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População de Luanda sem acesso a água potável

19 de dezembro de 2019

Governador de Luanda aproveitou a visita do Presidente de Angola para alertar sobre a insuficiência da rede de água da província. Chefe de Estado admite "diálogo contínuo" com o Governo regional.

Wassertank in Luanda, Angola
Foto: DW/N. Sul d'Angola

Luanda tem mais de oito milhões de habitantes e é a província angolana com maior densidade populacional. No entanto, a população continua a depender de cisternas para ter acesso a água potável. O dilema foi apresentado ao Presidente da República, João Lourenço, na quarta-feira (18.12) no âmbito de um périplo do Governo por instituições públicas e privadas daquela província angolana.

Segundo o governador da capital, Luther Rescova, apesar de algumas melhorias, o atual nível de fornecimento de água potável, 500 mil metros cúbicos/dia, continua aquém das necessidades da população, que é mais de metade da atual capacidade. "A província precisa de pelo menos mais de um milhão de metros cúbicos para atender à demanda das populações, uma vez que grande parte consome água de cisternas", afirmou o responsável na abertura de uma reunião com o Presidente angolano, João Lourenço.

Presidente João Lourenço termina esta quinta-feira (19.12) visita de dois dias à província de LuandaFoto: DW/Cristiane Vieira Teixeira

O chefe de Estado reuniu-se com os membros do Governo da província de Luanda no âmbito de uma visita de trabalho de dois dias à capital do país, estando ainda previsto para esta quinta-feira (19.12) uma reunião do Conselho de Auscultação e Concertação Social.

O Governo angolano admitiu a necessidade de "duplicar significativamente" o fornecimento de água potável em Luanda, afirmando que estão em falta dois novos sistemas de abastecimento. "É preciso duplicar essa capacidade, que se traduz em mais 500 mil metros cúbicos. Para isso faz falta que sejam iniciadas as obras de construção dos dois novos sistemas de abastecimento do Bita e o Quilonga", afirmou o ministro da Energia e Águas angolano, João Baptista Borges, aos jornalistas.

Vários problemas assolam a província

O Presidente angolano considerou que a situação da segurança pública em Luanda "melhorou" e que há "diálogo contínuo" com os membros do Conselho de Auscultação e Concertação Social da capital angolana para a resolução dos problemas da província.

Rede de água potável não satisfaz necessidades de metade da população da província de LuandaFoto: DW/N. Sul d'Angola

A condição das infraestruturas, a mobilidade e reabilitação das vias de acesso, o fraco acesso à saúde e educação, bem como os níveis de criminalidade foram algumas das inquietações apresentadas no encontro do Presidente com líderes religiosos e tradicionais, jovens, classe empresarial e sindicatos.

O governador de Luanda, Luther Rescova, também lamentou os "conflitos de competências" na gestão das estradas nacionais. O responsável referiu que a capital angolana conta com seis entidades que emitem títulos de direito de superfície, surgindo daí "vários conflitos". "Isto significa certamente criar confusão e esses gabinetes, muitos deles, emitem títulos de direito de superfície, concedem terras, fazem loteamentos, desalojam população, mas sempre que há um problema o nome do governo provincial é envolvido", afirmou.

O governador de Luanda apontou também a necessidade de acabar com os conflitos de competência na gestão das estradas nacionais, referindo que a situação está a "condicionar a recuperação e reabilitação" de estradas por parte das administrações municipais.

A necessidade da recuperação e reabilitação de vias estruturantes da capital angolana foram igualmente sublinhadas pelo governante, que se manifestou também preocupado com a progressão de ravinas em alguns municípios e distritos. Segundo Luther Rescova, o "maior problema infraestrutural" de Luanda é a drenagem das águas residuais e pluviais, uma vez que, explicou, a província cresceu e "não foi acompanhada pelas infraestruturas", defendendo "ações com caráter de continuidade". 

População de Luanda sem acesso a água potável

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"A rede viária é um dos maiores problemas de Luanda, mas estamos satisfeitos porque ao nível do PIIM (Plano Integrado de Intervenção nos Municípios) conseguimos inscrever um número de estradas considerável", assinalou.

O ministro da Construção e Obras Públicas, Manuel Tavares de Almeida, admitiu que os contratos para a manutenção de alguns troços - como a estrada que liga Viana ao Calemba 2 -exigem muitos recursos financeiros. Como solução, o Governo decidiu enquadrar os referidos projetos no PIIM.

"O que encontrámos de solução neste momento é enquadrá-lo no PIIM e com os recursos do PIIM vamos adotar uma solução que vai assegurar provisoriamente o tráfego normal entre Viana e Camama. Posteriormente quando tivermos os recursos assegurados para o projeto definitivo, então o retomaremos", garantiu o ministro Manuel Tavares de Almeida.

Já a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, garantiu que os municípios de Cacuaco e Viana, os mais populosos da capital do país, vão ganhar novos hospitais de referência.

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