Governo turco promete atacar se milícias não se retirarem
Lusa | EFE | kg
20 de outubro de 2019
O Presidente turco disse que o país vai retomar ofensiva militar no nordeste da Síria se as milícias curdas não se retirarem de área próxima à fronteira. Mais de 750 pessoas foram presas, mortas ou feridas, diz Erdogan.
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O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, declarou este domingo (20.10) que o país vai retomar na próxima terça-feira (22.10) a ofensiva no nordeste da Síria caso as milícias curdas ainda não tenham se retirado totalmente de uma faixa de 30 quilômetros a partir da fronteira.
"Se respeitarem o acordo, tudo bem. Se não respeitarem, imediatamente quando se passarem as 120 horas, continuaremos a operação 'Fonte de Paz' onde a deixamos", alertou Erdogan durante um discurso. O Presidente turco se referiu ao prazo estipulado com os Estados Unidos da América para a trégua pactuada na quinta-feira passada (17.10).
De acordo com Erdogan, desde que foi iniciada a ofensiva na Síria contra as milícias curdas, no último dia 9, 756 "terroristas" morreram, ficaram feridos ou foram presos. Além disso, afirmou que a Turquia passou a controlar cerca de 1.500 quilômetros quadrados no nordeste da Síria que estavam em mãos das milícias sírias, incluindo as cidades de Ras al-Ayn e Tell Abiad.
O governante também reconheceu a morte de 20 civis, cinco soldados turcos e 76 membros do autodenominado Exército Nacional da Síria, formado por milicianos sírios aliados a Ancara.
Trégua
As Forças Democráticas Sírias (FDS), a principal aliança de milícias lideradas por curdos, confirmaram que se retiraram totalmente da cidade de Ras al-Ayn, localizada no nordeste da Síria e na fronteira com a Turquia, como estipulava a trégua pactada com o governo turco.
Erdogan insistiu que a Turquia pretende criar uma "zona de segurança" de aproximadamente 440 quilômetros de comprimento em solo sírio ao longo da fronteira. "Daremos segurança a esta região e a nossa luta seguirá até que o último terrorista seja expulso", afirmou.
Na quinta-feira passada, EUA e Turquia estabeleceram uma pausa de cinco dias na ofensiva turca para permitir a retirada das milícias curdo-sírias que a Turquia considera terroristas. Até então, essas milícias tinham sido os melhores aliados dos EUA na luta contra o grupo jihadista Estado Islâmico.
Raízes africanas na Turquia
São descendentes de africanos trazidos pelo Império Otomano como escravos e trabalhadores domésticos. Estima-se que sejam mais de 100 mil. Identificam-se como Afro-Turcos e vivem principalmente no oeste da Turquia.
Foto: Bradley Secker
Raízes turcas
Esat Sezar, à esquerda, está sentado com o amigo na sua aldeia perto de Izmir. Esat, que trabalhou na Turquia na indústria hoteleira, considera-se turco. Ele desenha a sua árvore genealógica, recuando à aldeia onde nasceu. A aldeia de Köyü é uma mistura de afro-turcos e não afro-turcos, onde a sua mãe, de 106 anos de idade, diz lembrar-se da declaração da República da Turquia em 1923.
Foto: Bradley Secker
Parte da comunidade
Sabriye Sınaiç e a sua família são agricultores e trabalhadores na sua aldeia e áreas circunvizinhas. Ela não sabe nada sobre a sua ancestralidade, mas acredita que vieram para a Turquia via Damasco, na Síria. Até à criação da Associação Afro-Turca disse que não sabia que existiam outros como ela. Só depois percebeu que havia muitos espalhados à sua volta.
Foto: Bradley Secker
Ambiente de trabalho
Şakir (no meio) passa o tempo com os seus ex-colegas de trabalho da fábrica perto de Izmir. Agora Şakir é o responsável da Associação Afro-Turca depois da morte do seu fundador, Mustafa Olpak em 2016.
Foto: Bradley Secker
Sacola de misturas
Şükriye İletmış, de 70 anos de idade, está no seu jardim na aldeia de Hasköy, perto de Izmir, na Turquia. Şükriye identifica-se como uma afro-turca e viveu toda a sua vida em Hasköy.
Foto: Bradley Secker
Vida familiar
Şakir tem uma fotografia da família na sua aldeia. Şakir está na foto, veste uma camisa azul, atrás do lado direito. Criada há uma década, a Associação Afro-Turca está sediada em Izmir. A associação tem por objetivo destacar a comunidade e os problemas que ela enfrenta. Ela serve também como centro cultural para a comunidade que está dispersa, principalmente na costa ocidental da Turquia.
Foto: Bradley Secker
Recuperando tradições
Uma Godya fala com as pessoas e tenta prever o seu futuro durante o festival anual Afro-Turco de Dana Bayram (Festival dos Bezerros). Tradicionalmente, as Godyas eram mulheres que chefiavam as comunidades Afro-Turcas no Império Otomano e eram muito respeitadas e poderosas. Elas já não existem, mas, para o festival, uma mulher local é escolhida para fazer este papel em nome da tradição.
Foto: Bradley Secker
Origem misturada
O filho de Şakir, de 32 anos de idade (dir.), o neto Yağız Efe e a sua nora Aysel na casa da família Şakir num suburbio de Izmir. Casamentos mistos são muito comuns entre a comunidade Afro-Turca, o que torna difícil estimar números exatos da população afro-turca.
Foto: Bradley Secker
Ajudando os outros
Gülşen Ergüven, de 35 anos de idade (de vermelho no centro), trabalha numa cantina na escola da sua aldeia em Yeniçiftlik. Gülşen tem dois filhos na escola e trabalha em tempo parcial e também ajuda a mãe com tarefas domésticas.
Foto: Bradley Secker
Novamente em casa
Fehmi Yavaşer, de 85 anos de idade, na sua aldeia natal de Belevi, na parte oriental da Turquia. Fehmi viveu na Alemanha como trabalhador convidado por 18 anos antes de ser deportado. Ele era pugilista quando regressou à Turquia e não tinha ideia sobre as suas heranças para além da sua aldeia.