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EducaçãoAngola

Greve em Angola: Sindicalista denuncia ameaça de morte

28 de março de 2023

O secretário-geral do Sindicato de Professores do Ensino Superior de Angola (SINPES) foi ameaçado de morte por causa da paralisação que já dura há um mês. Mesmo assim, garante: "A greve é por tempo indeterminado".

Estudantes organizaram protestos contra a paralisação dos professores (2022)Foto: B. Ndomba/DW

Em declarações à DW, Eduardo Peres Alberto denunciou que foi alvo de uma ameaça de morte esta terça-feira (28.03) devido à paralisação nas universidades públicas de Angola.

"O secretário-geral do SINPES acabou de receber uma mensagem às 11h de uma pessoa anónima, mas o telefone está aí, ameaçando-o de morte devido à greve", relatou o sindicalista, que disse ter apresentado queixa numa esquadra da polícia em Luanda.

Mesmo assim, o secretário-geral do SINPES garante que a greve no ensino superior vai continuar por tempo indeterminado, "até às últimas consequências".

O sindicalista critica o silêncio do Governo angolano, que a seu ver conduzirá à anulação do ano letivo, que termina em julho, se até lá nada mudar. Por isso, pede agora às igrejas para intercederem junto do Executivo para o regresso ao diálogo.

DW África: A greve nas universidades públicas já dura há um mês e agora o SINPES pede às igrejas para intercederem junto do Governo angolano. Acha que esta será uma possível solução para o regresso ao diálogo?

Eduardo Peres Alberto (EPA): Nós pedimos à Igreja para intervir, nomeadamente a Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) e o Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), porque são a nossa reserva moral. Considerando o silêncio absoluto do Governo e do titular do Executivo, não é normal que a universidade pública esteja em greve e que haja esse silêncio. Então, a Igreja deve desempenhar a sua função de reserva moral para que, de facto, chame a atenção ao titular do Executivo.

Eduardo Peres Alberto: "Estamos a defender a melhoria da qualidade do ensino"Foto: José Adalberto/DW

DW África: A greve já dura um mês. É uma greve nacional e por tempo indeterminado. Os alunos também estão a ser muito prejudicados e pedem uma solução para salvar o ano letivo. Qual é o próximo passo do sindicato?

EPA: Os estudantes já vivem prejudicados pela falta de condições de trabalho e de qualidade do ensino. E nós estamos a defender a melhoria da qualidade do ensino. O Estado angolano deve investir mais. Não só os estudantes, mas a própria sociedade angolana vive prejudicada.

E também queremos trazer uma denúncia: O secretário-geral do SINPES recebeu uma mensagem às 11h de uma pessoa anónima, mas o telefone está aí, ameaçando-o de morte devido à greve. E acabámos de apresentar a denúncia junto à Terceira Esquadra da Polícia na Vila Alice, para que tais ações cessem.

DW África: O senhor Eduardo Peres Alberto não vai recuar na decisão?

EPA: Não. A greve é nacional e por tempo indeterminado. O único culpado pela anulação do ano académico é o Governo.

DW África: No início do mês, o sindicato também já tinha denunciado que havia professores que estavam a ser vítimas de sanções. Agora, o secretário-geral foi ameaçado de morte. Portanto, é um braço de ferro que vai continuar até o Governo responder às exigências do sindicato…

EPA: Foi assinado um memorando de entendimento no dia 17 de novembro de 2021... E estamos em 2023. O Governo comprometeu-se a resolver todos esses problemas. Portanto, o titular do poder executivo, na qualidade de gestor mor da Nação, não se pode manter calado, porque senão estaria a incorrer no incumprimento dos fins do Estado, entre os quais está a defesa, a segurança, justiça e o bem-estar social.

Greve no ensino superior em Angola: Sindicalista denuncia ameaça de morte

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DW África: É má vontade política em resolver o problema dos professores?

EPA: A má vontade política do Governo de Angola está na base deste diferendo. Há dinheiro para carros topo de gama, mas não para a melhoria do Ensino Superior em Angola. É normal isto? O único culpado da anulação do ano académico é o Governo de Angola, porque há um memorando de entendimento assinado. É o Governo que nos deve convidar para podermos negociar.

O segundo semestre ainda não teve aulas, mas nós não prejudicámos o primeiro semestre do ano académico 2022/2023. Não prejudicámos o ano académico 2021/2022. Quem está mais aberto neste momento para as negociações é o sindicato.

Hoje estava a dar uma entrevista, às 09h30, na TV Zimbo, e apareceu uma enviada da ministra. Em vez de trazer um convite para negociações, trouxe-me o convite para responder ao nosso protesto contra a circular de coação emitida pelo Gabinete dos Recursos Humanos do Ministério do Ensino Superior. Quer dizer que o ministério está mais interessado em querelas, em brigas e discussões fúteis do que em negociar.

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