens lamentam ficar de fora.
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Na Nigéria, quase dois meses depois da sua investidura para mais um mandato de quatro anos à frente do país, o Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, apresentou, finalmente, na terça-feira (23.07), uma longa lista com 43 nomes para o seu Governo. As escolhas do chefe de Estado estão a causar polémica: além do número elevado de membros - mais sete que no mandato anterior – o Executivo é inclui apenas cinco mulheres e a média de idades dos membros do Governo está acima dos 40 anos.
Para os jovens nigerianos que há muito aguardam uma oportunidade para demonstrarem o seu talento na governação, o Executivo apresentado por Buhari é uma desilusão. O anúncio da lista gerou uma grande preocupação perante o que dizem a "não-implementação" da lei "Not too young to run" – em português, "Não demasiado jovem para concorrer" - promulgada por Muhammadu Buhari no ano passado para eliminar o limite mínimo de idade para os jovens que pretendem candidatar-se a cargos públicos.
Governo sem espaço para jovens na Nigéria
Olhando para lista governamental, o jovem ativista Aliyu Dahiru considera que ficou provado que a Nigéria ainda não está preparada para explorar o potencial juvenil, "pessoas que têm energia, capacidade, que têm o poder de fazer avançar o país". Para o activista, "quando se trata de desenvolvimento, os jovens estão sempre à frente, porque são pessoas destemidas, tudo está ao seu alcance".
O grande problema dos jovens da Nigéria continua a ser o desemprego. Sibawaihi Sambo, presidente da Associação dos Licenciados Desempregados do Norte da Nigéria, diz que não aceitável deixar os jovens fora das rédeas da governação e promete "aproveitar esta oportunidade para pedir ao governo federal que a lista seja reorganizada".
"Enquanto os jovens não forem incluídos, as políticas serão velhas", sublinha.
Nem todos pensam desta forma. Para o analista Rabiu Isah, de Kaduna, a exclusão dos mais jovens da lista de ministros poderá não afetar a governação: "Vimos no passado muitos líderes a fazerem o seu melhor, passam bem sem os jovens na sua administração. Acredito que Buhari pode sair-se bem sem jovens no seu Executivo".
Na próxima semana, a lista dos novos membros do Executivo, que conta com apenas 12 repetentes do mandato anterior, deverá ser analisada pelo Senado nigeriano.
Angola: Jovens desempregados marcham em Luanda
O elevado índice de desemprego levou os jovens angolanos novamente às ruas. Durante a caminhada de sábado (08.12) os "kunangas", nome atribuído aos desempregados, exigiram políticas para a criação de postos de trabalho.
Foto: DW/B. Ndomba
Caminhar por mais emprego
Onde estão os 500 mil empregos que o Presidente da República, João Lourenço, prometeu durante a campanha eleitoral de 2017? Foi uma das questões colocadas pelos jovens desempregados que marcharam nas ruas de Luanda. A marcha decorreu sob o lema "Emprego é um direito, desemprego marginaliza".
Foto: DW/B. Ndomba
Apoio popular
Populares e vendedores ambulantes apoiaram o protesto deste sábado, que foi também acompanhado pelas forças de segurança. Participaram na marcha algumas associações como o Movimento Estudantil de Angola (MEA) e a Associação Nova Aliança dos Taxistas. Os angolanos que exigem criação de mais postos de trabalho marcharam do Cemitério da Sant Ana até ao Largo das Heroínas, na Avenida Ho Chi Minh.
Foto: DW/B. Ndomba
Níveis alarmantes
O Governo angolano reconhece que o nível de desemprego é preocupante no país. 20% da população em idade ativa está desempregada, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados no ano passado. Os jovens em Angola são os mais afetados - 46% não têm emprego.
Foto: DW/B. Ndomba
Palavras de ordem
Os manifestantes exibiram vários cartazes com mensagens dirigidas ao Presidente e ao Governo: "João Lourenço mentiroso, onde estão os 500 mil empregos?", "Ser cobrador de táxi não é minha vontade" e "Por kunangar perdi respeito em casa”, foram algumas das questões levantadas.
Foto: DW/B. Ndomba
Estágios, inclusão e subsídios
Além de empregos, os manifestantes exigem políticas de estágio - para que os recém formados tenham a experiência exigida pelas empresas – e programas que beneficiem pessoas com deficiência física. Este sábado, pediram também ao Governo que atribua subsídio de desemprego aos angolanos que não trabalham.
Foto: DW/B. Ndomba
Sem perspetivas de trabalho
O índice do desemprego piorou com a crise económica e financeira em Angola, desde 2015. O preço do crude caiu no mercado internacional, e, como o país está dependente das exportações de petróleo, entraram menos divisas. Muitas empresas foram obrigadas a fechar as portas e milhares de cidadãos ficaram desempregados.
Foto: DW/B. Ndomba
Formados e desempregados
Entre os manifestantes ouvidos pela DW África em Luanda, histórias como a de Joice Zau, técnica de refinação de petróleo, repetem-se. Concluiu a sua formação em 2015 e, desde então, não teve quaisquer oportunidades de emprego: "Já entreguei currículos em várias empresas no ramo petrolífero e nunca fui convocada", conta. Gostaria de continuar a estudar, mas, sem emprego, são muitas as dificuldades.
Foto: DW/B. Ndomba
É preciso fazer mais
Para a ativista Cecília Quitomebe, o Executivo está a "trabalhar pouco para aquilo que é o acesso ao emprego para os jovens". No final da marcha, a organização leu um "manifesto" lembrando que a contestação à política de João Lourenço começou a 21 de julho, quando o mesmo grupo de jovens exigiu mais políticas de emprego. Na altura, a marcha realizou-se em seis cidades. Este sábado, ocorreu em 12.