Governo senegalês já anunciou reeleição de Macky Sall
mjp | AFP | Reuters
25 de fevereiro de 2019
Depois de um fim-de-semana de eleições presidenciais, contam-se os votos no Senegal e na Nigéria e no Senegal. Segundo o Governo senegalês, o Presidente Macky Sall foi reeleito à primeira volta para um segundo mandato.
Macky Sall votou em FatickFoto: Imago/Xinhua/D. Gueye
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Este domingo (24.02), os senegaleses puderam escolher entre cinco candidatos. Segundo o primeiro-ministro, Mohammed Dionne, o Presidente Macky Sall foi reeleito com "pelo menos 57%" dos votos. O anúncio foi feito numa altura em que ainda não foram divulgados os resultados oficiais provisórios pela Comissão Eleitoral.
Ainda antes das declarações do Executivo senegalês, a oposição já criticava a divulgação dos resultados não oficiais na imprensa. "Neste momento, nenhum candidato, eu incluído, pode proclamar-se vencedor", disse Osmane Sonko, um dos principais candidatos da oposição. "Além disso, há uma instituição estabelecida responsável pela divulgação dos resultados provisórios na Comissão Eleitoral e dos resultados finais no Conselho Constitucional", lembrou.
Governo senegalês já anunciou reeleição de Macky Sall
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Os resultados oficiais deverão ser conhecidos na sexta-feira (021.03), com uma segunda volta marcada para o dia 24, caso nenhum dos candidatos alcance a maioria. Ainda não é claro quantos eleitores entre os seis milhões e meio registados foram votar este domingo.
A missão de observação eleitoral da Organização Internacional da Francofonia, chefiada pelo ex-primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, dá conta de uma elevada participação nas presidenciais senegalesas e fala em "normalidade” no decorrer das eleições.
Mas o processo eleitoral já estava marcado por controvérsia, com a exclusão das candidaturas de dois dos principais rivais de Macky Sall e episódios de violência durante a campanha que causaram pelo menos dois mortos.
Muhammadu Buhari votou em DauraFoto: Bayo Omoboriwo
Organizações da sociedade civil contam dezenas de mortes em incidentes violentos e tentativas de ataques do grupo radical islâmico Boko Haram. Há também registo de atrasos na abertura de assembleias de voto, problemas técnicos nas urnas, denúncias de tentativa de compra de votos e queima de material eleitoral.
Mas a Comissão Eleitoral Independente mostrou-se satisfeita com a forma pacífica como decorreram as eleições e apontou para o anúncio de alguns resultados já na terça-feira (26.02).
Observadores falam numa luta renhida entre os dois favoritos da lista de 72 candidatos: o Presidente cessante, Muhammadu Buhari, e o antigo vice-Presidente Atiku Abubakar.
O atual chefe de Estado foi um dos primeiros a votar e a reivindicar a vitória de um segundo mandato: "Até aqui tudo corre bem. Os nigerianos entendem que estão a acreditar neles mesmos. Estou otimista. Logo vou parabenizar-me pela minha vitória, serei o vencedor".
Buhari descartou as perguntas dos jornalistas sobre se aceitaria uma derrota para o principal opositor. Por sua vez, Atiku Abubakar mostrou-se confiante: "Estou ansioso por uma transição bem sucedida".
Reféns do Boko Haram libertados na Nigéria: "Ainda dói"
As 293 mulheres e crianças libertadas na semana passada pelo exército nigeriano das mãos do Boko Haram foram levadas para um campo de refugiados perto da cidade de Yola. Mas o seu sofrimento está longe de terminar.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
O sorriso perdido
"O que se percebe imediatamente é que as crianças aqui quase não riem", conta um funcionário do acampamento de Malkohi, na periferia da cidade nigeriana de Yola. Cerca de metade das perto de 300 pessoas que eram mantidas em cativeiro pelo Boko Haram tem menos de 18 anos. Um terço das crianças no acampamento sofre de desnutrição.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Primeiros dias de vida no acampamento
Lami Musa é mãe da mais recente moradora do acampamento de Malkohi. Deu à luz na semana passada. Um dia depois foi salva por soldados nigerianos. Durante a operação de resgate várias mulheres foram mortas pelos terroristas. "Apertei firmemente a minha filha contra o meu corpo e inclinei-me sobre ela", recorda a jovem mãe.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Filho perdido durante o cativeiro
Halima Hawu não teve tanta sorte. Um dos seus três filhos foi atropelado enquanto os terroristas a raptavam. Durante a operação de resgate um soldado nigeriano atingiu-a numa perna, porque os membros do Boko Haram usam as mulheres como escudos humanos. "Ainda dói, mas talvez agora o pior já tenha passado", espera Halima Hawu.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Poucos alimentos para as crianças
Babakaka, de três anos, teve de passar seis meses com o Boko Haram. Só raramente havia algum milho para as crianças, contam antigos prisioneiros. Quando foram libertados pelos soldados, Babakaka estava quase a morrer de fome. Babakaka continua extremamente fraco e ainda não recebeu tratamento médico adequado no acampamento.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Sobrevivência por um triz
A mãe de Babakaka foi levada para o Hospital de Yola juntamente com cerca de outras vinte pessoas gravemente feridas. Durante a fuga, alguém que seguia à sua frente pisou uma mina. A explosão foi tão forte que a mulher ficou gravemente ferida. Perdeu o bebé que carregava.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Roupas usadas do Ocidente
Exceptuando algumas doações de roupas velhas, ainda não chegou muita ajuda internacional às mulheres e crianças do acampamento de Malkohi. Aqui há falta de muitas coisas, sobretudo de pessoal médico. Não há qualquer vestígio do médico de serviço no acampamento. Apenas duas enfermeiras e uma parteira mantêm em funcionamento o posto de saúde temporário.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Dependentes de voluntários
"Não entendo por que motivo o nosso serviço de emergência nacional não faz mais", reclama a assistente social Turai Kadir. Por sua própria iniciativa, Turai Kadir chamou uma médica para tratar das crianças mais desnutridas. Na verdade, essa é a tarefa da NEMA, a agência nigeriana de gestão de emergências, que está sobrecarregada.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
"Incrível capacidade de resistência"
Regina Musa voltou há poucos meses dos Estados Unidos para dar aulas de Psicologia na Universidade de Yola. Agora, a psicóloga presta aconselhamento psicológico a mulheres e crianças. "As mulheres têm demonstrado uma incrível capacidade de resistência", diz Musa. Durante o período traumático, muitas delas também se preocupavam com os filhos de outras pessoas. Autor: Jan-Philipp Scholz (em Yola)