São Tomé e Príncipe: capital sem urgências pelo quarto dia
16 de dezembro de 2021Esta quinta-feira (16.12) os profissionais de saúde do Hospital Ayres de Menezes cumprem o quarto dia de paralisação dos serviços de urgências. Os são-tomenses que procuram assistência são apanhados de surpresa, ao não serem atendidos e mandados embora.
"Eu levei a minha filha, depois de pedir água não lhe deram nem uma gota. É uma situação incrível, podiam, pelo menos, dar-lhe um comprimido", queixa-se um cidadão.
Pacientes mandados embora
A paralisação começou na segunda-feira (13.12) e apenas casos considerados graves estão a ser atendidos. Ainda assim, o atendimento médico é criticado por quem o procura. "Uma criança vem para o hospital com vómitos, doente desde manhã. Sai de Uba Cabra e dizem que tem de ir ao posto. Se a criança morrer na estrada quem vai assumir?", questiona outra cidadã.
A situação deixa furioso quem percorre longas distâncias. Um paciente fez o percurso de cerca de 20 quilómetros de Água Izé até ao hospital e conta: "Nenhum maqueiro nos atendeu, disseram que estão em greve. Nós não somos culpados, viemos de Agua Izé para cá".
"Sem condições" para trabalhar
Os profissionais de saúde reclamam da falta de condições de trabalho no Banco de Urgências do hospital, que foi reabilitado em 2010 com apoio de Taiwan. Benvinda Cruz, presidente do sindicato dos médicos também levanta as dificuldades dos profissionais: "Nós ficamos cansados, como quem diz que já estamos saturados. Tem que melhorar depois para a gente retomar. Enquanto não vierem pôr climatização e reparar as portas… São coisas básicas".
Na opinião da presidente do sindicato, o Banco de Urgências constitui um atentado à saúde pública e integridade física dos médicos, enfermeiros e auxiliares. "Os doentes vomitam e nós estamos lá dentro com todo esse cheiro. O Banco de Urgência é um foco de infeções, entra toda a gente. Por debaixo do chão do hospital vês ratos, que saem por vários sítios", revela.
Reagindo à situação, Edgar Neves, ministro da Saúde, diz que "quando se paralisa em parte ou não o setor essencial que são as urgências, isso pode ser equiparado a negação de prestação de serviço", o que constitui um crime.
Já o primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, justifica eu os problemas no setor da saúde são uma consequência da falta de verbas para as necessidades urgentes do país, "precisamos de dinheiro para resolver muitos problemas e implementar muitos projetos".