Grace Mugabe deixa a África do Sul após denúncia de agressão
EFE | Reuters | AP | AFP | Lusa
20 de agosto de 2017
Governo sul-africano concedeu este domingo (20.08) imunidade diplomática à primeira-dama. Grace Mugabe era investigada por supostamente ter agredido uma jovem, em Joanesburgo.
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A primeira dama do Zimbabué, Grace Mugabe, voltou este domingo (20.08) ao seu país após ter sido denunciada na África do Sul por supostamente agredir uma jovem de 20 anos num hotel em Joanesburgo. Grace Mugabe estaria no país vizinho para um tratamento de saúde.
A primeira-dama e o Presidente Robert Mugabe chegaram a capital Harare este domingo a bordo de um avião da linha Air Zimbabwe e foram recebidos por funcionários de alto escalão do Governo, conforme imagens apresentadas pela emissora nacional ZBC.
A África do Sul concedeu a imunidade diplomática à Grace Mugabe, conforme foi solilcitado pelo Presidente e a própria primeira-dama. Um comunicado foi publicado na Gazeta do Governo sul-africano este domingo: "Reconheço as imunidades e privilégios da primeira-dama da República do Zimbabwe, Dr. Grace Mugabe", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Maite Nkoana-Mashabane.
Analistas apontaram para a dificuldade de que o Governo do Presidente Jacob Zuma permitisse o processo judicial contra Grace Mugabe, devido aos fortes laços entre o partido governante na África do Sul, o Congresso Nacional Africano (ANC), e o do Zimbabué, a União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (ZANU-PF).
Grace Mugabe foi denunciada na segunda-feira passada por supostamente ferir a jovem modelo Gabriella Engels com uma extensão elétrica na cabeça, depois de encontrá-la num luxuoso quarto de hotel com os seus dois filhos.
A primeira-dama foi convocada a dar esclarecimentos em tribunal na terça-feira, mas não compareceu. Naquele mesmo dia, uma fonte do Governo do Zimbabué garantiu a agências de notícias que Grace Mugabe havia retornado para o seu país, sem avançar detalhes.
O Presidente Robert Mugabe antecipou viagem ao país vizinho, dois dias antes de uma cimeira dos dirigentes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), numa aparente tentativa de atenuar a tensão diplomática causada por Grace Mugabe e resolver o problema que da mulher na Justiça sul-africana.
Famílias influentes em África
Para muitos, a política continua a ser um negócio de família: o filho recebe a Presidência de herança, a filha dirige a empresa estatal, a esposa torna-se ministra. Há vários exemplos.
Foto: picture-alliance/dpa
Filha milionária
Isabel dos Santos, a filha mais velha do Presidente angolano, é uma das dez pessoas mais ricas de África. Do império da empresária constam a maior empresa de telecomunicações do país e uma cadeia de hipermercados. Além disso, dos Santos lidera a petrolífera angolana Sonangol. O irmão José Filomeno dirige o Fundo Soberano de Angola, que gere mais de cinco mil milhões de dólares.
Foto: picture-alliance/dpa
O meu pai decide…
Teodoro Nguema Obiang Mangue é vice-Presidente da Guiné Equatorial – e o filho do chefe de Estado. O pai, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, dirige o país desde 1979. O seu enteado, Gabriel Mbaga Obiang, é ministro das Minas e Hidrocarbonetos. A petrolífera estatal GEPetrol é controlada pelo cunhado do Presidente, Nsue Okomo.
Foto: Picture-alliance/AP Photo/F. Franklin II
O meu filho, o guarda-costas
Muhoozi Kainerugaba é o filho mais velho do Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, que está desde 1986 no poder. Ele é um oficial superior no Exército ugandês e comanda a unidade especial responsável pela proteção do chefe de Estado. A mulher de Museveni, Janet, é ministra da Educação e do Desporto. O cunhado, Sam Kutesa, é ministro dos Negócios Estrangeiros.
Foto: DW/E. Lubega
Uma irmã gémea influente
Jaynet Désirée Kabila Kyungu é filha do ex-Presidente congolês, Laurent Kabila. Agora, é o seu irmão gémeo, Joseph Kabila, que governa o país. Jaynet está no Parlamento; além disso, tem uma empresa de comunicação. Os "Panama Papers" revelaram que ela foi co-presidente de uma empresa offshore que terá tido participações no maior operador móvel no Congo.
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De secretária a primeira-dama
Grace Mugabe é a segunda mulher do Presidente zimbabueano, Robert Mugabe. Começaram a namorar enquanto ela ainda era a sua secretária. Entretanto, Grace é presidente da "Liga das Mulheres" do partido no poder e tem bastante influência. Grace, de 51 anos, é vista como a sucessora do marido, de 92 anos, embora ela tenha afastado essa hipótese.
Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Mukwazhi
A ex-mulher ambiciosa
Nkosazana Dlamini-Zuma foi a primeira mulher eleita como presidente da Comissão da União Africana. Antes, foi ministra dos Negócios Estrangeiros no Governo do Presidente sul-africano Thabo Mbeki. Foi também ministra do Interior no Executivo do ex-marido, Jacob Zuma. O casamento desfez-se antes de Dlamini-Zuma ocupar esses cargos ministeriais.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Prinsloo
A empresa familiar, o Estado
Nas mãos da família do Presidente da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, estão numerosas empresas estratégicas e altos cargos na política. O irmão Maurice é dono de várias empresas, a filha Claudia (na foto) dirige o gabinete de comunicação do pai e pensa-se que o filho Denis Christel esteja já a ser preparado para assumir a Presidência.
Foto: Getty Images/AFP/G. Gervais
Autorizado: Presidente Bongo II
O autocrata Omar Bongo Ondimba governou o Gabão durante 41 anos até falecer, em 2009. Numas eleições polémicas, em que bastou uma maioria simples na primeira volta, o filho do ex-Presidente, Ali Bongo, derrotou 17 opositores. Ele foi reeleito em 2016. A família Bongo já governa o país há meio século.
Foto: Getty Images/AFP/M. Longari
Tal pai, tal filho
Dos cerca de 50 filhos do ex-Presidente do Togo Gnassingbé Eyadéma, Faure Gnassingbé foi o único a enveredar pela política. Entretanto, governa o país. Os pais dos atuais chefes de Estado do Quénia e do Botswana também já tinham estado na Presidência.