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Nova greve: "Governo não está interessado em negociar"

6 de março de 2023

Há uma nova greve nas áreas da saúde e educação, na Guiné-Bissau. A Frente Social, a plataforma que junta os sindicatos de ambos os setores, acusa o Governo de "falta de vontade" para negociar com os funcionários.

Trabalhadores queixam-se de falta de vontade do Governo para negociar
Foto: Iancuba Danso/DW

Os sindicatos pedem, entre outros pontos, melhores condições de trabalho, o pagamento de dívidas, uma solução para os pedidos dos funcionários sobre o estatuto de carreira e a admissão de novos trabalhadores, suspensa pelo Governo.

Em entrevista à DW África, o porta-voz da Frente Social, Ioio João Correia, diz que desde meados de novembro que os funcionários não se sentam à mesa com o Executivo para falar sobre todas estas reivindicações. Ainda assim, o sindicalista continua a ter esperança num diálogo.

DW África: Porquê esta nova greve na saúde e na educação?

Ioio João Correia (IJC): No novo ano, nomeadamente no dia 9 de janeiro, entregámos o caderno reivindicativo e, no dia 9 de fevereiro, entregámos um pré-aviso de greve. Isso tudo para evitar a efetivação da greve. Infelizmente, até à data presente, não há qualquer comunicação em como o Governo está interessado em sentar-se à mesa e negociar sobre os problemas que estão a afetar as áreas da educação e da saúde.

DW África: Quais os pontos que neste momento preocupam mais a Frente Social?

IJC: A Frente Social tem vários pontos que quer ver discutidos. E neste momento, em que estamos a apresentar o nosso caderno reivindicativo, formulou os pontos que acha que são prioritários. Tudo isto não impede que, durante as negociações, as equipas negociais do Governo e da Frente Social possam ceder aqui e acolá, para que se possa chegar a um consenso sobre os pontos mais prementes que devem ser resolvidos…

Ioio João Correia é porta-voz da Frente Social, a plataforma que junta os sindicatos dos setores da educação e da saúdeFoto: Incuba Dansó/DW

DW África: Quais são, então, os vossos pontos prioritários?

IJC: Por exemplo a questão da efetivação e do pagamento das dívidas. Também queremos fazer regressar os serviços essenciais de saúde, há ainda a questão dos diretores, que devem ser escolhidos através de concurso público, mas o habitual aqui, agora, é a nomeação política. Temos ainda a questão da uniformização dos currículos escolares no ensino básico e secundário, a questão também de políticas de protocolos de pronunciamentos médicos e a questão da requalificação, para a passagem de uma categoria para a outra. Além disso, temos a questão de como melhorar as condições de trabalho, em termos de infraestruturas e de materiais, porque nesse aspeto também está a falhar o normal funcionamento do trabalho dos funcionários.

DW África: Portanto, têm ainda muitos pontos por resolver…

IJC: São problemas que, ao longo do tempo, se foram acumulando e, nos últimos anos, não houve vontade política para se poder resolvê-los.

Frente Social acusa Governo: "Não querem negociar"

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DW África: Há alguma expetativa de que possa haver um encontro com o Governo para negociações?

IJC: Até agora, a Frente Social não recebeu qualquer comunicação nesse sentido, mas temos esperança de que poderá haver uma comunicação para se poder negociar de forma séria e pôr fim à greve. O objetivo da Frente Social não é fazer greve, mas resolver os problemas dos funcionários, para que possamos oferecer um serviço de qualidade nas áreas da educação e da saúde, porque sabemos que as consequências das greves nas áreas da educação e da saúde são, por vezes, muito graves.

DW África: Se a via do diálogo não resultar, a Frente Social não exclui novas paralisações?

IJC: Há órgãos próprios para decidir sobre os próximos passos da Frente Social. Se não houver negociação e entendimentos com o Governo, esses órgãos vão reunir no momento oportuno e tomar as suas decisões. 

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